DEUS SORRI PARA OS ATEUS De repente um filósofo propõe um - TopicsExpress



          

DEUS SORRI PARA OS ATEUS De repente um filósofo propõe um problema: Se o conceito da divindade cristã ocidental posiciona Deus como entidade suprema, criadora de todas as coisas, e que tudo pode, tudo sabe e tudo vê... Seria correta a exortação Deus está trabalhando na minha causa! (?) Percebemos que trabalhar é uma atividade estritamente humana. O homem trabalha para alcançar determinada meta. Deus, não. O que a divindade quer, acontece imediatamente. E como ele sabe de tudo, antes mesmo de você pedir um milagre ele já deveria ter acontecido, pois Deus já sabia do seu pedido antes mesmo que você pensasse em pedir. Então a frase Deus proverá! também contém falhas. Deus proverá o quê? E se ele tudo sabe e tudo pode, você não precisaria pedir, pois o provimento já é garantido. Mas se Deus não quiser prover, de nada adiantará você pedir também. E se depois do pedido Deus se comover com a sua causa e decidir te ajudar, chegamos a um ponto de ruptura, pois sabendo Ele antecipadamente que você pediria muito, com todas as forças e toda fé, e sabendo que Ele mesmo se compadeceria do seu pedido e concederia o necessário, por quê não o fez antes, e por que faria depois? Daí temos um dilema, ou vários dilemas sob a mesma raiz teologico-filosofica: Se Deus está no controle de tudo e ama a todos, cabe a nós confiar Nele, mas se o que confia precisa pedir a Deus que olhe por ele e o ajude, então já não estaria desconfiando? Deus, em sua infinita perfeição, precisa ser lembrado que seus fiéis estão aqui embaixo sofrendo? Mas se crermos que Deus está cuidando de tudo, porque nos preocupamos? Por que trabalhamos? Aqui, o Novo Testamento discorre sobre o assunto, em Matheus 6:25-34, mas o texto em si não satisfaz o leitor mais criterioso, antes deixando mais dúvida que certeza, o que é muito bom em termos filosóficos, porque a nós interessa mais o caminho que a chegada. O livre arbítrio é a resposta comum, a mais fácil. Temos que trabalhar para sobreviver, e todo o resto dependerá das escolhas que fazemos perante o mundo. Nesse ponto, há de se lembrar que Deus sabe disso, Ele o sabia antes mesmo de tudo isso ser escrito ou pensado. Há sentido, então, em tentar compreender tais problemas, ou o exercício filosófico não é apenas uma distração para a mente do homem? Parece-nos que Shakespeare definiu bem essa dicotomia, no discursso do príncipe Hamlet, ao divagar sobre o ser ou não ser... O contexto da oeça é ligeiramente diferente, mas tão existencial quanto o nosso. E a nós, extrapolando a idéia, imaginamos: buscar o chamado reino dos céus primeiro, dando atenção aos afazeres da terra depois, não seria inconsequente? Bem, se Deus nos cuida, não há irresponsabilidade em nada fazer senão buscar a Deus. Mas perante os homens, cabe ser homem. Como equacionar isso? Teólogos encontrarão sempre um jeito, interpretando as escrituras como for conveniente aos tempos e às cidades. Lembre-se que as próprias escrituras são moldadas, interpretadas e reinterpretadas ao sabor das marés humanas. É natural, pois nosso anseio por respostas é inesgotável, e quanto mais evoluímos, mais temos ferramentas para interpretar melhor (O que é melhor ou pior? Quem define?) a própria religião. Os tempos mudam. Deus, não. Voltando alguns parágrafos, chegamos ao consenso: Deus é bom. Mas compadecer-se do pedido de alguém é algo humano, não divino. O que é ser bom?Uma das atribuições que damos à figura divina é a primazia sobre a justiça. Deus é amor; mas é fogo consumidor. Pois bem, Deus é o pai da justiça. Dito isso, pensemos... Se uma pessoa pede ajuda a Deus, com toda fé, será que o mesmo Deus, em seu infinito amor por este filho que ao pai clama, concederia a graça respondendo à sua oração, ainda que a demanda fosse injusta? Nesse caso Deus escolheria exercer o Amor ou a Justiça? O conceito do que é justo varia de sociedade para sociedade, sendo moldado pela voz das comunidades no curso do tempo. O que abominamos hoje, era lei ontem, e vice-versa. Deus estaria interessado em conceder benefícios a nós atendendo a pedidos que hoje são lícitos, mas amanhã podem não ser mais? A partir daí as questões se multiplicam exponencialmente. Haverão exércitos de vários lados, com diversas opiniões, cada qual trazendo seus argumentos, que para cada um será imbatível. Mas os argumentos dos homens satisfazem apenas às questões feitas pelos homens. E até mesmo o conceito da palavra DEUS submerge na estreita faixa do que compreendemos como divindade, e usar palavras como incompreensível, insondável, insofismável não garante definição alguma, entendimento algum. Ficamos assim concordando em discordar, e nisso reside a beleza triunfante da religião: Deus, se existir, não a reconhece. Por isso o pensador ateu, perplexo diante da sua própria incapacidade de provar ou negar que Deus existe, ama-o com todas as forças sem procurá-lo, sem nominá-lo, sem esperar por ele ou requisitar nada do mesmo. O ateu recusa a religião, mas aceita a Deus como elemento natural, uma vez que não se pode prová-lo ou negá-lo. É o contrário do agnóstico, que recusa qualquer tentativa de posicionar a divindade no contexto da realidade. Mas a realidade não se pode definir tão facilmente. Por isso a problemática de Deus não fecha, não há teorias ou teoremas suficientes para abarcá-la. Ao cabo desse exercício, ficamos ainda com as mesmas perguntas do início. Vale pedir a Deus que trabalhe nessa causa também? Do nada, nada sabemos. Do tudo, tudo possuimos. E diante da impossibilidade de mais saber, nós - os ateus, ao lado de Deus - simplesmente sorrimos. [Laus Deo]
Posted on: Sun, 03 Nov 2013 12:43:48 +0000

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