Boa análise sobre o golpe no Egito, do meu amigo Carlos Quaglio O - TopicsExpress



          

Boa análise sobre o golpe no Egito, do meu amigo Carlos Quaglio O Exército tem as armas e quem tem as armas dita as regras. Por sorte, o exército egípcio é a única organização laica e funcional num sentido moderno do termo existente no país. De fato, o exército egícpio gerencia uma boa parcela da economia do país! Eles geriam de fato o Estado egípcio, pelo menos a parte que funcionava. Foi o Conselho Supremo das Forças Armadas quem derrubou de fato Mubarack, foi quem dissolveu o Parlamento, suspendeu a Constituição, convocou eleições livres e assegurou a Israel que "todos os tratados seriam cumpridos", o que causou alívio no Ocidente e deu legitimidade ao processo. Com eleições livres, venceu um partido islâmico, por vontade expressa da maioria, que claro tentou converter o Estado numa extensão da religião. Ou seja, usou a democracia para acabar com a democracia e implantar uma teocracia. A democracia é o regime da maioria, mas a maioria não pode tudo: há uma série de garantias e direitos mínimos que impedem que as minorias sejam excluídas do processo e vitimizadas. No Egito, a única salvaguarda existente eram as Forças Armadas. Mursi e a Irmandade Muçulmana tentaram acorrentar os militares. Forçaram a aposentadoria do velho e prestigiado Marechal Tantawi, um veterano das guerras contra Israel e comandante da Força Expedicionária egípcia que lutou com a Coalisão no Iraque em 1991. Afastaram uma série de oficiais de postos-chave, não apenas militares mas administrativos. E tentaram gerir o país sem eles. O que faltou? Competência! Os militares estão pelo menos um ano-luz á frente dos mulás, da IM. Tá, os militares egípcios não são o último pacote do biscoito. Mas aprenderam a profissão enfrentando Israel. Em pelo menos uma ocasião deram um belo susto num dos melhores exércitos do planeta. Aprenderam a lidar com políticos com o palhaço do Nasser e com o vaselina do Sadat (um político muito subestimado, na minha opinião, e vítima de extremistas islâmicos, só para relembrar). Foram treinados para lidar com o melhor que o dinheiro podia comprar do arsenal soviético (e aprenderam bem) e depois incorporaram o que de melhor estava disponível fora do eixo Europa-Japão-Coréia de aliados incondicionais do armamento americano. O país produz o M1 Abrahams sob licença, o que não é dizer pouco! Claro, são uma classe privilegiada, corporativista, nepotista, etc, etc, etc... Mas são preparados tecnicamente. São patriotas. São nacionalistas. Se julgam e nesse momento são de fato guardiões da nação, e não de uma parcela mesmo que majoritária da população. E tem o respeito dessa população. Muitos dos que foram para a praça agora pedindo a queda de Morsi são os mesmos que estavam nela pedindo a queda de Mubarack. A parcela que é laica, cristã ou que é muçulmana mas não fundamentalista. Se vai se espalhar? Não. É questão interna egípcia, com todas as idiossincrasias do país!
Posted on: Fri, 05 Jul 2013 11:02:31 +0000

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