Cebolas Inspirado na canção Nanas de las Cebolas Descascando - TopicsExpress



          

Cebolas Inspirado na canção Nanas de las Cebolas Descascando cebolas, Ela chora. Desejando morrer, Ir embora. Mas não pode desistir, Se matar. Uma criança tem de alimentar Com seu sangue. Tem que ter fé e conservar a esperança de que seu amado voltará e lhe abraçará e lhe beijará e eles se amarão para todo o sempre... Mas às vezes em meio a noite, Depois de colocar o nenê pra dormir, Se faz triste, descontente. Deprimida pensa em fugir. Seu marido não voltará. Foi pra guerra, Se fez terra E ela não tem para onde ir. Está perdida e abandonada no mundo Deveria partir, Se fazer terra também. Morrer,ser devorada pelos vermes A roer sua carne,podres germes, Para todo o sempre e além... Ela ora, ela chora À Deus implora: -Por favor traga meu marido agora Ou leve-me embora Daqui pro meu próprio bem. Amém! Não aguento mais ver Meu filho insone A chorar de fome, Enquanto eu me esforço A lhe alimentar Com leite de cebola. A embalar,cantar e ninar Rezando pra que durma logo E não chore mais... Cansei de sorrir e fingir. Leva-nos pra longe, Leva-nos daqui Eu e meu filho Para um lugar Onde não haja apenas cebolas Contentamo-nos com simples milho E um abrigo calmo. Um lugar onde os meus seios Não sejam feridos com intensidade Por um bebê que suga forte demasiado Tentando achar mais leite, Matar a fome e a sede Que está a lhe torturar... Enquanto isso eu a sangrar Sorrio e contenho as lágrimas De dor, desespero e saudade. E ponho-me a cantar, o nanar. -Você precisa dormir. Precisa sonhar! Quem sabe quando acordar Não encontrará Um mundo melhor Onde haja alimentos para todos E ninguém passe fome. Onde haja amor ao próximo. Um mundo sem violência, Repleto de paz E guerras jamais Nos atingirão... Um mundo onde a fome jaz Num caixão. Onde todos viverão em união Vendo o outro como seu irmão. E corações não mais chorarão De fome, agonia, dor, solidão... As cebolas ficarão no chão Na terra sem guerra De uma era sem mortes em vão... Desabafo! Oh que agonia! Como queria Que isso não fosse Apenas uma utopia... Infelizmente a triste melodia Da fome e da morte Ainda será entoada por lábios Secos que NÃO tiveram nossa sorte, Por estômagos vazios Repletos de fome, vermes, Tristeza e melancolia... Felizmente por mais dura que a realidade possa ser todos teremos o mesmo destino, ser devorado por germes malditos da raiz da cabeça à planta dos pés até o intestino... Pena que nossa cega retina Nãos nos permite ver na corrida rotina Os que passam fome, Os invisíveis sem nome Que somem Em meio a multidão. Aqueles que dormem no chão Em noites frias cobrindo-se com um jornal Enquanto reclamamos que não temos Dinheiro pra ir na Bienal. Legal! Pra que se importar, né?! Não temos nada a ver com isso. Antes aquele lixo Do que eu. Prefiro o breu Que cega meus olhos Do que ver a verdade tão clara Tão crua, tão nua E tão dura Para algumas pessoas. O que podemos fazer por elas Além de ouvir seu pedido de Socorro?! Se delas corro É porque morro Também. Já não posso ajudar ninguém, Quando não salvo nem a mim. Cada vez mais próxima do fim, A sorrir. Orarei por ti, E que Deus nos ouça E nossas almas possam alçar além, Além do céu e de todo mal, AMÉM!
Posted on: Wed, 04 Sep 2013 05:01:51 +0000

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