CHUVA NO TELHADO DE VIDRO ROMANCE (parte 48) A situação de - TopicsExpress



          

CHUVA NO TELHADO DE VIDRO ROMANCE (parte 48) A situação de Beatriz não era nada boa, água ela tinha à vontade, pois havia um banheiro em condições razoáveis de uso, no entanto o repórter não tinha deixado comida alguma, pois esperava voltar no dia seguinte já com o assunto resolvido e a libertaria. Bya se sentia extremamente fraca e sem coragem para mais nada, apenas aguardava que alguém aparecesse para por um fim àquela desventura. Com o passar dos dias suas esperanças foram desaparecendo e manter o moral se tornava praticamente impossível; para passar o tempo resolveu meditar, como um modo de escapar, mesmo que por instantes, daquela realidade funesta e sombria. Em suas meditações viu-se muitas vezes caminhando por um campo de margaridas amarelas que davam à sua cintura, podia sentir o perfume das flores, a brisa suave no rosto, o contato com as pétalas, quando deslizava a mão por suas superfícies tenras e sedosas; vivia uma experiência única e avassaladoramente bela, o tempo não fluía suas areias na ampulheta da existência, o tempo era apenas uma vaga lembrança de algo que estava adormecido em algum canto oculto da consciência embevecida. Ela não queria voltar, desejava ser parte do jardim para o resto de sua vida, desejava ser uma daquelas flores que tinham como única função embelezar o quadro da criação da natureza. Mas ela sempre voltava... e encontrava uma realidade distorcida, ferida, amarga. Como seria bom ficar para sempre entre as flores amarelas do campo sem fim! Há dias Beatriz não se alimenta, seu corpo está fraco, sua mente delira e chama por Benjamin. Ela sente a morte cada vez mais perto, e seu único medo é partir sem o perdão do homem que ama. Chora um choro silencioso, daqueles que não molham os olhos, mas encharcam a alma com lágrimas de saudade e remorso, pela primeira vez ela pensa que errou, pela primeira vez Bya se pergunta se fez tudo que estava ao seu alcance para salvar seu casamento, pela primeira vez ela percebe que os caminhos que escolheu poderiam ter sido outros... mas isso agora nada importa, o silêncio ao seu redor é um silêncio de vazio... vazio e solidão. …........................................................................................................... Desireé estava incomodada com alguma coisa que não sabia muito bem o que seria; sua mente investigadora sentia que algo estava fora do contexto nos fragmentos das informações que possuía a respeito de Paolo. (Tem alguma coisa errada...) Resolveu investigar sobre “Saadi, aquele que sabe” e não encontrou absolutamente nada nos sites de procura, ficou ainda mais intrigada: Como alguém tão importante da antiguidade poderia passar despercebido por quatro mil e quinhentos anos? Era muito improvável. Ela estava tão absolta em seus pensamentos que não reparou a aproximação do tenente Ramirez que parou ao lado de sua mesa. Queimando a pestana Desireé? Brincou ele. Alguma novidade sobre os federais? - Nada tenente, o assassino foi muito rápido e esperto, não deixou pistas e sumiu sem deixar vestígios de sua escapada. Estamos investigando todas as pessoas que entraram no condomínio aquele dia, mas por enquanto continuamos na estaca zero. - O pessoal do governo está apreensivo com o sumiço dos arquivos do Benjamin, eles têm medo que caiam em mãos erradas. E você sabe né... mãos erradas para eles são qualquer uma que não sejam a deles próprios. Resumindo, estão ameaçando tirar o caso da gente se não apresentarmos avanços. - Não sei o que eles podem fazer que nós não podemos tenente. Acho que conosco a investigação teria chances de caminhar melhor, afinal ninguém conhece a região como conhecemos não é mesmo? - Sim... Concordo. Espero que surja algo. Estamos estagnados, procure qualquer coisa que não se encaixe e mergulhe nisso a fundo, você é muito boa em descobrir “pelo em ovo”. Ele sorriu e se afastou, deixando a colega com um olhar perdido no vazio. O telefone sobre a mesa tocou e ela atendeu. Investigadora Desireé, dizia uma voz masculina do outro lado da ligação, tenho algo a dizer sobre o desaparecimento da moça que vocês estão procurando, poderíamos conversar pessoalmente? Estou aqui perto do seu escritório... se puder vir até a praça do teatro... - Estou indo nesse instante, cortou ela imediatamente, não saia daí. Como posso reconhecê-lo? - Não precisa, sei quem você é. Estou aguardando. E desligou o telefone. A policial chegou à praça do teatro e vasculhou toda sua extensão procurando identificar o homem que havia ligado ha pouco. Caminhou lentamente por entre transeuntes apressados que cruzavam seu caminho, indiferentes e invisíveis. Reparou em um homem de meia idade, sentado em um banco dando pipoca aos pombos que se aglomeravam em sua frente, gulosos e famintos; o homem fez sinal para que ela se aproximasse, Desireé seguiu em sua direção espantando as aves que voaram em alvoroço, assustadas com a presença repentina. Como vai? Perguntou uma voz gentil e amável. - Bem... obrigada. Respondeu Desireé com curiosidade. Como me conhece? - Sou da Televisão... sabe como é... dizem que a gente conhece todo mundo. - O senhor me falou que tem algo sobre o desaparecimento de Beatriz... - Talvez sim, talvez não. Interrompeu o estranho. É apenas uma desconfiança. Veja bem senhorita: Trabalho no Canal 32, a mesma emissora onde atuava Thales de Mileto, nós éramos amigos, além de colegas profissionais. Há alguns dias Thales me pediu emprestada uma casa que tenho nas montanhas, achei estranho porque ele nunca me pedira favor parecido antes, mas como desconfiava que pudesse estar saindo com alguma garota, não vi porque não atender seu pedido. Quando soube de sua morte, e que viajava sozinho, imaginei que havia pensado errado sobre o amigo, provavelmente ele queria apenas descansar mesmo como havia dito, e esqueci o caso. Todavia ontem surgiu um fato novo; fiquei sabendo que a pessoa com quem estava saindo era a esposa do cientista que entrevistamos há pouco tempo, a mesma que está desaparecida desde o acidente. Talvez tenha alguma relação, Talvez não tenha... De qualquer maneira seria bom investigar. - O senhor não foi à casa depois disso? - Não! Não! Tenho medo do que posso encontrar por lá. Isso é coisa para vocês que já estão acostumados. - Muito bem. Me diga o endereço que mandarei investigar imediatamente.
Posted on: Sun, 30 Jun 2013 12:12:40 +0000

Trending Topics



Recently Viewed Topics




© 2015