Falando de ópera... Estava tomando um banho há pouco e pensando sobre porque Luciano Pavarotti foi meu ídolo de infância e adolescência, depois caiu-me em "desuso" e voltou a estar no mesmo patamar de todos os grandes nomes da lírica antiga do mundo (Caruso, Bjorling, Gigli, Schipa, Laur-Volpi, et,c etc, etc, etc...). Lembrei-me de diversas postagens no youtube mostrando algumas falhas vocais do célebre tenor italiano, inclusive uma noite de uma "Fille du regiment" terrível num Metropolitan aparentemente lotado e que durante muito tempo me fez pensar: "porque é que ele teve de fazer essas coisas? Não poderia ter parado antes? Teria mesmo de cantar de modo tão feio assim?" E a resposta a todas essas perguntas é sim, deveria! Não era apenas uma questão financeira pra cumprir contratos, era uma questão fisiológica e diria até espiritual... o fechamento de um ciclo, o cumprir correto de uma missão que não terminou com a sua morte pois ainda daqui 50 ou 100 anos, muito irá se falar deste mito que foi para nós, um presente de Deus. Beniamino Gigli como Pavarotti era diabético e a doença não fez também com que Gigli parasse de cantar ou, baixasse tonalidades do que iria cantar mas, quando Gigli se preparava para turnês, ao menos no início de sua carreira, suas viagens eram feitas no navio, o que lhe dava tempo bastante para preparar entre uma viagem e outra, este ou aquele papel. Pavarotti por sua vez, entrava na era do avião a jato, lembro-me que quando esteve no Brasil em 1991 cantando no Pacaembú (que fui assistir), dois dias antes estava na Argentina e, afirmo que não é fácil a um cantor mudar de ares abruptamente indo de um lado a outro, preservando a voz a qualquer custo, mantendo-a intacta para poder cantar. Lembro que o brilhante engenheiro/historiador operístico e pesquisador de ópera (também professor da USP) Sérgio Casoy disse que o maior inimigo da voz moderna é o avião. continua...
Posted on: Fri, 28 Jun 2013 03:57:41 +0000
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