ATENÇÃO TURMAS 2003 E 2004 - RESUMO 2 Epistemologia - A - TopicsExpress



          

ATENÇÃO TURMAS 2003 E 2004 - RESUMO 2 Epistemologia - A Investigação Filosófica da Ciência A filosofia da ciência é a disciplina filosófica que estuda criticamente os fundamentos da ciência em geral ou de uma das suas disciplinas em particular. É difícil afirmar, de maneira geral, quando surge com exatidão a filosofia da ciência, já que é uma disciplina que, embora de modo implícito, parece ter percorrido todo o caminho da própria filosofia desde o período grego, altura em que os filósofos foram frequentemente cientistas, quer dizer, estudiosos da natureza. Mas, restritamente, a filosofia da ciência parece ser bem recente, podendo ser situável a partir do kantismo. Como é evidente, esta catalogação só pode ser entendida de modo provisório, pois que facilmente poderemos encontrar reflexões sobre a ciência, esparsas aqui e ali, ao longo da nossa história ocidental. Se a ciência é aquela disciplina que procura, em primeiro lugar, explicar a natureza e o seu proceder e, em segundo lugar, manipular os conhecimentos derivados dessa explicação para obter determinados resultados; se a ciência é esta disciplina teórica e prática, subdivisível num crescente número de outras disciplinas particulares, a filosofia da ciência é aquela disciplina que se debruça sobre o problema do conhecimento adquirido por ela, sobretudo hoje que a verdade científica é tão provisória - a este aspeto se chama epistemologia ou filosofia da ciência. O tema geral da filosofia da ciência é o desenvolvimento da reflexão critica sobre os fundamentos do saber cientifico. Critérios da Verificabilidade Um grupo de cientista que marcou a filosofia da ciência foi o chamado Círculo de Viena, formado na década de 1920 por cientistas de diversas áreas, tais como o físico alemão Moritz Schlick (1882-1936), os matemáticos alemães Hans Hahn (1879-1934) e Rudolf Carnap (1891-1970) e o sociólogo e economista austríaco Otto Neurath (1882-1945), entre outros. O Círculo de Viena desenvolveu o neopositivismo, também denominada positivismo lógico ou ainda empirismo lógico, que pretendeu formar uma concepção científica do mundo isenta de qualquer especulação. Em suas reflexões acerca do procedimento cientifico, enfatizou as exigências de clareza e precisão e propôs o critério da verificabilidade para validar uma teoria cientifica. Em outras palavras. A teoria para ser aceita como verdadeira, deveria passar pelo crivo da verificação empírica (baseado apenas na experiência e não no estudo). “O conhecimento começa com a constatação dos fatos.”(Schuck, O fundamento do conhecimento, p.46). Critérios da Refutabilidade O austríaco naturalizado britânico Karl Popper (1902-1994), físico, matemático e filósofo da ciência, criticou o critério da verificabilidade e propôs como única possibilidade para o saber científico o critério da refutabilidade ou falseabilidade. De acordo com esse critério, uma teoria mantém-se como verdadeira até que seja refutada, isto é, até que seja demonstrada sua falsidade, suas brechas, seus limites. Para Popper, nenhuma teoria cientifica pode ser verificada empiricamente pelo método indutivo (analítico). Com essa afirmação, Popper indicou a condição transitória da validade de uma teoria, ou seja, desertada, mostrando-se sua falsidade. Somente a falsidade de uma teoria pode ser aprovada, mas nunca sua veracidade absoluta. Isso significa que a ciência possui apenas conjeturas (hipóteses) sobre a realidade, e não certeza definitiva. Mas o conhecimento científico pode progredir em sua busca de explicar o real, sendo necessário, para isso, que as sociedades estejam abertas à liberdade de critica e de pesquisa. Rupturas Epistemológicas Outro filosofo importante, no campo da ciência foi o francês Gaston Bachelard (1884-1962), que destacou a importância do estudo da história da ciência como instrumento de análise da própria racionalidade. Nessa pesquisa, a atividade científica é entendida como parte de um processo histórico amplo e que possui um caráter social. De acordo com a análise de Bachelard, a ciência progride por rupturas epistemológicas quando supera obstáculos epistemológicos. Isso quer dizer que caminha por saltos que se caracterizam pela recusa dos pressupostos e métodos atuavam como obstáculos, como entraves ao avanço do conhecimento. Esses obstáculos podem se dever a hábitos socioculturais cristalizados, a dogmatizações de teorias que freiam o desenvolvimento da ciência, entre outros fatores. Exemplos de ruptura epistemológica são ao da física quântica e da teoria da relatividade, que formularam uma nova maneira de conceber o espaço e o tempo, como resposta aos obstáculos representados pela física newtoniana. Bachelard destacou também o papel da imaginação e da criatividade como elementos imprescindíveis à prática científica. Paradigmas e Revoluções Científicas Thomas Kuhn foi um daqueles pesquisadores da Filosofia da Ciência que defenderam o contexto de descoberta, o qual privilegia os aspectos psicológicos, sociológicos e históricos como relevantes para a fundamentação e a evolução da ciência. Para Kuhn, a ciência é um tipo de atividade altamente determinada que consiste em resolver problemas (como um quebra-cabeça) dentro de uma unidade metodológica chamada paradigma. Este, apesar de sua suficiente abertura, delimita os problemas a serem resolvidos em determinado campo científico. É ele que estabelece o padrão de racionalidade aceito em uma comunidade científica sendo, portanto, o princípio fundante de uma ciência para a qual são treinados os cientistas. O paradigma caracteriza a Ciência Normal. Esta se estabelece após um tipo de atividade desorganizada que tenta fundamentar ou explicar os fenômenos ainda em um estágio que Kuhn chama de mítico ou irracional: é a pré-ciência. A Ciência Normal também ocorre quando da ruptura e substituição de paradigmas (o que não significa voltar ao estágio da pré-ciência). É que dentro de um modelo ocorrem anomalias ou contraexemplos que podem colocar em dúvida a validade de tal paradigma. Se este realmente se torna insuficiente para submeter as anomalias à teoria – já que vista de outro ângulo elas podem se tornar um problema – ocorre o que Kuhn denomina de Ciência Extraordinária ou Revolucionária, que nada mais é do que a adoção de um outro paradigma, isto é, de visão de mundo. Isto ocorre porque dentro de um paradigma há expectativas prévias que os cientistas devem corroborar. Por isso, os cientistas não buscam descobrir (como entendiam os pensadores do contexto de justificação) nada, mas simplesmente adequar teorias a fatos. Quando ocorre algo diferente deste processo, isso se deve a fatores subjetivos, como a incapacidade técnica do profissional, ou à inviabilidade técnica dos instrumentos, ou ainda à necessidade de real substituição do paradigma vigente. Para isso, os cientistas usam hipóteses ad hoc para tentar manter o paradigma (contrário ao que pensava Popper). Aqui, Kuhn evidencia o caráter de descontinuidade do conhecimento científico que progride, então, por rupturas e não pelo acúmulo do saber, como pensava a ciência tradicional.
Posted on: Mon, 19 Aug 2013 03:11:58 +0000

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