COLUNA DO MAURO PEREIRA Viajando de Itapeva a Brasília. Com - TopicsExpress



          

COLUNA DO MAURO PEREIRA Viajando de Itapeva a Brasília. Com escala em Ribeirão dos Pradas ESTE É O MEU BRASIL! Quando Lula foi eleito em 2002, senti diminuído meu patriotismo, convicto até então. Deve ser preconceito, considerei, me recriminando pela conduta pouco ética e carente de virtude. Quando ele foi reeleito em 2006, apesar do mar de lama que assolava o seu governo, percebi que a convicção da minha brasilidade, antes tão latente, estava seriamente combalida e eu já não me sentia nem antiético nem preconceituoso, e esse sentimento apátrida me deixou deveras preocupado. Com a eleição de Dilma Rousseff, não por ela ser do PT, mas, sobretudo, pelo conjunto da obra que antecedia sua candidatura, me senti despido de vez daquele orgulho de ser brasileiro. Desde então, manifesta-se o vazio imenso e magoado. Vago como se estrangeiro fosse pela vastidão da Pátria que me viu nascer e da qual me orgulhava tanto. Através da internet que, ressalte-se, transformou-se na mais fiel e legítima “trincheira dos resistentes”, tenho observado manifestações que denunciam profunda indignação com esses mais de dez anos de desmandos e extrema preocupação com os que estão por vir. Alguns falam até mesmo em ir às armas se convocados, colocando em risco, inclusive, o bem maior que é a vida. Mas eu pergunto: será que valeria a pena? Morrer por quê, ou por quem? Com certeza, eu não morreria por um governo que tem na afronta à constituição, na propaganda eleitoreira e na proliferação de ministros desonestos os seus maiores feitos e guarda no populismo vulgar, na mentira e na corrupção os seus melhores malfeitos. Não moveria um dedo sequer para defender uma presidente que se orgulha do seu passado, mas envergonha o meu presente e inunda de interrogações o meu futuro. É mais certo ainda que eu não morreria pelo Congresso Nacional, tomado que foi por uma malta de políticos venais que, preocupados apenas com as vantagens que o cargo proporciona, distanciaram-se da dignidade e sucumbiram à mais ordinária das vassalagens. Me sacrificaria menos ainda por um Judiciário claudicante que teve sua atuação turvada pela nódoa da desconfiança ao deixar transparecer que atrofiadas por interesses políticos suas Cortes nem sempre se sobressaem pela notoriedade do saber de seus magistrados. Jamais eu daria minha vida por uma oposição pusilânime, às vezes adesista e via de regra recolhida ao fétido espaço que reflete e dá a dimensão exata da sua covardia. Não colocaria em perigo minha segurança por instituições subservientes em cujo chiqueiro chafurdam sindicalistas pelegos, intelectuais lacaios, artistas mercenários, docentes doutrinadores, universitários profissionais, juristas militantes e religiosos de araque. Não me arriscaria, em hipótese alguma, por uma imprensa prostrada, que fez da submissão o sinônimo de sua liberdade e da afinidade com os cofres públicos o símbolo de sua independência. Há que se louvar as exceções. No entanto, não hesitaria um segundo sequer para colocar-me literalmente à disposição de uma jornada regeneradora cujo itinerário nos conduzisse à construção de uma Pátria que repousasse na honradez política, na retidão de caráter e na devoção à democracia os pilares de sua sustentação, fundamentando seu ideário na consolidação de uma sociedade composta por pessoas naturalmente vocacionadas para a convivência pacífica com as diferenças e que seus representantes atuassem como agentes do bem comum e do desenvolvimento social, onde não houvesse espaço para a disseminação do ódio e os “nós” e “eles” se sentissem desagravados do chulo sentimento de discriminação ao qual foram submetidos, para serem acolhidos simplesmente como patrícios. Quanto à felicidade, ela haveria de manifestar-se na individualidade intransferível, absoluta e fundamental que lhe é peculiar e não como concessão do Estado. Que país seria esse? Sei lá! Brasil dos sonhos, quem sabe? Embora indignado, estaria em descompasso com a honestidade se não confessasse que em meu peito ainda pulsa, mesmo que flagelado pelo desencanto, um coração verde e amarelo e, na verdade, se mil vidas eu possuísse todas as ofereceria à imolação e me sentiria plenamente recompensado se antes do meu desenlace, em apenas uma delas tivesse eu a ventura de sentir restaurada minha brasilidade profanada e pudesse gritar novamente com toda a força do meu orgulho resgatado: ESTE É O MEU BRASIL! “A canalhice é o último reduto do canalha!”
Posted on: Thu, 08 Aug 2013 16:54:43 +0000

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