"Até sentia afeição pelo elevador inconstante, já que lhe proporcionava alguns momentos de solidão. Mesmo seu carro já lhe dava um pouco de felicidade, porque ali ninguém lhe falava, ninguém a olhava. Sim, isso era o principal, ninguém a olhava. A solidão: doce ausência de olhares. Um dia, seus dois colegas ficaram doentes e durante duas semanas trabalhou sozinha no escritório. À noite, constatou com grande espanto que não sentia quase nenhum cansaço. Isso a fez compreender que os olhares eram fardos insuportáveis, beijos de vampiros, que fora o estilete dos olhares que gravara as rugas em seu rosto." A Imortalidade, Milan Kundera.
Posted on: Tue, 25 Jun 2013 03:32:37 +0000
Trending Topics
© 2015