EU TINHA MEDO DE AVIÃO... Na primeira vez eu tive medo... Mas, - TopicsExpress



          

EU TINHA MEDO DE AVIÃO... Na primeira vez eu tive medo... Mas, como todo candidato a astronauta, eu queria certificar estes olhos que a terra há de comer que a Terra era mesmo azul... E lembrei-me dos livros de História que não tinham como esconder a célebre frase de Gagarin. No check-in, eu pedi a sorridente moça que me colocasse na janela. Claro que ela notou que eu era passageiro de primeira viagem... Com medo, não tinha como esconder a ansiedade. Quando ela perguntou “Senhor, o senhor deseja ir no corredor, no centro ou na janela?” eu quase que desisto de ser um Gagarin...Mas, macho como todo nordestino que se preza, me fiz de forte, e tremendo, balbuciei: Janela. E fiquei como se estivesse na asa; na janela em cima da asa. Não tem; engano: estrear num vôo de avião qualquer lugar é pior quando se tem medo; mas na asa do avião é muito pior... Toda e qualquer pessoa que teve medo de avião, deve ter chegado pertinho da “vias de fato” se tiver tido o azar de ter sentado na janela sobre a asa. É que neste canto do avião o sujeito – se for corajoso e olhar para fora da nave – vai ver o movimento brusco da asa, dando as famosas “quedas de asa”... Na segunda vez, no more. Lembro-me bem que, classe econômica, não tive escolha como da primeira vez: tive que ir no centro. Do meu lado esquerdo, uma jovem senhora, logo que o comandante anunciou a decolagem, desejando sorte, começou a rezar baixinho, mas suficiente para eu ouvir...E sorrir da sua forma de enfrentar a possibilidade de não voltar mais a fazer prece alguma. E eu, menos nervoso do que da primeira vez, lembrei-me do refrão arrastado de Medo de avião... “Aquele toque beatle, I wanna I hold your hand... Aquele toque beatle, I wanna I hold your hand yeah! yeah! yeah!...”. E assim perdi o medo de avião; isto é: de voar de avião... E desde então na quis mais parar. E comecei a me preparar... E então comecei a imaginar que ia realizar meus sonhos. Em tempo: repeti o refrão à exaustão: Aquele toque beatle, I wanna I hold your hand... Aquele toque beatle, I wanna I hold your hand yeah! yeah! Yeah! Aquele toque beatle, I wanna I hold your hand... Aquele toque beatle, I wanna I hold your hand yeah! yeah! yeah As duas primeiras viagens foram a trabalho. Viajei a mando do meu patrão. Eram vôos com escala. Eu nem botava os pés ora da nave... Herdei do meu pai o gosto pelo futebol. E logo cedo, nos livros de História e nos álbuns de figurinhas, eu via um senhor barbado, com um chapéu com um penacho enorme e uma cruz bem grande, pintada numa bandeira. Era o senhor Vasco da Gama. Sim, eu sou vascaíno até hoje... E um dos meus sonhos, após era ver o meu time do coração... Um dia o meu patrão me deu um presente: ida e volta num fim de semana, dia de jogo do meu time de coração, com diárias de hotel e tudo. Depois desse presente, nunca mais perdi um jogo. E agora, que meu cargo e minha remuneração permitem, eu não paro mais. Até treinamento e amistoso do meu time eu pego um Santos Dumont. Claro, claro que não tenho mais medo de avião... Também aprendi que uma lapada de uísque sem gelo substitui muito bem as orações que eu fazia no começo. A dica me foi dada pelo o padre da minha paróquia. E eu concordei, principalmente porque o vigário, com 30 mil horas de vôo, experiente já no vinho, só podia estar certo. Outro dia um cara que foi meu amigo de infância e adolescência, o Ferreira, disse que eu era tarado por avião; por andar de avião (Foi assim que ele disse). Disse a ele, Ferreira, que se ele descobrisse como era bom, ele só ia querer viver de aeroporto em aeroporto... Da última vez dei uma voada grande. Saí da minha terra, peguei um vôo para a terra da garoa. Em seguida deu vontade de andar no calçadão de Ipanema. E resolvi esticar. Peguei um vôo para Florianópolis; Floripa é uma beleza; a terra dos manezinhos (quase como a minha terra). Santa Catarina é uma coisa. É outro mundo. Florianópolis me fez criar a vontade de conhecer os cinco continentes...E resolvi dar uma esticadona: sem escala, para as terras alencarinas. Um chop, pra distrair, e em seguida check-in para a Ilha do Amor. Fui conhecer os azulejos e branculejos de São Luís do Mará. De São Luís quis saber como era mesmo a Praça dos Três Poderes... A Praça dos Três Poderes é massa! Mas eu não consegui nenhuma foto de lembrança. Nem eu nem os meus assessores levamos nossas câmaras digitais. É que ninguém sabia mesmo que íamos pra tanto canto. Fiquei pensando naquilo que o meu amigo disse. Mas tenho que me aproveitar...
Posted on: Mon, 01 Jul 2013 04:47:48 +0000

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