CRER E ERRAR Luiz Roberto Saviani Rey Sou cristão, e isto faz - TopicsExpress



          

CRER E ERRAR Luiz Roberto Saviani Rey Sou cristão, e isto faz parte de minha personalidade, de minha estrutura psicológica, é herança familiar e parte de minha formação como ser humano. Creio em Cristo e nos princípios bíblicos, em uma tradição que perdura há dois mil anos, e não penso em modificar minha crença, embora muitas pessoas amigas me digam que influi em meu comportamento, ás vezes muito: "dê a outra face”. Não me importo, sou um homem de fé e não me envergonho disto. Alguns me acham exotérico. Mas também não quero impor minha crença à força a ninguém, a não ser de forma persuasiva. Em primeiro lugar, crer em algo com devoção, antes de servir de obstáculo ao meu ingresso no mundo concreto, no plano real e científico, constitui, para mim, particularmente, um elemento de libertação: “Conhecereis a verdade e a verdade vos tornará livres”. A liberdade que desfruto no plano de minhas relações com o mundo, por conta da clarividência e paciência advindas de minha fé, é algo sem preço! Mas não é a questão de crer ou não crer que me leva a escrever hoje, e, sim, a questão de crer e errar, de errar e achar que é o certo, de querer dominar, predominar, escravizar, deturpar, se fazer voz única e dominante, impositiva e até repressora, a contragosto do que pensa a maioria. É o que penso sobre as relações entre políticos evangélicos e a sociedade, políticos evangélicos e poder, políticos evangélicos e minorias. Considero um dos maiores erros da história política brasileira essa submissão da estrutura de poder a uma dita “bancada de evangélicos”, em especial à sua maneira de espraiar seus rituais e preceitos em ambientes para além do plano de seus templos e de seu proselitismo, com a finalidade de buscar autoafirmação, de se impor. Em uma busca política, ou politiqueira, de fazer valer coisas que são do desagrado de uma imensa maioria, que não vê em certas atitudes, desprovidas de veracidade, a “cura de males”, a “salvação de almas”, “o perdão aos pecados”. Em primeiro lugar, a despeito de preservar os princípios de relação entre seres e gêneros, manifestos na forma de desejo de um Deus único (é isto é ponderável!), a própria Bíblia Sagrada assinala que: “Deus não faz acepção de pessoas”. Ela recomenda comportamentos, assinala e pune erros, mas enfatiza que “Deus é um Deus do perdão, que perdoa pecados”. O poder da cura e do perdão, portanto, não está nas mãos dos pastores de ovelhas, mas daquele que os criou. O homem tem o livre arbítrio para escolhas e ações, pode errar ou não, pode crer ou não. Se há um ônus em razão de seus erros, deve ter a consciência disso e acertar as contas com o seu deus, não com homens, em especial homens que usam sua religiosidade para se tornarem membros do poder e, com o poder, ameaçar a democracia. Ou servirás a Deus, ou servirás ao diabo. Ninguém está negando aqui o direito de religiosos se tornarem representantes políticos, mas quando essa representação coloca o dedo em riste na cara daquele(a) que exerce o poder maior e lhe diz: “Faça isto, faça aquilo, senão chamamos o capeta pra cima de si!”, está violando o limite entre a representação e a imposição, está agindo “diabolicamente”, colocando em risco a democracia e ameaçando, por conseguinte, a maioria da sociedade, que espera uma ação parlamentar em defesa universal de seus direitos Assim, crer é uma coisa, forçar a crença para usos incomuns à crença, para uma solidificação ameaçadora do poder político é ditadura da crença. E tenho dito, aceitando e analisando todas as contraposições que deste artigo advierem.
Posted on: Sat, 22 Jun 2013 12:16:27 +0000

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