Ah se você sentisse o que eu estou sentindo... Quantas vezes você já disse ou pensou assim em relação a algum semelhante ou mesmo em relação a Deus? Lembro-me que uma vez, eu devia ter uns 5 anos e minha mãe menos de 23 (éramos todos jovens); e havíamos saído desesperados pra rua, sem destino. Ela chorava muito, havia tido uma briga violenta com meu pai (nem consigo descrever os detalhes, ainda que os lembre como hoje). Ela repetia entre lágrimas, em voz alta: “Ninguém me entende, estou só, ninguém pode me ajudar...” Lembro que era semana de Páscoa, e que eu havia, dias atrás, seguido aquelas tradicionais procissões católicas, vestido de anjo, por conta de uma promessa feita por minha mãe para que eu fosse curado de bronquite. Quando a gente é criança certos eventos e imagens, especialmente cores, aromas e músicas ficam marcados de forma indelével em nossas almas e mentes (por isso sempre sugiro aos amigos que façam um flashback de suas lembranças mais primevas e, agora, com a experiência do tempo, as volte a analisar, interpretar, ponderar e, possivelmente, compreender melhor; é uma experiência refrescante e curadora pra alma, muitos chegam às raias das mais fortes emoções nessas viagens). E, recordo-me da imagem de Jesus ensanguentado, na sacristia da igreja, seu rosto e corpo martirizados me impressionaram tremendamente (imagem que sempre carreguei comigo até à conversão, quando a visão da sua ressurreição, do seu rosto limpo, restaurado, jovial e vitorioso tomou o lugar do rosto arrasado de Jesus, sem, contudo, excetuar a primeira). Num domingo de primavera tão lindo como esse não pensei em escrever, mas enquanto orava pelas muitas dores de todos nós, ao som dos bem-te-vis, sabiás e uma legião de pássaros que seguem o horário do sol, da vida, e das estações sem relógio, nem celular, apenas no ritmo da sensibilidade fina à vontade de Deus, senti que o recado que o Senhor me entregou também é pra você. E, enquanto viver gostaria de preservar esse privilégio de repassar o que sinto que o Espírito de Deus me fala com voz poderosa e suave de Pai. Portanto, o shiur de hoje é apenas para nos lembrar de um dos principais atributos de Deus – o que demonstra claramente que Deus é uma Pessoa e não uma Energia – a Sua mais profunda EMPATIA para com cada um de nós. Só Deus sabe exatamente o que você e eu estamos passando, e sente no seu Espírito tudo o que sentimos em nossos corações. Ele se alegra com a sua alegria, e se entristece, sim, com a sua tristeza. Não é sem motivo que “Jesus chorou” (Jo 11.35 KJA). Convido você à complementar esse devocional (shiur, em hebraico), lendo pausada e atentamente a conhecida história de Jesus realizando a ressurreição de Lázaro. Ora, Jesus havia recebido a notícia da morte desse seu amigo pessoal, mas não se desesperara, permaneceu mais dois dias em Jerusalém e depois partiu com seus discípulos para onde moravam Lázaro e suas duas irmãs Marta e Maria, em Betânia, e Lázaro jazia há cerca de 4 dias. Esse texto é riquíssimo, vale a pena meditar em cada palavra; por exemplo: assim que Marta (irmã de Lázaro e de Maria, a mesma que havia ungido com óleo perfumado e caro aos pés de Jesus, enxugando-os com seus cabelos, num gesto de adoração, tempos atrás), fica sabendo que Jesus está chegando, corre em sua direção e diz: “SENHOR, se estivesses aqui, meu irmão não teria morrido...” (Jo 11.21 KJA). É interessante, Marta chamou Jesus de SENHOR, Yahweh, Deus em hebraico, mas, emocionalmente, não acreditou que Deus estivesse com eles naquele incidente. Muitas vezes, por muitos motivos, agimos do mesmo jeito – somos traídos por nossas emoções – e lamentamos, quando percebemos que aquilo que gostaríamos, o que desejamos, sonhamos, não acontece. Algumas vezes chegamos a murmurar: “Oh Senhor, se o Senhor olhasse pra mim, se tivesse me socorrido. Por que não veio em meu auxílio quando precisei tanto?” Mas, por que Jesus chorou, se ele não se perturbou com a notícia da morte do amigo querido, tampouco se apressou em socorrê-lo? Por muitos motivos, mas principalmente por EMPATIA. Jesus sentiu a dor dos seus amados, viu o transtorno do povo, o terrível sofrimento que a morte (separação) causa à espécie humana e solidarizou-se com o sentimento de todos nas lágrimas de Marta e Maria. Nas palavras de um antigo ditado escocês: “To be kind is more important than to be right. Many times, what people need is not a brilliant mind that speaks but a special heart that listens / Acolher com bondade é mais importante do que estar certo, ganhar uma discussão. Muitas vezes, o que mais as pessoas precisam não é de uma mente brilhante falando, teorizando, mas, simplesmente, de um coração amável e sincero, capaz de ouvir.” Shavua tov / Boa semana!
Posted on: Sun, 20 Oct 2013 21:57:24 +0000
Trending Topics
Recently Viewed Topics
© 2015