Apenas sobre a polêmica questão das bandeiras dos partidos, acho - TopicsExpress



          

Apenas sobre a polêmica questão das bandeiras dos partidos, acho que há algumas coisas que o pessoal ainda não entendeu: - O primeiro impulso que levou as pessoas à mobilização (inclusive com uma campanha de famosos no instagram, etc.) foi a brutal repressão policial ao ato de SP na quinta-feira passada. Todos ficamos horrorizados com as cenas absurdas de repórteres e jornalistas sendo atacados, manifestantes brutalmente massacrados enfim. As redes sociais estavam (continuam) lotadas de cenas deste tipo. Ou seja: o povo quer ir para as ruas, também pelo direito de ir às ruas. Esta é uma característica de todos os lugares. Ir às ruas já é enfrentar a PM e afirmar que não aceitamos mais este tipo de repressão. Ou seja: desejo de democracia. - De outro lado, há pessoas que claramente, apesar de estarem nas ruas, manifestando um desejo e um direito democráticos, criticam os partidos, de maneira veemente, agressiva e muitas vezes autoritária, obrigando pela força a retirada de bandeiras, notadamente do PSTU. Não concordo com essas pessoas, acho esse ato tosco e moralista. Mas quero apenas anotar um porém: outra característica do ato é de crítica total ao modelo representativo partidário. A revolta é também contra as instituições políticas atuais. Desceram a bandeira do PSTU porque qualquer bandeira de partido ali seria derrubada. Não exatamente porque o pessoal do PSTU é de esquerda. Muitos dos que obrigaram a descer a bandeira lutavam pelo passe livre - o que não os torna melhores do que ninguém, nem os legitima para isto. Agora, falando sério, havia pessoas de partido nesta manifestação - apenas os companheiros do PSTU levantaram a bandeira. Têm o direito de fazer isso, é claro, mas não podem fingir que não sabem do que se trata o movimento. A luta do movimento também é, em parte, contra as atuais instituições partidárias - todas elas, de todas as cores. A descrença nos partidos faz parte da grande sopa que chamamos "descontentamento geral". - Eis a complexidade que quero apresentar: de um lado, desejo de democracia, ir às ruas, a despeito da brutalidade da PM. De outro, ataque a uma das conquistas que a derrubada da ditadura nos deixou: o direito de livre-associar-se em torno de ideias, defender um programa, construir um pensamento para o seu país. Por isso afirmo: acho exagerado demais afirmar que estamos a um passo do fascismo. Criticar os partidos também pode significar desejo de democracia direta - por quê, não? Aliás, essa crítica não é novidade para ninguém. O que sempre faltou foi um movimento forte e popular que possibilite a experiência de novas formas de fazer política. Talvez seja a hora da esquerda parar de choramingar e ver a riqueza de oportunidades que tem pela frente. Sair de um ato que fechou as duas pontes e ficar cabisbaixo é sacanagem, fala sério. Nessa besteira eu não caio não.
Posted on: Wed, 19 Jun 2013 04:56:51 +0000

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