Além, muito além daquela serra, que ainda azula no horizonte, nasceu Iracema. Iracema, a virgem dos lábios de mel, que tinha os cabelos mais negros que a asa da graúna, e mais longos que seu talhe de palmeira. O favo da jati não era doce como seu sorriso; nem a baunilha recendia no bosque como seu hálito perfumado. Mais rápida que a corça selvagem, a morena virgem corria o sertão e as matas do Ipu, onde campeava sua guerreira tribo, da grande nação tabajara. O pé grácil e nu, mal roçando, alisava apenas a verde pelúcia que vestia a terra com as primeiras águas Assim como a personagem da obra literária de José de Alencar, nossa cidade Iracema foi agraciada pela beleza natural, localizada na região entre as serras do Camara e do Apodi e banhada pela bacia do Médio Jaguaribe, sendo estas o rio Figueiredo e os riachos: Jatobá, das Flores e dos Milagres. Que terra adorada, fonte de vida e alegria, onde brota um povo trabalhador e autossuficiente que retira da terra e das águas o seu nobre sustento, é milho, feijão, batata doce, jerimum, peixe, carnes e tudo o que for preciso cultivar ou produzir. Entretanto, somos humanos, precisamos viver em comunidade, por sua vez teremos a nossa sociedade e neste ponto, a mãe natureza deixa de lado seus caprichos e fica na espreita, observando o resultado das sementes que foram plantadas. É aí onde o mundo em sua eterna dança começa a dar seus primeiros passos. Somos dependentes. Não uma dependência gerada por falta de trabalho, mas quando temos 40% do resultado do nosso esforço retirados como tributos ao Ente maior da nossa sociedade - Governo, temos uma dependência obrigatória e forçada. Mas tudo bem, se estes 40 % que me forem retirados se juntem aos 40 % dos mais de 15.000 habitantes da minha humilde cidade e por sua vez se junte aos bilhões de 40% dos habitantes de outras humildes cidades por aí e retorne para nossa sociedade em forma de Escolas, Hospitais, transporte, segurança, lazer entre outros, afinal, sozinho não conseguimos erguer estes monumentos que servirão ao bem público. O problema ocorre quando destes 40%, que me são retirados obrigatoriamente e forçadamente, 30% vai para as mãos de determinado grupo de pessoas (escolhidas por nós para representar nossos interesses diante do Ente maior) que não o usarão para o bem público e sim para o bem pessoal. Logo, monumentos pessoais são erguidos, bens exibidos e o destaque de determinado grupo social começa a ser perceptível à custa dos nossos 30% de esforço, enquanto a maior parte da população espera pelo retorno destes 40% que nunca virá, então, cria-se uma massa de pessoas enfraquecidas, enfadadas, cansadas e descontentes, de tanto esperar, esperar e esperar. Não queremos no final desta espera caixões, não queremos fotografias com a exibição destes monumentos pessoais ou posições sociais que lhes foram nobremente ofertadas. Gostaria de expressar diante deste texto a enorme tristeza que a cidade de Iracema sente em saber os reais interesses deste grupo social, não apenas pelos fatos que vem sendo expostos na Mídia Nacional, mas principalmente pelos que nos são obscuros, e mais decepcionante é saber que onde pensava existir humanidade encontramos um poço de arrogância e frieza, Frieza esta que chega a congelar as expectativas e a esperança. Não queremos dramatizar fatos, queremos apenas o que nos é de direito. Não precisamos de explicações hipócritas de um fato que foi criado visivelmente para abrir margem lícita para a ilicitude. Queremos o que nos foi prometido quando fomos fazer nossa escolha. Mas infelizmente o que teremos sempre será mais e mais justificativas irreais para os fatos obscuros que ocorrerão em favorecimento de poucos, pois caráter não é disciplina que se aprende nem no mais elevado grau de educação. Senhoras e Senhores, se os fins não justificam os meios, imagina se os meios vão justificar os fins!!! globotv.globo/rede-globo/bom-dia-brasil/v/gasto-de-meio-milhao-de-reais-com-caixoes-gera-polemica-em-cidade-do-ceara/2826425/
Posted on: Thu, 19 Sep 2013 21:50:15 +0000
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