Carta do SD.Damasceno - que matou o PMDF Catarino por engano no - TopicsExpress



          

Carta do SD.Damasceno - que matou o PMDF Catarino por engano no roubo a coletivo, imaginando que fosse o bandido. Emocionante!!!!! .10 Segundos (…Carta do soldado Dasmaceno). 15 de junho de 2013 É com muito pesar que vou tentar expressar algumas palavras que jamais servirão de consolo ou confortarão o coração de quem perdeu algo de mais precioso na vida… É dádiva de Deus conceber um filho, sustentá-lo, educá-lo, protegê-lo e lança-lo ao mundo para buscar a sobrevivência e futuramente dar continuidade ao ciclo da vida… Ter esse ciclo quebrado de forma trágica como o que aconteceu com o nobre amigo Catarino é difícil de entender aos olhos humanos… Estou aqui tentando organizar palavras para tentar explicar o que aconteceu naquele dia, mas, dificilmente, a dor da perda permitirá à família uma compreensão… Mas se me permite dizer algo sobre seu filho, digo que não faltará adjetivos para defini-lo e o que prova o que estou falando se confirma na atitude dele aquela noite… Um ato heroico e louvável por todos, ato que poderia ser feito por qualquer um de nós profissionais encarregados de defender essa sociedade muitas vezes injusta com nossa profissão… O que ele fez não se explica de forma simples, o que ele sentiu na hora de agir, todos nós sentimos diante do risco de defender o que achamos que é certo… Naquela noite minha missão também era a dele… mas infelizmente estávamos em contextos diferentes, queríamos os mesmos objetivos… Mas jamais iria imaginar que a sua presteza seria maior do que a minha, jamais poderia imaginar que alguém poderia ser mais rápido do que eu naquela hora… Jamais poderia imaginar que iríamos nos encontrar de forma tão trágica… Hoje, a única coisa que eu queria naquela noite eram “dez segundos”… Simplesmente dez segundos de atraso na minha chegada no local… Dez segundos para ter-mos um desfecho diferente e nada trágico…Dez segundos para ver uma cena diferente da que vi no momento que cheguei… Dez segundos para ver a cena de um policial abordando um outro indivíduo… Ainda me pergunto, “Por que, Deus? Todo o meu procedimento utilizado não evitou uma fatalidade?”… Difícil pra mim, encarar a trágica realidade de ter apertado sua mão pela manhã antes de sair para o serviço e estar ali a noite com ele no braço tentando salvar sua vida… Jamais esquecerei aquela noite onde dez segundos foram a diferença entra a vida e a morte… Sei que jamais repararei a perda que causei a sua família, a ROTAM e a sociedade, mas queria em um ato simples, perto da grandeza do ato do Catarino, dizer: Eu sinto muito, eu não quis aquele desfecho… Jamais esquecerei dele olhando pra mim como se quisesse me dizer: “ERA EU CARA! Catarino da Rotam…”, o único momento de que tive de lucidez antes de entrar em desespero total foi quando eu implorei a ele desculpas… levei as mãos à cabeça e a partir daí começou uma espécie de filme de todos os momentos em que estive com ele, conversando, brincando, trabalhando e simplesmente dividindo o mesmo ambiente com ele… em fração de segundos minha lucidez voltou pois precisava agir e salvar a vida dele… O rádio que eu tinha infelizmente teve que transmitir a tragédia ocorrida no local, em seguida implorava à ele que falasse comigo… foi difícil ver que a voz dele se calou e trouxe um terrível silencio… minha farda, que momentos antes carregavam o suor do meu trabalho, agora carregavam o sangue de um amigo… em minhas mãos, que momentos antes carregavam um instrumento de trabalho, agora carregava o sangue de um amigo. A partir daí, a missão era daqueles que chegaram no local para atender ao meu chamado, implorei para que aquelas mãos que já salvaram muitas vidas também salvasse a do meu amigo… fui retirado da sua presença, pois de nada mais valia as minhas palavras a não ser para desconcentrar quem ali chegou para ajudar… Naquele momento voltei meus pensamentos a Deus que era o meu único recurso, dividia minhas orações com frases de desespero e torcendo para que aquela situação se revertesse… Momentos depois, recebi a notícia de que meu amigo, no cumprimento de seu dever, havia partido. Sua última ação foi tentar salvar vidas, livrar pessoas de um mal… Passado alguns dias do fato trágico em que me envolvera, pairava sobre a minha cabeça o sentimento de culpa, foi quando resolvi ver as notícias no computador e li a mensagem da Sra. Solange, o que eu li me trouxe um pouco de paz para o coração… Foi como um anjo tivesse tirado um pouco do meu sofrimento… Jamais poderia imaginar que a mãe do meu nobre amigo pudesse querer me dar um abraço… Neste momento eu compreendi de onde vinha a nobreza da atitude do Catarino… Volto então, ao inicio desta mensagem onde falei sobre a dádiva de conceber um filho e ensina-lo os caminhos corretos. Agora peço a Deus para ter a mesma sabedoria para criar os meus filhos para que quando estiverem grandes não se desviem dos caminhos ensinados… Família Catarino, jamais repararei a perda que causei, não sinto a dor de um pai, de uma mãe, de um filho(a) ou a de um irmão(ã), mas sinto a dor de ter tirado a vida de um companheiro de batalha excepcional… No momento do fato, fiz o que eu fui treinado para fazer, assim como o Catarino também o fez… Finalizo minhas palavras com um humilde pedido de desculpas e que Deus conforte os corações de quem sofre pela ausência do Catarino com a certeza de que um dia nos encontraremos em um lugar melhor onde não haverá tristeza nem sofrimento. Termino com uma passagem de 2 Timóteo 4:7 “Combati o bom combate, acabei a carreira e guardei a fé.” Brasília, 12 de junho de 2013. Soldado Damasceno
Posted on: Thu, 20 Jun 2013 19:38:42 +0000

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