Autor(es): Por Domingos Zaparolli | Para o Valor, de São - TopicsExpress



          

Autor(es): Por Domingos Zaparolli | Para o Valor, de São Paulo Valor Econômico - 02/09/2013 Há um descompasso entre a crescente demanda por combustíveis no Brasil e a capacidade de processamento de petróleo nas 15 refinarias instaladas no país. Em julho a Petrobras estabeleceu sua marca recorde, o terceiro no ano, processando uma média de 2,139 milhões de barris diários de petróleo. Em dezembro, a marca foi de 2 milhões de barris processados. No mesmo mês de julho, porém, o Brasil gastou US$ 1,8 bilhão com a compra de combustíveis no exterior. Nos sete primeiros meses do ano as importações de derivados de petróleo cresceram 18,7% e somaram US$ 15,8 bilhões. Segundo a Agência Nacional de Petróleo (ANP), entre 2003 e 2012, o consumo de derivados de petróleo no Brasil aumentou 44%, passando de 1,97 milhão de barris por dia para 2,93 milhões de barris. Ambiente de negócios inibe a entrada de investidores uma vez que o preço final dos derivados é controlado No período, a capacidade de refino aumentou apenas 4,4%. Esse incremento foi resultado de melhorias no processo produtivo e não de investimentos em novas unidades de refino, uma vez que a última refinaria inaugurada no país foi a Henrique Lage (Revap), em São José dos Campos, no interior de São Paulo, em 1980, antes mesmo da exploração do petróleo de águas profundas na bacia de Campos. A Petrobras desenvolve, desde a década passada, um programa de investimentos em novas refinarias para reduzir o hiato entre produção e consumo. O problema, como a própria companhia admite, é que o progresso no programa é mais lento e caro do que o previsto. No momento, a companhia petrolífera está investindo em duas refinarias. A Refinaria do Nordeste (Rnest), que está sendo construída em Ipojuca, na região metropolitana do Recife, e que terá capacidade para processar 230 mil barris diários. Em 2007, quando foi anunciada, a previsão era investir US$ 2,5 bilhões e a inauguração estava prevista para 2010. A previsão de despesas agora já atinge US$ 17 bilhões e a inauguração foi postergada para o final de 2014. A outra unidade em construção, com investimentos de US$ 12,7 bilhões, é a Fase I do Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj), que terá capacidade de processar 165 mil barris diários de petróleo. A previsão inicial era de entrada em operação em 2012, mas atualmente o cronograma da Petrobras é de início da produção em 2016. A Petrobras chegou a anunciar a construção de outras três refinarias, Comperj Fase 2, com capacidade diária para 300 mil barris, Maranhão, 600 mil barris, e Ceará, com 300 mil diários. Mas o Plano de Negócios 2013-2017 da companhia, que prevê US$ 13,8 bilhões em recursos para essas três refinarias, informa que esses investimentos ainda estão em fase de avaliação. A companhia, porém, indica que as três refinarias programadas serão necessárias para atender a demanda do país no ano de 2020, estimada em 3,4 milhões de barris diários. O consultor especialista em petróleo Marcos Panassol, da PWC, avalia que, apesar do atraso gerado, a Petrobras fez bem em paralisar os investimentos nas três novas refinarias. "A expansão do parque de refino faz sentido para o país e para a Petrobras, mas realizado dentro de padrões internacionais de custos e retorno, não é o que ocorreu com a Rnest. Mas foi um aprendizado para os demais projetos", afirma. Apesar de não haver nenhum impedimento legal a investimentos privados, no Brasil todas as refinarias são da estatal Petrobras. Segundo o consultor Adriano Pires, do Centro Brasileiro de Infraestrutura (CBIE), o ambiente de negócios no setor inibe a entrada de investidores privados, uma vez que o insumo, o petróleo bruto, é fornecido pela Petrobras, e o preço final dos derivados é controlado pelo governo. Nos últimos anos, esse controle tem feito com que a venda de combustíveis no Brasil se de a preços inferiores a média internacional. "O Brasil tem um mercado atrativo, que cresce na casa de 6% ao ano, mas nenhuma empresa se arrisca a investir enquanto os preços forem controlados", afirma o especialista. Para ele, a atração de investimentos privados seria benéfica para o país, que dependeria menos de importações, e para a própria Petrobras, que poderia canalizar seus recursos para os investimentos necessários na exploração do pré-sal. "A margem de lucro na atividade de refino é baixa, entre 5% e 6%, na exploração de petróleo é alta. Em um momento em que a Petrobras está se desfazendo de ativos para investir em exploração, não faz sentido investir em refinarias", afirma. Panassol também acredita que o controle de preços inibe iniciativas de empresas privadas no negócio de refino, mas avalia que o investimento da Petrobras no negócio faz sentido. "A Petrobras é uma companhia integrada, que explora petróleo, refina e distribui, podendo maximizar as oportunidades de lucro", afirma o consultor da PWC.
Posted on: Fri, 06 Sep 2013 11:07:43 +0000

Trending Topics



Recently Viewed Topics




© 2015