COLUNA MESTRA Diário da Serra Humberto Migiolaro - TopicsExpress



          

COLUNA MESTRA Diário da Serra Humberto Migiolaro Blog - hmigiolaro.wordpress TIRO NO PÉ Tudo começou com manifestantes espalhados pelo país buscando redução de tarifas de transporte público. A coisa foi aumentando e, quando as autoridades perceberam o tom das passeatas, passaram a ceder aos pedidos. Governadores e prefeitos suspenderam aumentos de tarifas de coletivos, cancelaram aumentos de pedágios e julgavam que a coisa estava resolvida. Não, não estava resolvida exatamente porque o principal alvo das reivindicações não era simplesmente o móvel inicial, mas seu desdobramento foi exibindo a insatisfação generalizada de grandes blocos de cidadãos. O governo federal se fez de desentendido, assumiu descaradamente a posição de partidário das passeatas tentando iludir a nação como se fora parte componente dos manifestantes. De forma totalmente irreal se iniciou um diálogo de surdos, concedendo a senhora presidente exatamente o contrário que as massas clamavam nas ruas. De cara decidiu convocar uma Constituinte para, a toque de caixa, promover a “reforma política”. Sem conhecimento de causa ou tentando ludibriar o senso médio Sua Excelência, ouvindo seu marqueteiro, seu padrinho e os colaboradores mais chegados fingiu ignorar que tal medida somente poderia ser proposta pelo Congresso, diante de situação de real emergência. Não desistiu, mudou sua determinação para um plebiscito com a mesma finalidade, ignorando que o povo em nenhum momento clamava por reforma política, mas reforma dos políticos, nobre classe da qual participaria com destaque de Presidente da República. Tal moção fora encaminhada sem análise detida ao Congresso, que aceita tudo menos a impossibilidade da re-eleição de seus membros, ou medida que venha a conferir ou dificultar tais interesses. Nas ruas o tom se alterou, de transporte público, outras frentes de clamores surgiram: Educação, Saúde, Estradas e aquilo que de fato motivou o inicio de toda a adesão dos manifestantes, a luta contra a corrupção! De novo a presidente fingiu que não era com ela, passou uma vez mais a bola para o Congresso que em um ato de anônimo heroísmo propôs a transformação a acusação de corrupção em crime hediondo. Bravata de plenário, pois infelizmente todos conhecem os meandros do fisiologismo e do corporativismo parlamentar. Negaram-se a olhar ao redor e perceber que o mesmo saguão abrigava inúmeros acusados e até condenados per esse mesmo crime. Tais parlamentares, seguindo o mesmo modelo presidencial acolhem sob suas asas acusados e condenados por processos e por comportamentos nada aceitáveis. Sua Excelência, em determinada temporada vestiu fantasia de faxineira dos hábitos ao seu redor, trocou ministros, afastou alguns políticos de sua confiança, mas cuidou de mantê-los em cargos equivalentes, gozando das mesmas prerrogativas de suas funções anteriores. No intento da re-eleição chegou a re-instalar em ministérios políticos ligadíssimos aos mesmos que foram afastados, dando as costas à dignidade que o cargo exigiria. A presidente da república não percebera que seu prestígio, que nunca fora realmente pessoal, foi se derretendo, e, como não contava com a habilidade comercial de seu inspirador na promoção de conchavos, trapaças, concessões e compras simples e diretas, viu o preço da conivência com o mal feito assumir proporções impagáveis. Dentro de toda a antiga base aliada, de seu próprio partido, e da pálida oposição a tese do tal plebiscito se diluiu e tomou o rumo do ralo do esgoto. No momento o custo político e financeiro da empreitada está pelas alturas, e, digamos, ela não tem nem um pouquinho do cacife exigido. Sobrou a soberba e a arrogância que sempre exibiu a céu aberto. Bateu na mesa com dedinho e, do andor de sua onipotência determinou aos chegados que emitissem Medida Provisória digna de um aprendiz de general de passeata. De caneta em punho decretou alteração na duração e no currículo da formação dos médicos, assim como faria seu inspirador do Caribe, que por sinal se dispôs a lhe ajudar com seus bravos e brilhantes profissionais, executores e protagonistas da mais retrógrada medicina de todo o mundo civilizado. Caso faltasse um exemplo perfeito de descoordenação e de caos no planalto, a MP dos Médicos supriu gloriosamente essa lacuna. Tal autoritária decisão seria inaplicável na prática mesmo que não batesse de frente com a constitucionalidade. Falsa e simplória solução para complexos problemas institucionais...Beira a irracionalidade a sandice presidencial, ditada pelo guru e pelo ministro ex-economista, parlamentar e reincidente fracassado eleitoral. Se a ditadura cubana teria audácia para exportar profissionais como mercadorias, tal tipo de comércio seria inaceitável para a sociedade brasileira. Caso houvesse algum sentido e qualquer possibilidade de acerto no prolongamento da graduação médica por dois anos e lotação compulsória onde o regime ditatorial determinasse, no mínimo sua viabilidade se perderia no bom senso das autoridades acadêmicas que nem foram consultadas. A Senhora Presidente, cuja vaidade tem demonstrado sobejamente desde sua auto- titulação até os recentes descalabros, olvida que tais soluções stalinistas jamais contornariam a falta de equipamentos, medicamentos, ambulâncias, enfermeiros, laboratórios,e, não se esqueçam, de saneamento básico. Nisso Sua Excelência está coberta de razões: Esgotos subterrâneos e tratamento de água (onde ela existe) não são fotogênicos, tampouco se casam bem com placas, inaugurações, bandas, bandeirolas e palanques. É fácil atacar de canetada. Perdão senhora, por pior que seja a alternativa à sua candidatura, é impossível esconder que sua velha metralha disparou para baixo. Sua desastrada campanha solenemente acompanha o bovino para o brejo. Sem querer querendo disparou belíssimo TIRO NO PÉ.
Posted on: Wed, 17 Jul 2013 16:49:42 +0000

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