Eu não tenho condições de fazer uma análise completa como - TopicsExpress



          

Eu não tenho condições de fazer uma análise completa como essa. Mas quando eu critico os jornais de Cachoeiro é disso que eu estou falando. Não sejamos inocentes. Parabéns Erly Vieira Jr! "SENSACIONALISMO É ISSO: Dedicar o mesmo espaço (uma página inteira) tanto à síntese do que foi o movimento #OcupaALES (e a todos os seus resultados e reivindicações, inclusive a histórica diminuição do valor do pedágio da Terceira Ponte - algo impensável antes das manifestações de junho pra cá), quanto ao estado das instalações do refeitório da Assembleia, logo após a saída dos manifestantes. Parabéns, A GAZETA, por se render, cada vez mais, à pratica do jornalismo sensacionalista mais vulgar e simplório. Vou ser didático, porque tem muita gente que não entende as coisas sem explicações detalhadas: O conteúdo dos assuntos que foram sintetizados na primeira página dentre as duas que citei, são infinitamente mais importantes (como notícia, inclusive, já que têm impacto maior na vida do cidadão capixaba, e da Grande Vitória, em especial) do que o assunto que ocupa TODA a segunda página destinada a noticiar o resíduo final da ocupação. Não que este não precisasse ser noticiado, o que questiono é o espaço exagerado dado a ele, que no máximo renderia, como notícia, talvez 1/4 ou 1/6 de página, isso contando com a foto. Dar a isso o mesmo espaço dado ao resto dos eventos acima citados, que inclusive têm um peso histórico infinitamente maior, é pura e simplesmente praticar sensacionalismo. Quando uso o termo "sensacionalismo" penso o no seu sentido primordial, o de produção artificial de reações emocionais extremas no leitor, a partir da sobrevalorização de detalhes que visem chocar mais que informar. A prática sempre foi comum no ramo jornalístico, pelo menos desde o século XIX, quando era utilizada para ampliar o clima de insegurança urbana e de risco físico iminente nas então nascentes regiões metropolitanas - isso, inclusive, está num texto que todo estudante de jornalismo da Ufes lê logo no primeiro período (já há vários anos, desde que comecei a dar aula pra eles): "Modernidade, hiperestímulo e o início do sensacionalismo popular", de Ben Singer. (Não conhece? Busca no Google, é bem fácil de ser encontrado). Singer demonstra o quanto o sensacionalismo historicamente se constituiu numa prática regida pela lógica conservadora de semear o medo no cidadão comum, ao fomentar um imaginário da cidade como espaço propício para o caos desmedido e a violência, produzindo assim altas cargas de ansiedade junto a uma população que passa a se sentir mais segura se puder evitar ao máximo a ocupação do espaço público. O autor usa as charges publicadas na imprensa na virada do século XIX para o XX, que vilanizavam os bondes e automóveis da época, pra ilustrar essa prática. E quando me deparo com a foto da cadeira fincada no gesso do teto e das paredes cobertas por pichações (que, curiosamente, é maior que a foto da página ao lado, em que os manifestantes lêem o comunicado direcionado à imprensa e à população em geral), fica impossível não fazer a associação. As intenções aqui são claríssimas: desautorizar os movimentos sociais, semeando na população uma duvidosa aproximação dessas lutas às práticas de vandalismo, como se isso pudesse automaticamente criminalizá-las. E disfarça-se tudo sob uma mítica imparcialidade jornalística (outra falácia que qualquer faculdade de jornalismo desmonta logo no primeiro semestre de curso). Esse discurso é bem comum em A Gazeta (e na TV Gazeta também). Lembremos dos protestos contra o aumento da passagem em 2011 e 2012, pra ficarmos num exemplo recente, cujas reportagens são facilmente localizáveis nos Googles da vida. A ironia é publicar uma coisa dessas em pleno 14 de julho, data que nos recorda a Queda da Bastilha. Só digo uma coisa: Cada um tenta derrubar suas próprias bastilhas com as armas que dispõe. Se uma cadeira fincada no rebaixamento de gesso do teto é mais importante do que uma redução de mais da metade do valor do pedágio, acho que tá na hora de rever seus conceitos. Depois, não adianta reclamar que seus repórteres são frequentemente expulsos das manifestações e movimentos populares."
Posted on: Sun, 14 Jul 2013 15:36:54 +0000

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