Andei pelas ruas da cidade a fim de encontrar compainha ou a essa altura, talvez eu quisesse encontrar a mim mesmo, andei como nunca, gastei uma manhã ensolarada, perdi uma tarde escaldante até chegar a noite serena, a busca parecia em vão e senti a necessidade de repor as energias já que havia perdido até a vontade de achar o caminho de volta pra casa, olhei a minha volta e vi uma pequena cafeteria entre dois outros estabelecimentos que apesar chamativos acabavam direcionando a atenção a cafeteria que embora pequena era bem moderna, com um tom de simplicidade, alguns a chamariam ousada, eu prefiro chama-la de sofisticada, o nome por si só já incentivaria uma alma a sós a entrar para se sentir melhor por alguns instantes, Cafeteria Paixão, era o tal nome, daquele charmoso lugar. Lá, ao entrar, de duas uma, ou você é recebido como um cliente da casa ou você é recebido como o mais novo cliente da casa, quem conhecer jamais tomará outro café, em outra cafeteria. O menu é amplo, diversificado e como cada estabelecimento, tinha suas peculiaridades, e a maior delas nesse lugar, sem dúvidas era o nome de cada item, cada tipo de café e seu acompanhamento lá tinham o nome de uma mulher, que havia sido a paixão de algum cliente que lá entrara pela primeira vez; a cada novo sabor adicionado o nome de uma nova donsela seria posto no menu, o primeiro café é de graça para os novos clientes, porém, é servido frio, se o cliente não gostasse teria direito a mais cafés que fossem, com a condição de trocar o nome da mulher e o acompanhamento, a cada café, todos frios. Achei a proposta do lugar interessante e colaborei, tentei vários acompanhamentos aos nomes das mais belas personalidades femininas a quais tive a honra de conhecer, eu pessoalmente acredito que café seja apaixonante, mas para cada cafeólatra existe aquele sabor único que conquistará o seu gosto, nenhum café é ruim, apenas mal apreciado, e claro lembrarei aqui que cada decepção vem de um falsa expectativa; e assim se seguiu as minhas tentativas da mais amarga thais, passando pela mais sútil gabriela até a mais doce amanda, embora muito ludibriado a não querer tomar um próximo café, depois de cada desilusão, nenhuma realmente tomou o meu gosto por completo então vi que não adiantaria tentar enganar a si mesmo, teria de achar o sabor perfeito para mim, decidi então pedir um conselho ao garçom, este sempre tendo sua função diminuída é o único que pode auxilia-lo dentro do menu que dita seu trabalho, todo dia; ao simples gesto de levantar a mão, veio até mim um velhor senhor de óculos, meio baixinho que antes de qualquer coisa me concebeu um elogio sincero ao meu par de tênis vermelhos, explicitando o bom gosto da minha pessoa e dando uma breve aula de história sobre a cor vermelha: -Meu jovem., disse ele. -Talvez o senhor tenha escolhido esses pares pelo próprio gosto ao qual eu acrescentaria o adjetivo de bom, mas você sabe o que isso representa ?, indagou logo em seguida. -Não senhor., respondi -Percebo que sua essência está abalada, hoje você acreditar estar aqui por acaso, mas não ve as perguntas com os mesmos olhos puros do passado que te levariam a respostas cheias de certeza, e sim tenta se responder as dúvidas dos olhos de estranhos do presente que te trazem incertezas, que já não mais são amparadas pela sua pureza, já que você não da ouvidos a si mesmo. O vermelho, é a cor do amor, a cor da atenção; ao vestí-lo, você representa ou o próprio amor que se sente, ou o próprio amor que se falta, e não importa qual dos dois, mais você o buscará. -O vermelho, ou o amor ?, perguntei. -Os dois, ele respondeu. -Mas se eu não souber qual dos dois me falta, jamais saberei qual deverei procurar., indaguei. -Horas, se lhe resta dúvidas de qual das dúvidas trará a resposta, eu mesmo lhe perguntarei, Você veio até esse lugar em busca de um café ou de um amor ?, Ele voltou a perguntar. -Talvez um, talvez o outro, talvez os dois, o senhor me confundiu, só sei que o me fez entrar aqui foi o café, mas o que me trouxe aqui foi o amor., respondi. -Está mais próximo da resposta do que pensa, jovem; as dúvidas que repousaram sobre as suas próprias certezas que erguiam seus ombros, hoje, os fazem cair, porque não escuta mais a si, veja: um grande apreciador de cafés, se limita ao gosto, e assim não se permite desfrutar da essência, sempre vem e troca de opção a cada escolha; um grande amante de café se limita à essência, o aroma, porém não se deixa sentir apaixonado por um só tipo de café, acha que todos os tipos são bons, mas uns melhores que os outros, e assim o ideal acaba limitando a sua percepção a obter a melhor escolha dentre as opções, logo até se satisfaz, mas não se completa; sem cheirar, engolir ou ver, o apaixonado sabe qual escolher, simplesmente sabe., disse. -Como ?, perguntei. -Através dos sentimentos, ele guia sua percepção até o seu ideal, o que te completa, e não deixa o externo interferir naquilo que ele sente ser o melhor, porque o que for externo tanto não deve interferir, quanto não deve interferência., voltou a responder. -Pelo jeito, já sei o que vou pedir, vou arriscar algo diferente, quero um café bem amargo, com uma barra de chocolate ao leite derretida, dentro, de forma a ficar achocolatado, mas sem açúcar para não ficar doce demais, e por último, uma gota da pimenta mais forte que vocês tiverem., conclui. Até ali, já havia compreendido o que o garçom me dissera, e resolvi nomear essa paixão, opss... Café, de Aline. Após degustar o melhor café do qual eu havia provado até hoje, finalmente cheguei em casa, me deitei e lembrei de que não consiguiria dormir, de tanto café que havia ingerido tive que compartilhar a sensação que esse mais novo vício me traz.
Posted on: Mon, 02 Dec 2013 06:13:24 +0000
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