Açores Onde A vida segue sem pressa. Portugal - Açores Açores - TopicsExpress



          

Açores Onde A vida segue sem pressa. Portugal - Açores Açores vem da palavra “açor”, que designa uma ave. Os primeiros navegadores que chegaram ao arquipélago do Atlântico lhe deram este nome ao se deparar com bandos delas. Situado a 1,3 mil quilômetros do Portugal, Açores reúne nove ilhas divididas por grupos: Santa Maria e São Miguel, a leste; Terceira, Graciosa, São Jorge, Pico e Faial, ao centro e, a oeste, Flores e Corvo. Descobertas pelos portugueses entre 1427 e 1452, a povoação das ilhas açorianas tinha por objetivo sua utilização como base naval, além de cultivar nelas trigo para abastecer a metrópole. O clima ameno, aliado à paisagem vulcânica, montanhosa e de flora rica, fizeram dos Açores um destino tranquilo e charmoso. São Miguel, sua maior ilha, oferece uma visita ao passado, com igrejas e casas coloniais, e incríveis paisagens, como a Caldeira das Sete Cidades, cratera vulcânica de 12 quilômetros de circunferência, a Lagoa do Fogo e o Miradouro da Madrugada, com vista para o oceano e as falésias. A cidade Angra do Heroísmo, na ilha Terceira, é Patrimônio Histórico da Humanidade desde 1983. Se a vida dedicada à agricultura e à pesca parece seguir sem pressa, a vida cultural e gastronômica é pungente e já ultrapassou fronteiras. As comunidades de açorianos estabelecidas principalmente nos Estados Unidos e no Canadá levaram consigo as festas folclóricas que sempre tiveram muita importância na vida dos açorianos, como a do Espírito Santo, com a tradicional sopa do Espírito Santo. Entre os pratos locais mais famosos está o polvo guisado e o cozido de São Miguel. Os doces das ilhas também são variados e atrativos. O queijo do Pico é geralmente acompanhado de um tradicional pão de milho. Os abacaxis também são famosos, assim como os vinhos da região, como o Verdelho do Pico. Sopa do Espírito Santo As festas do Espírito Santo, que têm sua origem na doação de alimentos aos pobres feita por Isabel de Aragão (1271-1336), foram introduzidas pelos portugueses na ilha para proteger os habitantes dos desastres naturais. Tradicionalmente, elas acontecem aos domingos, durante sete semanas depois da Páscoa. Essas festas, especialmente comemoradas na Ilha Terceira, misturam danças, arranjos florais e a coroação de uma criança, que preside às cerimônias. No último dia (ou seja, no sétimo domingo), a sopa do Espírito Santo é preparada e distribuída ao público. É feita de carne de vaca e de galinha cozidas em um caldo que leva alho, cebola, hortelã, canela, pimenta-malagueta, repolho e banha. A sopa e um preparado de fígado de vaca cozido em sangue são servidos sobre camadas de pão. Isso ocorre nos Impérios, pequenas construções de alvenaria onde se realiza parte da festa e são expostos os emblemas próprios do festejo. Na Ilha Terceira, existem 58 impérios, que costumam ser pintados com as cores vivas da primavera. O cozido de Lagoa das Furnas O cozido de Furnas é provavelmente o prato mais famoso dos Açores. Ele tem a particularidade de cozinhar no calor natural liberado pela atividade vulcânica existente na Lagoa das Furnas, na ilha de São Miguel. Todos os ingredientes — carnes (vaca, porco, galinha), chouriço, toucinho, legumes (repolho, batata, cenoura, nabo, couve) e pimenta-malagueta – são colocados em camadas numa panela com tampa de madeira. A panela, colocada num saco amarrado por uma corda, é inserida em um buraco na caldeira natural da lagoa e coberta por terra, onde permanece por cinco horas. O caldo deste cozimento pode ser apresentado como uma sopa. Antigamente, todos os ingredientes eram postos dentro da galinha para cozinhar. O modo de preparar esse prato tornou-se atração turística do lugar e a abertura das panelas costuma ser presenciada pelos fregueses dos restaurantes locais que servem o prato. Produtos típicos dos Açores Pratos típicos dos Açores Produtos típicos dos Açores Alfenim: é um doce medieval de origem árabe, que ainda persiste nas ilhas centrais do arquipélago, especialmente na ilha Terceira. A massa, feita de açúcar, água e um pouquinho de vinagre, exige maestria para ser moldada e ganha figuras de flores, animais e pombas. Chegou aos Açores com os mouriscos que ali se fixaram, e aproveitou-se da alta produção de cana-de-açúcar na região. Incorporado na doçaria conventual, era oferecido como presente luxuoso para pessoas distintas e imprescindível como decoração nas mesas dos casamentos. É tradicional também nas Festas do Espírito Santo. Nos festejos, surge em formatos que representam partes do corpo humano, como forma de agradecimento por milagres obtidos. O doce chegou até o Brasil, onde ainda é feito por doceiras na cidade de Goiás Velho. Ananás de São Miguel (DOP): a maior ilha do arquipélago é conhecida pelo abacaxi que produz. Com denominação de origem, o abacaxi de São Miguel é doce e muito perfumado, com casca de cor laranja vivo e quase nenhuma acidez. Fruta de origem brasileira, foi introduzida em Portugal após a descoberta do Brasil e, posteriormente, na ilha de São Miguel, na década de 1840. Lá, é cultivado tradicionalmente em estufas de vidro. Camafeu: a origem deste doce português, muito tradicional da ilha Terceira, remete aos camafeus, objetos feitos de pedra cinzelada, formando figuras em relevo. No século XIX, passou a enfeitar blusas e vestidos femininos, além de ser