Devido à sua relação com os comunistas, Taiguara foi o músico - TopicsExpress



          

Devido à sua relação com os comunistas, Taiguara foi o músico mais perseguido pela ditadura militar brasileira: teve 68 letras censuradas e era mantido sob vigilância do serviço secreto quando no país. Em 75, retornou do exílio na Europa e, apesar da abertura do regime, percebeu que o sinal continuava fechado para ele. Ao invés de se adequar às exigências do Estado, Taiguara decidiu radicalizar o discurso, abandonou as massas e partiu para o experimentalismo no disco Imyra, Tayra, Ipy. Para driblar a censura, assinou as canções com o nome da mulher, convocou Hermeto Pascoal para fazer os arranjos e Wagner Tiso para reger os oitenta músicos da orquestra encarregada de executá-los. Lançado em 76, o álbum foi recolhido pela ditadura menos de 72 horas depois de chegar às lojas. Ciente de que não havia mais espaço para ele no Brasil, Taiguara novamente seguiu para o exílio, na África. A partir daí, sua história se desgarra da do disco. Enquanto estava censurado, os direitos sobre o álbum foram vendidos para uma companhia japonesa, que só o lançou no exterior. Após a redemocratização, a filha do cantor iniciou uma campanha pela repatriação do disco, que na semana passada, depois de 27 anos, finalmente pôde ser livremente comercializado no seu país. O álbum é uma pérola, fundindo estilos, o erudito e o popular, o Brasil urbano e o Brasil profundo, folclórico, místico e indígena, tratando como uma só tanto a libertação política como a espiritual (Como é que você vai me dar o que já é meu?/ Como é que você vai criar o que já nasceu?/ Como é que você resolveu/ Que eu sou livre agora/ Você esqueceu/ Que só quem pode me libertar sou eu). Em minha opinião, todos esses elementos se juntam e culminam na faixa Sete Cenas de Imyra. O resultado: uma supernova para os sentidos. O diálogo é cantado apenas pelo Taiguara (as duas vozes) e, curiosamente, toda a música gira em torno do número sete, presente já no título e no mote: sete cenas de Imyra cantadas em sete estrofes de versos de sete sílabas métricas cada ao som de uma melodia cujo compasso é 7/8. Para fechar esse 7 de setembro, a estrofe que fecha a música: Aos sete dias do mês/ Um dia azul de leão/ Me deram vida vocês/ Dou vida hoje à expressão/ Quero essa língua outra vez/ Quero esse palco, esse chão/ Brinca Tupi-português/ Dentro do meu coração.
Posted on: Sun, 08 Sep 2013 02:50:16 +0000

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