Crônicas da vida real E se as manifestações de hoje ocorressem no passado? Com certeza esse junho de 2013 já entrou para a nossa história. Milhões de brasileiros, em todos os cantos do país, foram às ruas protestar. Passeatas, concentrações e protestos mostraram as insatisfações populares com a política em geral, com a corrupção, saúde, educação, transporte, violência, etc. Marcante, também nesse junho, foi ver de volta às ruas uma juventude, que se julgava distante da participação cidadã do país. Usando as redes sociais para se organizarem, as manifestações foram crescendo, sucessivamente. Nossos dirigentes estavam estupefatos com a “novidade”, a proporção e tamanho delas. Os manifestantes pareciam cientes dessa novidade e faziam questão em afirmá-la nos variados cartazes que eram apresentados. Destaco a criatividade sem paralelo desses jovens. Com total desprendimento, “aproveitaram” a propaganda da Fiat e gritavam: “Vem pra rua, vem!” Além do slogan da Fiat, “adaptaram” também o da Johnnie Walker no famoso “ O Gigante Acordou “. A inspiração nas propagandas da Fiat a da Johnnie Walker não agradou a alguns puristas, que viram nessas adaptações ingenuidade e consumismo. Ao contrário desses críticos sei lá do que, achei as adaptações interessantes. Ficou boa a coisa do “Vem pra rua, vem!”. A rua é o locus das manifestações e protestos numa democracia cidadã e não somente para fazer a festa, no caso da propaganda da Fiat, festejar a Copa das Confederações, que era justamente um dos focos das manifestações e protestos. De certa forma, o “Vem pra rua, vem!” nas manifestações encarnava um espírito crítico. Era como se dissessem:” Olha o povo não vai para a rua só para fazer festa. O povo não é alienado. Estamos para protestar”. E como uma coisa puxa a outra, o slogan “O Gigante Acordou” complementa a ideia de que o povo está na rua e não é um abestado qualquer embriagado de whisky. Aos saudosistas de plantão fica uma dose de inveja dos manifestantes de hoje. A caretice dos slogans das manifestações dos estudantes de antigamente era visível. Que graça tinha o famoso “Abaixo a Ditadura!”? E o tal do “Contra a carestia!”? Olha como é confuso e sem força! Se os estudantes e manifestantes de antigamente fossem mais antenados e comunicativos e menos caretas talvez tivéssemos alguns slogans mais legaizinhos. Por exemplo, os comunistas podiam ter cartazes do tipo: “Se é Marx, é bom!” ; “Comunismo é isso aí!”; “Legítima esquerda, só o PCB. PCB, o legítimo!”. Os estudantes levariam grandes faixas onde se leria: “Gosto de transparência em tudo, certo? Exija transparência você também!” ou ainda: “Democracia, ao sucesso!” Pronto, falei!!!
Posted on: Sun, 28 Jul 2013 20:35:58 +0000
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