pendurado ao pescoço por uma fita. É um doce pequeno, feito a partir de calda de açúcar, nozes raladas e ovos, engrossado ao fogo para ser, posteriormente, moldado no tamanho de uma noz, coberto com glacê e enfeitado com metade deste fruto. Licores: são uma tradição nos Açores, principalmente no Natal. Os mais apreciados nesta época são os licores de tangerina e de leite, que acompanham sobremesas, como o bolo de Natal (feito com oito dias de antecedência). Essencialmente caseiros, abastecem apenas o mercado local. O licor de tangerina se faz com as cascas da fruta bem madura, e demora nove dias para ficar pronto. O de leite leva leite cru misturado a chocolate, limão e baunilha, e fica em infusão durante 15 dias. Seus resíduos servem ao preparo de um pudim de Natal. Queijo do Pico (DOP): produzido desde o século 18, a receita tradicional tem passado de geração a geração na ilha do Pico. O queijo, de pasta mole e untuosa, vem do leite de vacas criadas em sistema livre, e é coagulado com coalho de origem animal. Depois de cortada a coalhada, é dada forma à massa, que é curada por duas semanas. Tem denominação de origem protegida desde 1996. É muito apreciado como sobremesa ou aperitivo, acompanhado de vinho Verdelho do Pico. Queijo de S. Jorge (DOP): Produzido regularmente desde o século 20, o queijo da ilha de São Jorge ganhou denominação de origem protegida em 1986. É um queijo fabricado com leite cru de vaca por cooperativas de pequenos produtores, mas nos últimos tempos vem ganhando escala industrial. Grandes e de pasta firme e textura quebradiça, chegam a pesar 12 kg e, embora de fabricação semelhante ao cheddar inglês, tem características sensoriais únicas relacionadas aos diversos terroirs da ilha. É curado por, no mínimo, três meses. Muitas vezes é chamado erroneamente de queijo da ilha, o que gera confusão com outro queijo açoriano, produzido na ilha de S. Miguel. Pimenta: a malagueta é usada em todas as ilhas, mas mais abundantemente em São Miguel. A malagueta açoriana é uma variedade muito próxima de uma pimenta vermelha das costas da Guiné e do Benim, de onde parece ter vindo. Além da malagueta (também chamada de piripiri), as principais variedades são a corno-de-cabra e a pimenta da terra (ou grada). Vinhos: nos Açores existem, nas ilhas Terceira, Graciosa e Pico, três regiões demarcadas (IPR – Indicação de Proveniência Regulamentada) para a produção de vinho, uma das culturas mais importantes do arquipélago. A ilha de Pico, com os terrenos mais altos, tem diversos vinhedos que ficam protegidos dos ventos do Atlântico por “currais” ou “curraletas”, muros que formam bonitos desenhos geométricos. Destes vinhedos sai uma pequena quantidade de vinho fortificado (que leva a adição de aguardente vínica), feito de uvas brancas verdelho. Hoje destinados ao consumo local, nos séculos 18 e 19 abasteciam as mesas reais do Norte e do Leste europeus. Desde 2004, estas vinhas e a paisagem da ilha, num total de 987 hectares, tornaram-se Patrimônio da Humanidade. Na ilha Terceira também são produzidas pequenas quantidades de vinho fortificado com a mesma casta (ao lado das uvas arinto e terrantez), em currais, na freguesia Biscoitos, conhecido como vinho de Biscoitos. Em Graciosa, produz-se um pouco de vinho branco seco, que leva o nome da ilha. Pratos típicos dos Açores Calda de pimenta de São Brás: trata-se de uma conserva de pimentas muito utilizada nas ilhas, em diversos pratos. As pimentas são cozidas com as sementes e, em seguida, são postas em uma peneira coberta com pano para escorrer. Esta polpa é, então, conservada com sal e banha e utilizada como condimento. Cornucópias: é um símbolo de fertilidade, riqueza e abundância. Na mitologia greco-romana, era representado por um vaso em forma de chifre, repleto de frutas e flores. Especialidade de Angra do Heroísmo, cidade da ilha Terceira, as cornucópias são feitas de farinha, manteiga, banha, açúcar, pão torrado e moído e amêndoas raladas. Todos os ingredientes (exceto as amêndoas) são misturados para formar uma massa, que é moldada em forma de cornucópia, untada com gema, coberta pelas amêndoas e assada. Uma vez frias, são recheadas com ovos-moles. Lapas com molho Afonso: lapas (patella vulgata) são pequenos moluscos servidos no arquipélago como petiscos ou entradas. As lapas dos Açores são encontradas nas rochas e costumam ser vendidas de porta em porta. Nesse prato, os moluscos são rapidamente refogados no azeite com alho, cebola e pimenta-malagueta. Em São Miguel, existe uma variante com vinho branco e farinha, que engrossa o molho. Polvo guisado: na receita da ilha de São Miguel, o polvo é cortado em pedaços e escaldado para ser, em seguida, refogado no azeite com cebola e alho e acrescido de vinho local e batatas em cubinhos. Sem as batatas, o prato é servido como petisco, com pimenta-malagueta. Em Faial, o polvo é cozido com uma pasta feita de pimenta-malagueta, vinho branco e vinho do Porto. Sopa azeda: a sopa azeda é originária da ilha de Faial, conhecida por sua marina de Horta, que serve de escala para os navios que atravessam o Atlântico, e pelas hortênsias, que florescem entre junho e julho. Trata-se de uma sopa de feijão cozido com alho e canela, à qual se acrescentam vinagre, batatas e batatas-doces. É servida sobre fatias de pão. Bibliografia
Posted on: Thu, 15 Aug 2013 00:40:31 +0000

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