As Copas O futebol sempre foi a grande “paixão nacional - TopicsExpress



          

As Copas O futebol sempre foi a grande “paixão nacional brasileira”, então, obviamente se esperava que os eventos futebolísticos proporcionassem a vitrine do “amadurecimento do Brasil” como ator no cenário mundial. Várias medidas foram tomadas para que se criasse essa tal “Nova imagem do Brasil”, por exemplo: • O ano Brasil-França, que tinha como objetivo divulgar a cultura, influência e “prosperidade” brasileira para o mundo, em especial à União Europeia, como o adolescente que quer mostrar aos pais que já está pronto para a vida; • A participação do Exército brasileiro como liderança na campanha da ONU no Haiti; • Ações paternalistas, como o perdão das dívidas de alguns países africanos; • Quitação da dívida brasileira com o FMI; • Os planos de inclusão social e combate à fome como o programa Bolsa-Família; • O aumento real do salário mínimo; • A criação do MERCOSUL, criando não apenas um mercado para os produtos nacionais industrializados tendo em mente os nossos sócios agrícolas, mas o suporte para as negociações com outros blocos econômicos. Não vou citar todas as medidas, pois a ideia é simplesmente ilustrar a situação. Também não estou dizendo que foram medidas ruins, muito pelo contrário, mas precisamos ter em mente que elas não representam o amadurecimento do Brasil, e sim, sua adolescência. Naturalmente, as copas e olimpíadas seriam a celebração dessa nova situação do Brasil. Essas celebrações seriam feitas através do esporte, em especial o futebol, nossa “paixão nacional”. Ao contrário do que se esperava, esses eventos desencadearam a maior crise institucional da nossa história, expondo as feridas da nação de uma forma nunca antes expostas. O que era para ser um sonho de celebração e oportunidade econômica se tornou o nosso pior pesadelo. Sem esses eventos, com seus investimentos enormes, talvez os demais problemas (saúde, educação, corrupção, etc...), não se tornassem tão emocionalmente fortes, no sentido de criar a maior revolta popular da história do Brasil. Antes esses problemas já existiam, não eram ignorados, mas todos entendiam que não era possível resolvê-los de uma vez só, pois qualquer solução de problema precisa ser um processo, senão se torna um remendo. Com os enormes investimentos para as copas, o povo entendeu, de forma errada, que esses problemas poderiam ter uma solução imediata e que só não tinham por falta de vontade dos nossos governantes corruptos. Sem entender muito bem como funcionam as coisas, o povo teve um “curso intensivo de cidadania”, com a duração de poucos dias, cujos principais “professores” foram os blogs independentes com suas informações incompletas, tendenciosas, conflitantes e muitas vezes falsas. Com isso o povo perdeu quase que totalmente a confiança nas instituições públicas e na imprensa. Como esse “curso” foi rápido demais, as pessoas não tiveram tempo de analisar muito bem o que “aprenderam”, e como o conhecimento parcial não direcionado é pior do que o desconhecimento, o povo tirou as suas próprias conclusões e agiu da única maneira que o sistema democrático permite. Protestando! Então, foi exposto o sistema democrático ocidental como sistema falho, frágil e injusto, controlado por oligarquias que se criaram para substituir a velha ordem feudalista que controlou o mundo por muito tempo. Reformar um sistema desse porte não é uma missão fácil! É mais “fácil” remendar! É natural para o ser humano o conceito da reforma, pois a ideia da reforma é substituir o que está ruim, mantendo o que está bom, enquanto o conceito do remendo é simplesmente tapar o furo! Precisamos reformar! Se não somos capazes de mudar nosso microcosmo de imediato e por completo, somos menos capazes ainda de mudar uma nação dessa forma. Quero dizer com isso, que é da natureza humana reformar as coisas e por etapas. Funcionamos assim, por etapas! É preciso que se analisem os problemas, sob os critérios da urgência e da otimização, para que se estabeleçam as etapas em sua ordem lógica e só então, iniciar as mudanças. Para isso é preciso planejamento de médio e longo prazo, feito por pessoas que compreendem profundamente os problemas e tendo a consciência de que sempre serão necessários ajustes. Na China, o planejamento é feito visando os próximos cinquenta anos, no Brasil visam-se as próximas eleições! O povo gritou, “Chega”! Depois pensou na resposta à pergunta: “Chega de que?” Apareceram mil respostas a essa pergunta e depois se sintetizou a resposta na forma de uma palavra: Corrupção! Uma nação é uma máquina complexa demais para se sintetizar todas as questões em uma só palavra! Os problemas são inúmeros e a corrupção é só um deles, uma reforma para ser bem feita, necessita de alicerces fortes e o maior problema da nossa nação são os alicerces! O Brasil foi construído sobre uma colônia, utilizando o conceito do remendo. Não houve planejamento! Primeiro foram as “Capitanias Hereditárias”, depois, com a vinda da corte portuguesa, se percebeu o potencial econômico e o risco da colônia cair em “mãos estrangeiras”. Então se criou o Brasil Império, sob os moldes do feudalismo, sistema então obsoleto em relação às Monarquias Constitucionais e Federações que vinham povoando o cenário mundial da época. Tentou-se criar uma Monarquia Constitucional no Brasil, mas a elite portuguesa, a nova nobreza brasileira e principalmente D. Pedro I fizeram de tudo para impedir, o que resultou na abdicação forçada de D. Pedro I em nome do filho, D. Pedro II. Tudo para tentar manter as coisas como estavam! Mais um remendo! Infelizmente, esse comportamento é como um “disco arranhado” na história do Brasil, remendando e remendando com o “jeitinho brasileiro”. Precisamos eliminar esse comportamento para nos revelarmos como a grande nação que somos, termos consciência de que não será do dia pra noite e com mais remendos! Muita coisa já foi feita e ainda há muito por fazer! Acredito que a grande lição que podemos tirar da nossa história é que nada do que for feito às pressas vai resolver qualquer coisa em médio e longo prazo! Remendar não é reformar! Com isso encerro dizendo que precisamos pensar muito bem em cada passo do caminho daqui pra frente, para que a nossa história não se repita novamente!
Posted on: Sat, 27 Jul 2013 09:57:16 +0000

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