Admito que ando despreocupadamente interessado no assunto. Não - TopicsExpress



          

Admito que ando despreocupadamente interessado no assunto. Não com um pressuposto moral ou com uma preocupação antropológica de pequena dimensão, afinal, nunca vi mal algum nos estereótipos. Fazem parte daquilo que somos e estou certo de que Darwin os teria encaixado perfeitamente na selecção natural como uma necessidade/consequência estritamente evolutiva. Contudo, o agora badalado estereótipo português, do qual são escritos e partilhados artigos e posts mais ou menos interessantes, cuja emergência resulta precisamente de estarmos num estádio evolutivo que corre riscos de ser involutivo se não estivermos a pau, é algo que tem despertado o meu interesse. Ligeiro, entenda-se. Ao iniciar o meu período de férias breves (e são férias só até o sol se pôr), peguei naquele que me pareceu um bom início de leitura - Thinking Of Answers - de A.C. Grayling. O pouco que li do senhor achei porreiro e comprei-lhe quatro livros à confiança. Não estou desapontado. Algumas páginas adentro e pumbas! Lá estamos nós, mais uma vez, a vestir o fato do estereótipo, do qual já temos vários exemplares no armário para não perdermos tempo a pensar o que devemos vestir de manhã. Sempre que leio coisas destas, há algo em mim que morre. É como se eu próprio estivesse a ser usado como uma bitola que mede o fundo da escala. Não há mal nos estereótipos. Mantêm-nos no nosso plano de sobrevivência e arrumam as ideias por ordem alfabética. Servem até para percebermos que cumprimos os mínimos olímpicos e que corremos riscos de permanecer neandertais enquanto os outros recebem o diploma de homo sapiens do capitalismo ocidental. Afinal, as duas espécies conviveram durante uns bons anos. Até tiveram filhos. Mas eram esquisitos. Então, no livro supracitado, o autor refere-se aos países ricos como "(...) all those who have at least the standard of living of the Portuguese (...)". Animem-se! Ainda somos um país rico. No fundo da escala mas rico! Ainda bebemos cafés ao preço da chuva e não temos de vender um rim humano para comprar um rim bolo. E somos conhecidos no mundo inteiro pelo sol, pelo Ronaldo, pela comida e pelas casas baratas. Cumprimos os requisitos mínimos para pertencermos à família dos grandes. Entrámos na universidade com 9.5! Devíamos estar contentes, pá! Já dizia a sabedoria governante que não temos razões para ser piegas e, a bancária, que se os sem-abrigo conseguem, a classe-média não tem desculpa. Queria partilhar convosco esta mensagem de esperança. Não estamos mal. Até somos referidos em livros de filosofia para que os leitores percebam se são ricos ou pobres. Vou voltar às minhas férias de standard portuguese.
Posted on: Wed, 28 Aug 2013 09:56:49 +0000

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