Evidencia-se pelo brilho nos olhos, nas vitrines, nos dias e - TopicsExpress



          

Evidencia-se pelo brilho nos olhos, nas vitrines, nos dias e noites o tempo iluminado do Natal. Amava o Natal. Era quando vinham os 3 que moravam na Matriz 37. E vinham os de Pedro Leopoldo se juntar. Quando minha mãe se preparava com a escolha dos quitutes, fazia todos, enfeitava a casa, comprava presentes para todos, os mais singelos. Quando no dia 25 juntavam-se todos, respeitando o fato de papai não poder jantar, e dos agregados terem ceias em suas respectivas famílias. Quando ela foi ficando mais sabia e vagarosa, dividíamos os pratos por famílias, sob as ordens de mainha. Era tão bom passear de carro para ver as luzes da cidade, ainda incipientes, e talvez por isso, belas. O presente dos pais pensados, o dos irmãos e sobrinhos as vezes feitos de madrugada, enquanto minhas duas filhas dormiam. A idéia para o marceneiro e a feitura de peças bonitas. O entregar de casa em casa. A troca de pães, patês franceses do Phelipe, do Arroz Doce , receita de Minduca, tão criticado, mas tão bom. Eram outros tempos, dinheiro curto, muita curtição. Era uma família grande, afetuosa, presente, apesar da ausência sistemática de Helô depois da morte do Lincoln. Com strogonofe de língua, depois do roubo das línguas. Com os croquetes da Nira, a presença de Geralda, os pratos refinados de Vera, os toscos meus, a fartura toda . Papai o primeiro a ser servido, mamãe a última. Depois lavar os pratos e guardar tudo. Uma ordem anual no caos da vida familiar. Como era bom o Natal! Esperado e ansiado por todos. E agora José? A festa acabou, o povo sumiu, e agora José? Para onde José? Foi-se o Natal. Este ano não vai ter brilho nem festa. Talvez ano que vem...
Posted on: Thu, 28 Nov 2013 02:43:17 +0000

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