Desafios Encarar uma vida comprimida dentro de uma cápsula não será nada fácil. Serão seis “casas” montadas na superfície de Marte, com quatro moradores cada uma. Segundo os organizadores, os astronautas serão treinados para lidar com isolamento em períodos prolongados e passarão meses em um posto de simulação, montado no deserto ártico, para aprender a consertar componentes do hábitat e cultivar alimento. “O psicológico vai precisar de uma preparação muito boa e nesse ponto vai ser crucial o apoio dos outros três colegas da cápsula. Vamos supor que eu dê uma surtada, vou precisar da ajuda deles para me tratar”, afirma o estudante de medicina. Edmark está enfrentando um monte de interrogações sobre a viagem e, mais que isso, um tom de descrédito. “Eu tenho uma amiga que toparia ir comigo. O resto fala que eu sou doido e que não vai acontecer. Minha família não está dando muita ideia. Sabem que no decorrer de 10 anos tudo pode mudar. Se eu for escolhido, vou tentar dar meu melhor lá. Eu fiz inscrição mais por impulso, mas vou deixar a carruagem me levar.” Não é bem uma carruagem que vai transportar os novos marcianos. Eles vão viajar 210 dias em um foguete de mais de 20 mil quilos. O gigante ainda não foi construído e o desafio dos engenheiros é montar uma estrutura para amenizar a radiação cósmica perigosa durante a viagem. Edmark vai ficar com saudades da água geladinha, da comida mineira, do cochilo na rede, das música de rock e do material de estudo da medicina. Para ter uma ideia do trabalho duro dos colonizadores de Marte, a água potável será criada por meio do aquecimento de gelo extraído do terreno local. Para Graça, isso não será problema: “Já comi cobra assada e tanajura”, conta às gargalhadas. Graça vai sentir falta mesmo é do bate-papo com a filha de 21 anos. A artista vai conseguir esse contato, mas pode demorar. O sistema de comunicação da expedição é composto por um satélite em torno de Marte e pelas estações existentes na Terra. Os sinais enviados podem levar entre três e 22 minutos para chegar ao destino. Isso significa que se os astronautas tiverem problema vão demorar um bom tempo para receber ajuda, por isso precisam ser autossuficientes. Perfil Mesmo com as saudades, as dúvidas e os desafios, o que importa é que os mineiros estão com as inscrições feitas. “Acredito que serão escolhidas pessoas com perfil aventureiro. Tem que ter gente para fazer a parte da saúde, as pesquisas e desenvolver novas tecnologias. Quando forem surgindo as necessidades, alguém vai atuar na área de biologia, engenharia e informática”, afirma Edmark. Estão também na disputa aventureiros da Argentina, Chile, Colômbia, Espanha, México, Peru, Alemanha, Austrália, Canadá, Filipinas, França, Itália, Polônia, Reino Unido, Rússia, Turquia e Ucrânia. Os dois mineiros não falam inglês, o que pode dificultar a corrida para integrar a expedição. Graça não está se importando com o problema de comunicação, ela quer mesmo é fazer a diferença. “O meu nome vai ser escrito na história. Eu sou ambiciosa. Eu sempre pensei em mudar a história em todos os sentidos”, afirma.
Posted on: Tue, 19 Nov 2013 13:59:14 +0000
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