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Escrevi a seguinte crítica em 2003: «CLASSIFICAÇÃO: **** (Muito Bom) “Nos Meus Lábios” é um filme muito francês, ou seja, está na linha das obras mais lúdicas do cinema francês actual, que tem um estilo muito próprio na forma de narrar e filmar histórias. Mesmo o facto de o filme começar por ser um drama social (elemento obrigatório no cinema francês) e depois se tornar um thriller lembra, claro, Chabrol, mas também Téchiné e como esquecer o recente “O Adversário”, de Nicole Garcia? Assim, quando a história se começa a definir, estamos em pleno terreno “sociológico”: Carla, uma mulher pouco bonita, solitária (excelente Emmanuelle Devos!), divide a sua vida entre uma entrega quase exclusiva ao seu emprego de secretária e, nas horas vagas, o ser frequentemente requisitada, incapaz de recusar, para “ajudar” as “amigas” nas suas aventuras amorosas, emprestando o seu apartamento ou servindo de baby-sitter dos filhos. Também no emprego é constantemente desconsiderada e gozada. O seu handicap – Carla apresenta graves défices auditivos, necessitando de uma prótese para conseguir ouvir – fê-la desenvolver a capacidade de ler os lábios das outras pessoas (o que se revelará fundamental no decorrer da trama). Entretanto, o patrão, vendo Carla atulhada em trabalho, autoriza-a a contratar um estagiário, que a auxiliará nas tarefas mais básicas. É assim que Carla conhece Paul (também excelente Vincent Cassel!), ex-presidiário, que procura o seu primeiro emprego após 2 anos na cadeia. Estabelece-se, entre os dois, uma relação muito peculiar: mulher feia, introvertida e inteligente/homem bonito, bruto e estúpido. Curiosamente, começamos a aperceber-nos de que nem ela é tão angelical, nem ele é tão estúpido. O dom de Carla de ler os lábios acaba por ser de grande utilidade na concretização de um plano criminoso de Paul. O filme passa, então, a thriller. O argumento é deveras interessante e bem congeminado. A realização de Jacques Audiard é competente. E concordo em absoluto com o António Cabrita, quando ele diz, na sua crítica ao filme no semanário “Expresso”: “Vai uma aposta em como Hollywood fará uma «remake» da fita?”. Parece-me inevitável.»
Posted on: Tue, 11 Jun 2013 22:02:44 +0000

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