Entre escolas municipais da região, 86% não têm esgoto via - TopicsExpress



          

Entre escolas municipais da região, 86% não têm esgoto via rede pública, 58% não têm coleta de lixo periódica e 51% não são abastecidas de água via rede pública A maior parte das escolas do nordeste sofre com a falta de saneamento básico. A falta de esgoto via rede pública, por exemplo, afeta 86% das escolas municipais, 59% das estaduais e 50% das federais. Os dados são do QEdu, plataforma de informações educacionais do País que se baseia em dados do Censo Escolar feito pelo Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira). Segundo a coordenadora nacional da área de educação do Unicef (Fundo das Nações Unidas para Infância), Maria de Salete Silva, a falta de serviços básicos afasta crianças e jovens da escola. — Muitas meninas deixam a escola quando têm a menarca [primeira menstruação], por exemplo, por não terem condições adequadas para cuidar de sua higiene íntima. Leia mais notícias de Educação A estudante Joyce Veras conta que no ensino fundamental e médio sofreu com a estrutura precária da Escola Municipal Maria Neully Dourado e Escola Estadual Alcides Bezerra, cidade de Cabaceiras, no Estado da Paraíba. Joyce afirma que, apesar dos espaços terem alguma estrutura como banheiros, eles não foram bem feitos, “o que deixava um mal cheiro terrível em todas as salas”. — Na primeira [escola], eu estudava o fundamental I, e a hora do recreio era bastante desconfortável, pois tínhamos que nos alimentar naquele ambiente que possuía um cheiro um tanto quanto desagradável, mas ou era aquilo ou nada. Já na segunda, estava no ensino médio e estudar com aquele cheiro não colaborava nem um pouco para a nossa concentração. Na minha visão, além de prejudicar o nosso aprendizado, prejudica também a motivação dos alunos para irem à escola e estudar. Uma professora do município de Crateús, no Ceará (que não quis se identificar por ter sofrido represálias ao denunciar anteriormente o descaso em escolas públicas) afirma que a falta de saneamento é uma realidade principalmente na zona rural, em escolas que ficam no interior da cidade. — Vi em 2007, na escola Joaquim Braz de Oliveira, em Lagoa das Pedras, uma realidade muito triste. Dois banheiros em situações precárias. Apenas um vaso sanitário para cada espaço, sem água e esgoto a céu aberto. Mas assim como na escola, essa é a realidade da maioria das residências. Tanto é difícil para os alunos como para nós educadores. Creio que prejudica sim o aprendizado por mais que eles estivessem acostumados, não é algo favorável à pessoa não ter o básico para sua higiene e necessidades essenciais. Escutei muitas vezes entre eles que não vinham pra escola por conta do banheiro, uma vez ou outra estavam com algum problema de saúde e não sentiam-se a vontade com aquela situação. Maria, da Unicef, afirma que, no mundo, “400 milhões de crianças em idade escolar são infectadas por parasitas intestinais todos os anos, o que impacta negativamente na sua aprendizagem”. — Muitas crianças adoecem. Se estão doentes, muitas vezes deixam de ir à escola. Se vão, tem mais dificuldades de aprender. Outra professora do município de Irecê, na Bahia (que também preferiu não ser identificada por já ter sofrido represálias ao denunciar a falta de atenção às escolas públicas) conta que faltam banheiros nas salas da escola municipal em que trabalha. Quando um aluno ou professor precisa ir ao banheiro, tem que caminhar 50 metros até a estrutura mais próxima. — Por isso, na grande maioria das vezes que os alunos que chegam à escola com a barriga doendo, vão embora, outros têm vergonha de dizer que a barriga está doendo e nem comparecem às aulas. Além disso, os que permanecem na sala de aula saem para irem ao banheiro se dispersando, muitos nem retornam para a sala. Dessa forma, lhes são negados os direitos assegurados pela CF e LDB, no que tange ao cumprimento das 800 horas anual. No que se refere à aprendizagem destes alunos sempre ficarão lacunas a serem preenchidas. Falta dágua A falta dágua é outro problema apontado pela professora. — Vivemos no semiárido do sertão nordestino, que devido à escassez das chuvas, a falta de água é constante. Sendo assim, de duas a três vezes por semana os alunos são liberados no intervalo, pois não existe condições de desenvolver o trabalho, pois falta água até para saciar a sede, imagine para realizar a limpeza dos espaços. E, mais uma vez o calendário fica comprometido. Das escolas nordestinas municipais, 51% não são abastecidas por água via rede pública. Entre as estaduais, esse número é de 13%, e federais somam 19%. A reportagem do R7 tentou contato com as prefeituras das cidades citadas mas não conseguiu encontrar os responsáveis para falar sobre os casos citados. Projeto Uma parceria entre a Unicef e a marca de cloro em gel Vim, da Unilever, lançou em outubro uma campanha brasileira para garantir o saneamento em escolas de educação básica no semiárido nordestino. Segundo dados da campanha, “mais de 450 mil meninos e meninas não têm esse direito assegurado”. O gerente de marketing na Unilever, da área de produtos de limpeza e amaciantes, Diego Colicchio, conta que desde o lançamento da parceria com a Unicef, em 2012, o projeto já ajudou cerca de 600 mil pessoas, em países como Filipinas, Gâmbia, Gana, Nicarágua, Nigéria, Paquistão, Sudão e Vietnã. Quando questionado sobre o fato de empresas privadas precisarem investir em questões básicas para população como o saneamento, Colicchio afirma que vê o projeto como responsabilidade social da empresa.
Posted on: Mon, 02 Dec 2013 10:49:49 +0000

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