Baile de máscaras: O que está acontecendo com o mundo? Se eu - TopicsExpress



          

Baile de máscaras: O que está acontecendo com o mundo? Se eu ganhasse um real cada vez que eu pensasse nessa pergunta, eu estaria bilionária. No entanto, ultimamente essa pergunta tem sido formulada dentro de mim de uma outra forma: o que está acontecendo com esse mundo que tem sido cada dia mais difícil encontrar pessoas que inspiram vida de verdade e não vida de aparência? Esse questionamento provoca outro: o que é vida de verdade e o que é vida de aparência? Será que aquilo que aparenta pode ser chamado de vida? Existe vida na aparência? Pensando em Narciso que foi tragado pela própria imagem e morreu, a resposta me parece ser negativa. Não existe vida nessa aparência dissociada da essência, pois quando aquilo que pareço é distante do que realmente sou, surge a inquietação de saber o que é verdadeiro e o que é falso. Somos de uma geração que só considera bom e verdadeiro aquilo que aparece. Motivo pelo qual as empresas investem muito mais na qualidade da propaganda do que na qualidade do produto. Existe até um chavão que diz "a propaganda é a alma do negócio". É a total inversão, o outdoor se torna o coração com a (nem tão) sutil diferença de que enquanto o coração produz vida, o outdoor a simula. É isso! Estamos imersos numa sociedade que simula. Simula nos relacionamentos, simula no lazer e simula até na religião. O que ancora essa simulação é que vivemos numa cultura que privilegia o parecer em detrimento do ser. Algumas décadas atrás o ser foi substituído pelo ter, mas na cultura atual, o ser foi substituído pelo parecer. Motivo pelo qual as pessoas passam a ser conhecidas mais pelo que mostram do que pelo que são. Quem não tem Facebook não existe. É um parecer que está pautado no ter, mas não se reduz a ele, pois na nossa sociedade de nada adianta ter se o outro não sabe que tenho. É preciso mostrar para ser valorizado socialmente. Se compro uma Louis Vuitton, devo fazer questão de mostrá-la para que os outros me respeitem e me valorizem. É nesse momento que o sujeito se reduz a uma coisa e a partir disso, vínculos são construídos não porque eu e você temos os mesmos valores, mas porque eu e você temos uma mesma bolsa. Que profundidade de vínculo! Não vejo problema algum em comprar tais coisas desde que elas tenham um sentido na vida do sujeito que ultrapasse os valores medíocres da sociedade do espetáculo. A artificialidade e a superficialidade invadem, então, o terreno dos relacionamentos. Às vezes tenho a impressão que vivemos num grande baile de máscaras. As pessoas estão ali não para se vincular e se tocar, mas para serem vistas. Nesse baile, quem não veste máscaras além de não ser bem vindo é excluído. Isso porque, diante de tanta simulação, as pessoas estão desaprendendo a valorizar a autenticidade do outro. Logo, esconder-se é prerrogativa para permanecer no baile. Voltando a minha questão inicial sobre a dificuldade em encontrar pessoas que inspirem vida de verdade e não vida de aparência, acho que estou engatinhando na resposta, mas arrisco-me a dizer que, felizmente, pessoas que inspiram vida de verdade não são tão raras assim, mas nós não a encontramos porque elas não fazem parte do baile. Na verdade, elas fogem do espetáculo. Afinal, quem é de verdade não precisa parecer de mentira.
Posted on: Thu, 08 Aug 2013 20:16:56 +0000

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