Estou impressionado com a qualidade do trabalho jornalístico - TopicsExpress



          

Estou impressionado com a qualidade do trabalho jornalístico investigativo que vem sendo feito por Luiz Carlos Azenha, Rodrigo Vianna e Miguel de Rosário neste caso que envolve um processo fiscal contra a Rede Globo e também uma representação penal pela prática de crime, que inexplicavelmente o MPF não levou à frente, segundo eu li numa matéria do Rodrigo Vianna. Os jornalistas estão de parabéns. Eles investigaram e conseguiram apurar fatos gravíssimos envolvendo a Rede Globo, principalmente com relação ao sumiço do processo, com uma servidora da Receita Federal sendo flagrada surrupiando o referido processo. Acontece que uma das fontes sigilosas dos jornalistas, responsável pelo vazamento da história, apelidado "garganta profunda", já disse que existe uma cópia do processo original (isso eu li ontem, numa matéria do Rodrigo Vianna). Entre 2003 e 2004, a Globo procurou o Governo Federal porque estava passando por enormes dificuldades financeiras, consequência de decisões erradas tomadas pelo Globocabo. Na época, a proposta do Governo Lula foi a de emitir debêntures para salvar financeiramente a Rede Globo. Na prática, segundo Vianna, isso daria ao Governo o controle acionário sobre a Rede Globo, fato que contrariou a direção da empresa. Foi aí que ela teria declarado guerra ao Governo Lula e empreendido todos os ataques que seguiram durante as investigações do mensalão, culminando na campanha acirrada pró-Alckmin na eleição de 2006. Nessa ocasião, a Globo já estaria a par de investigações fiscais que estavam sendo levadas adiante pela Receita Federal. Na época, segundo Vianna, a ordem de Lula foi a de que “não vamos intervir, os auditores têm autonomia funcional e devem fazer o trabalho deles”. Acontece que foi em 2006 que um auditor fiscal carioca, servidor da Receita Federal do Brasil, de nome Alberto Sodré Zile, abriu um processo administrativo fiscal que descobriu que a Rede Globo havia aberto uma empresa no paraíso fiscal das Ilhas Virgens (a empresa chama-se Empire, "império" em inglês) e negociado com a FIFA os direitos de transmissão das Copas do Mundo de 2002 e 2006. A negociação aconteceu no longínquo ano de 1998, 17 de dezembro daquele ano, para ser mais preciso. A Globo comprou os direitos de transmissão das Copas do Mundo de 2002 e de 2006 por US$ 221 milhões de dólares. A empresa que intermediava as negociações para a FIFA também atuava nas Ilhas Virgens e existem denúncias, apuradas inclusive pela justiça suíça, de que Ricardo Teixeira e João Havelange teriam recebido propina dessa empresa, algo na casa dos milhões de francos suíços. O caso é gravíssimo. Existe inclusive a informação que dá conta da possibilidade do Governo Lula ter negociado com a Rede Globo, nas vésperas da eleição de 2006, a suspensão do andamento deste processo fiscal, que poderia deixar a empresa dos Marinho financeiramente combalida naquela altura, pois ele enfrentava na ocasião sérios problemas financeiros, que foram administrados depois da obtenção de empréstimos junto ao BNDES. Vianna relatou que trabalhava na época na Rede Globo e que houve comentários de bastidores dando conta de que a Globo e o Governo Lula teriam se sentado à mesa para negociar. Coincidentemente, desde então o processo sumiu e aparece no site da Receita Federal como "em trânsito". No entanto, agora se sabe que houve uma atuação clandestina de uma servidora da Receita Federal, de nome Cristina Maris Meinick Ribeiro, que entrou nas dependências da Receita Federal do Brasil no Rio de Janeiro e simplesmente sumiu com o processo fiscal contra a Rede Globo (!). Ela foi flagrada pelas câmaras internas do prédio. Essa situação afasta qualquer intervenção do Governo Lula no caso, pois se trata de uma clara atuação clandestina, o que não seria preciso caso houvesse uma negociação direta com o Governo Federal e com as autoridades que comandam a Receita Federal. A servidora da Receita agiu claramente a mando da Rede Globo, provavelmente cooptada por propina. Ela inclusive foi condenada pela Justiça Federal como incursa nos crimes tipificados nos arts. 305 e 313-A do Código penal brasileiro (além de sumir com o processo fiscal contra a Rede Globo, art. 305 do Código Penal, ela teria inserido dados falsos em outros processos fiscais envolvendo outras empresas, art. 313-A do Código Penal, ou seja, é uma servidora da Receita com um perfil que indica uma tendência à prática de crimes contra a administração pública). O trabalho investigativo dos jornalistas Luiz Carlos Azenha, Rodrigo Vianna e Miguel do Rosário, do blog "O cafezinho" foi de primeira categoria. É a blogosfera progressista trazendo à tona fatos que não serão objeto de reportagens nos grandes meios de comunicação, pois isso eles tendem a abafar, principalmente a Rede Globo, que está tão atordoada com a descoberta desse escândalo que soltou uma nota oficial comentando o caso que não fala coisa com coisa. Enfim, a Rede Globo está perdida, porque o golpe do sumiço do processo pode não ter resultado em grandes efeitos positivos para ela: alguém na Receita Federal conseguiu, de forma sigilosa, fazer uma cópia da íntegra do processo, tanto que disponibilizou páginas do processo para o jornalista Miguel do Rosário, que publicou pioneiramente as primeiras reportagens sobre esse gravíssimo caso em seu blog. Segue mais uma excelente matéria sobre o caso, dessa vez de autoria do jornalista Luiz Carlos Azenha, publicada na data de hoje em seu blog, "Vi O Mundo": viomundo.br/denuncias/funcionaria-da-receita-foi-condenada-por-sumir-com-processo-da-globopar-cameras-flagraram-a-retirada.html
Posted on: Tue, 09 Jul 2013 16:17:17 +0000

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