DO IMPROVISO AO PROVISÓRIO Odilon Silva (Escrito em 1980) Como - TopicsExpress



          

DO IMPROVISO AO PROVISÓRIO Odilon Silva (Escrito em 1980) Como na verdade, a verdade sempre se manteve oculta à espécie humana dos segredos da vida e até das coisas mais simples, a natureza lança suas bases no desenrolar do dia-a-dia sem previsão de quaisquer obstáculos. Ora, da maneira como foi projetado esse mundo, os obstáculos não existem a não ser que os tenhamos fabricado com a nossa própria imaginação. É o que se pode concluir. Deus fez o mundo em seis dias e escolheu o sétimo para descansar. Criou o homem e a seguir, a mulher, para os quais o Paraíso estava reservado. Aquele casal primitivo teria uma simples lua-de-mel, se a mulher não tivesse a maravilhosa ideia de transformá-la, por vontade própria, numa enlouquecedora noite de núpcias (dessas que se costumam fazer em MOTEL), quando surgiu diante do homem, mordiscando com muita singeleza uma rosada mação. Oh! Maçã avermelhada, símbolo da sensualidade, própria das mulheres... Oh! Mulher, figura singela e pura, perfeição na amplitude longitudinal da ignorância perplexa que circula nas massas cinzentas machistas, voltadas para o mundo do prazer. E o prazer, nesse aspecto, foi sentido pela primeira vez, amargo e duradouro no bosque do Paraíso pelos primeiros habitantes, presumidamente, deste mundo que já sofreu tantas transformações progressistas e antagônicas. Pode-se notar que em sua trajetória, o homem, vivendo ao pé da letra os verbos multiplicar, crescer, lutar e vencer, sentiu por inúmeras vezes o antegosto de seus eventos infrutíferos, o que o faz procurar com maior intensidade a objetividade e as coisas mensuráveis do pequeno universo do cotidiano, até conseguir certa consistência de responsabilidade. Tudo isso me vêm à tona de maneira complexa e abstrata, numa tarde cinzenta de domingo, após ouvir o estridente chamado do telefone ao canto.. Corri para atender e era um convite ao puro prazer na sua forma mais simples. - Fica prá outro dia, viu meu bem! Tchau! E essas paredes me cativaram devido ao mau tempo reinante – chove lá fora – e se o ponteiro de combustível não tivesse colado na letra R, bem que seria uma opção. Primeira opção, rejeitada. Restam-me quantas, ainda? Passo adiante, e a segunda, deixe-me ver, é a de ir à casa de uns amigos que estudam laboriosamente para o próximo Vestibular. Fui. E para surpresa geral, logo de entrada, deparei-me com o problema que já se transformava em polêmica – era uma hipérbole – e quase morro de tanto rir, numa alegria que transcende o prazer de conjugar saudações amigáveis e vê-los obter a interseção de um cone de revolução com um plano obtido por uma equação matemática. Era uma alegria que pode ser comparada à de uma criança que segura um balão em festa de aniversário e, de repente, Splasch! Assim, a tarde se completa numa opção, seguida de problemas de mecânica e, envolvidos em movimentos retilíneos uniformes, grandezas vetoriais, até a quantificação eletrônica; vez por outra entramos na órbita dos números quânticos orbitais e numa melancolia que dava pena, cantava no rádio – “Essa Tal Criatura” – talvez por não ter ganhado o prêmio da MPB. (Música Popular Brasileira). Enfim, vale a ressalva de que o prazer é imensurável e abstrato, podendo, dessa forma, ser substituído por uma simples e aparente satisfação, provisoriamente demonstrada. Nota 1: Essa Tal Criatura – Música interpretada por Lecy Brandão no Festival MPB, em 1980. Nota 2: Crônica inspirada em amigos: Rascunhada na casa do Edson Osni Cebola Ramos, na Ponta de Baixo, São José, onde estávamos reunidos, Paulinho, Sergio, Elias e eu. O Giba era um pentelho que atrapalhava a nossa inspiração. A Lúcia, muito curiosa. A Dulce bisbilhotava enquanto a Dona Luci preparava um café da tarde. CEBOLA, você fez parte das minhas inspirações.
Posted on: Thu, 03 Oct 2013 03:00:29 +0000

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