Estão se angustiando à toa -- esse movimento todo vai, muito naturalmente, se esvair. Não sei qual será o restolho, mas não vai cair governo nenhum agora. O país deve viver uma crise econômica séria logo, logo, mas ela ainda não chegou, e isso priva de oxigênio o auê. Política de rua não é apenas um porre. É também, ao fim e ao cabo, contraproducente. A satisfação que traz é, quando muito, hormonal. O problema é que, após 10 anos desses índices de aprovação maquiados (quase norte-coreanos) e dessa oposição praticamente inexistente (a ponto de UM semanário e UM juiz do Supremo terem sido eleitos as principais ameaças à sobrevivência de Tudo Quanto É Bom e Justo), nem os mandachuvas que sabiam muito bem que as porcentagens eram furadas e que o pessoal do contra tava capado têm ciência do que fazer quando veem cara feia de verdade. Prova disso é o sumiço de figuras que antes eram uns pavões e que, agora à noite, ninguém sabe, ninguém viu. Onde tá a presidente que cita Camões? Onde tá o ministrinho sonso da Justiça? Onde tá o -- hahahahaha! -- Ruy Falcão? (Fico imaginando se aqueles paletós sempre vários números maiores não servem pra se encolher e se esconder lá dentro, feito jabuti, quando dá lerda.) Sobretudo, onde tá Aquele Que Quando Abre a Boca Alumia o Cosmo? (Bom, esse é o David Copperfield do messianismo político, aparecendo e desaparecendo conforme lhe convém, o amarelão.) Ao menos aqui da minha perspectiva paulista, a coisa deve andar feia pros petistas quando o figurão que mais vi se pronunciar acabou sendo o Haddad, sujeito que vinha correspondendo ao arquétipo do mordomo perfeito -- aquele que, quando entra numa sala vazia, ela fica mais vazia ainda. Mas, enfim, não vai haver hecatombe alguma. Aliás, se o governo perde pontos aqui e ali, ele os ganha da parte de uma maioria silenciosa que não gosta da arruaça. Muita gente fica tão excitada com 1968 que esquece quanto, mundo afora, a zoeira só reforçou os establishments. Vou, entretanto, curtindo minha Schadenfreude com os esquerdistas que roem as unhas pela madrugada, tão acostumados a suas reconfortantes unanimidades e tão atrapalhados quando viram, muito literalmente, vidraça. Não vão ficar muito tempo nesse sofrimento; mais uns dias, as velhas certezas voltarão, e o peito vai se estufar outra vez. Até lá, porém, vou me dar a alegria de umas gargalhadas.
Posted on: Fri, 21 Jun 2013 08:34:47 +0000
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