Caloiros chineses obrigados a assinar cláusula de - TopicsExpress



          

Caloiros chineses obrigados a assinar cláusula de suicídio Documento assinado pelos caloiros isenta a universidade de responsabilidade no caso do aluno se matar Denunciado por alguns como um sinal macabro das crescentes pressões a que estão sujeitos os jovens na competitiva sociedade chinesa, uma universidade no sul da China pediu, no domingo passado, aos caloiros que assinassem um contrato em que a absolvem de qualquer responsabilidade no caso de se suicidarem ou sofrerem lesões durante o período em que frequentem aquela instituição. Os mais de cinco mil caloiros que chegaram à Universidade de Tecnologia de Dongguan, na província costeira de Guangdong, foram obrigados a assinar um documento em que isentam à partida a universidade de toda a responsabilidade em casos de suicídio e assassínio. Questionada pela imprensa chinesa, a direcção da universidade logo explicou que não havia razão para dramatismos e que o acordo não passa de um "caloroso lembrete" aos alunos para que fiquem cientes da política da escola quanto à admissão de estudantes. Já os pais, indignados, e muitos comentadores que entretanto se manifestaram na internet contra o documento afirmam que este só serve para agravar a pressão sobre estudantes que já chegam ao ensino superior com níveis de stresse muito para lá do recomendável. "Acho que este tipo de acordo é irresponsável e injusto, e duvido que venha a ter qualquer impacto no comportamento dos estudantes", disse à revista "Time" uma mãe cujo filho acaba de começar as aulas, acrescentando: "A universidade devia oferecer serviços de aconselhamento e outras formas de apoio aos estudantes, em vez de procurar isentar--se de qualquer responsabilidade ainda antes de algo trágico acontecer." A Universidade de Guangdong não é, contudo, um exemplo isolado nesta matéria. Em 2012, já a Universidade Shandong Jianzhu, em Jinan (capital da província de Shandong) tinha pedido aos seus 20 mil alunos que assinassem um contrato com implicações similares. Na altura, o "South China Morning Post" citou como principais motivos para levar os estudantes ao suicídio as relações amorosas que davam para o torto e as sombrias perspectivas de emprego. De acordo com a imprensa chinesa, o contrato que os caloiros de Guangdong foram obrigados a assinar vem na sequência de um episódio recente que não tem nada que ver com um suicídio: durante o último período escolar, um dos alunos esfaqueou uma colega, num dormitório da universidade, depois de esta ter recusado ser sua namorada. Um funcionário da instituição, que se recusou a revelar mais detalhes sobre o caso, negou a ligação entre o incidente e o contrato, afirmando ao "China Daily" que este não passava do "código de conduta nos dormitórios" e que a universidade esperava que servisse para que os estudantes respeitassem as regras e fossem responsáveis por si mesmos. Xiong Bingqi, o vice-director do Instituto de Investigação Educacional para o Século xxi, afirmou que o acordo representava "uma medida de gestão simplista e tosca" e apelou às universidades para que se empenhem mais na melhoria de vida dos seus estudantes, para prevenir que estes sucumbam a depressões que os levem a pôr termo à vida. Na China, o impacto da morte de um herdeiro é agravado pela política do filho único, o que torna ainda mais difícil a vida dos pais que chegam à velhice sem poderem contar com qualquer apoio dos descendentes. A educação superior é, desde há muito, vista como o único caminho para o sucesso, um legado da herança confucionista do país. Mas o vertiginoso aumento do número de alunos nos cursos universitários, juntamente com a acentuada desaceleração da economia, levou a que o canudo deixasse de ser, como muitos esperavam, a garantia de um lugar ao sol. Da fornada de 2013, com mais de sete milhões de novos licenciados por todo o país, apenas 35% tinham assegurado um emprego na altura que se graduaram - uma queda dramática de 12% face ao licenciados que tinham conseguido emprego no ano anterior.
Posted on: Fri, 20 Sep 2013 10:25:49 +0000

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