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Bom dia!!! **************************************************** Porque hoje é quarta-feira, é dia da crónica semanal escrita por Agry White. Aviso: As opiniões expressas são unicamente da responsabilidade do autor. ***************************************************** A IDEOLOGIA DO CONSENSO (8) O MEDO Por Agry White Num quadro de recessão, de precariedade, de crescente desemprego e de discursos oficiais prevendo tumultos e insegurança pública, o medo dos cidadãos não se limita a ser um sentimento capaz de refrear a sua participação em protestos e de incentivar condições laborais antes impensáveis. É também um potencial instrumento para a destruição dos mais básicos direitos de cidadania, em nome da segurança. O nosso medo pode tornar -se o nosso pior inimigo (Paulo Granjo) No país do medo, mergulhado até às virilhas na placidez pequeno-burguesa, no saque, no facilitismo, no individualismo exacerbado, na corrupção endémica, no seguidismo neoliberal, braço executivo da ideologia do capitalismo financeiro e económico, é urgente, é necessário, uma cultura de solidariedade e de tolerância. É urgente reagir e recusar a inevitabilidade do austerecídio que nos é imposto. É urgente, é imperioso, dizer basta a um governo cujo horizonte político se confunde com os grandes interesses da promiscuidade da finança. É hora de dizer não a políticas de submissão, de degenerescência social e de fatalismo colectivo. É preciso, é urgente, recuperar a memória, a dignidade, a história de luta; recusar o fatalismo e a inevitabilidade; combater os medos e os silêncios, as cumplicidades; resistir, construir a esperança, gritar bem alto: não ao programa da Troika, não à ocupação do País. É preciso lutar Contra a passividade e a amnésia histórica; contra a destruição do Estado social e o terrorismo do Estado. Contra a sangria da austeridade e a desintegração social; contra o desígnio do empobrecimento e a opacidade da dívida; contra o fatalismo e o esfacelamento dos direitos dos cidadãos. A degradação galopante das condições de existência, prova provada da crise estrutural do sistema, é justificada não como a inevitabilidade dos mercados sem regras mas como o resultado da desonestidade e irresponsabilidade de um punhado de gestores e das próprias famílias que se endividaram até às virilhas. É urgente desconstruir a couraça ideológica que reveste o corpo social anémico, impotente, preconceituoso, intolerante e subserviente. É uma cruzada a favor da solidariedade, do desenvolvimento, da justiça social e da liberdade. A repressão e o arregimentar cultural permite formatar cidadãos obedientes e cúmplices com o status quo. As desigualdades mais gritantes estão estruturalmente entrincheiradas e simuladas no universo da demagogia. Por outro lado, a reprodução das condições de dominação exige a intervenção de factores ideológicos que garantam a manutenção da ordem estabelecida: as vítimas e a cumplicidade com os seus carrascos. Libertar do marasmo e dos medos um país colonizado por uma comunicação dita social ao serviço de grandes grupos económicos e blindado por preconceitos adquiridos desde o berço, é uma tarefa hercúlea que exige uma mobilização geral de todos os cidadãos lúcidos. Ao longo da história da humanidade o medo sempre foi usado para dominar e controlar a sociedade. Consciente desta realidade Franklin Roosevelt afirmou: “A única coisa de que temos de ter medo é do próprio medo”. O discurso do medo faz com que a sociedade erga mais muros de exclusão, intensificando o distanciamento entre pobres e ricos. (ou divida a sociedade entre bons e maus, ricos e pobres, trabalhadores privados e públicos, jovens e idosos, qualificados e indiferenciados). O medo não é um sentimento libertador, pelo contrário, gera sentimentos contraditórios e perversos como o individualismo, o egoísmo, o salve-se quem puder e gera a desconfiança entre as pessoas. O monopólio dos média é um mecanismo que permite perpetuar o medo. Sem os meios de comunicação não seria possível preservar e ampliar o medo. Impõe-se, por isso, lutar contra o monopólio dos meios de comunicação. É preciso impedir o ressurgir dos medos, os silêncios, a violência, o sofrimento gratuitos, a infâmia e o autoritarismo. É preciso resistir à mentira e à demagogia. É preciso construir o futuro sem armadilhas, sem ambiguidades e sem medo É preciso, é imperioso, provocar a demissão dum governo que instituiu a austeridade e o medo como modo de vida e aposta no empobrecimento como uma estratégia que visa beneficiar a oligarquia financeira. “Há muros que separam nações, há muros que dividem pobres e ricos mas não há hoje no mundo um muro que separe os que têm medo dos que não têm medo. Sob as mesmas nuvens cinzentas vivemos todos nós, do sul e do norte, do ocidente e do oriente. Citarei Eduardo Galiano acerca disto, que é o medo global, e dizer: Os que trabalham têm medo de perder o trabalho; os que não trabalham têm medo de nunca encontrar trabalho; quando não têm medo da fome têm medo da comida; os civis têm medo dos militares, os militares têm medo da falta de armas e as armas têm medo da falta de guerras e, se calhar, há quem tenha medo que o medo acabe”(Mia Couto)
Posted on: Wed, 06 Nov 2013 09:57:47 +0000

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