Fotografia - Gênese e êxtase Sesc Belenzinho, em São Paulo, - TopicsExpress



          

Fotografia - Gênese e êxtase Sesc Belenzinho, em São Paulo, recebe a mais nova exposição de Sebastião Salgado O Popular/ Magazine/João Novaes – 15 09 13 (domingo) Sebastião Salgado e o livro que retrata a vida em 30 regiões isoladas do planeta Um elefante tenta correr do encantado aprisionamento da lente de Sebastião Salgado. Sua vã tentativa levanta uma poeira dourada pelo sol que o envolve e glorifica ainda mais a imagem. Um pinguim se atira sorridente nas águas gélidas do Ártico. Logo atrás de si, um outro pinguim parece querer tomar o último lugar na fila ou não mais saltar como seu companheiro acaba de fazer, intrepidamente. Um leão-marinho risonho e desinibido se vira para a câmera e em seus olhos podemos ver, diminuto, o único reflexo do fotógrafo em toda a exposição. Em segundos o olhar fica bestificado com o labirinto mágico e imagético criado por Sebastião Salgado na exposição Genesis, que já passou pelo Museu do Meio Ambiente, no Jardim Botânico do Rio de Janeiro, e agora está no Sesc Belenzinho, em São Paulo. Antes, a exposição foi mostrada em Londres (em abril), Toronto (maio) e Roma (julho). Existem quatro conjuntos da exposição que estão circulando simultaneamente pelo mundo. Genesis é composta de 250 imagens de tirar o fôlego, mas também capazes de acalmar a alma, levando o visitante a uma imersão meditativa pelos jardins do éden ainda remanescentes no mundo. Depois de nos trazer toda a fúria do universo dos Trabalhadores, a aspereza do mundo dos sem-terra e de Serra Pelada, ou mesmo as atrocidades cometidas em Darfur, durante oito anos o fotógrafo visitou mais de 30 regiões remotas para mostrar o que ainda nos restou do paraíso criado na Terra. Em alguns momentos, as fotos de Genesis se assemelham a gravuras compostas pela natureza, principalmente quando o fotógrafo se debruça sobre as pradarias intocadas do Alasca ou o gelo ártico craquelado pelas mudanças climáticas. Os nomes dos povos e dos lugares ermos que Salgado visitou agradariam muito o poeta Reynaldo Jardim, com sua linguagem repleta de Ks, Ys e Ws. Assim como o cineasta Glauber Rocha, que também adotou o linguajar de Reynaldo. A tribo mentawai (da Sumatra), nossos amigos kuikuros, os isolados zo’es da Amazônia, os nenets do Vale do Yamal na Sibéria, ou os habitantes do Vale do Omo na Etiópia foram clicados por Salgado. Lugares longínquos, esquecidos pela civilização. As obras estão divididas em cinco sessões: Amazônia e Pantanal, Terras do Norte, África, Santuários e Planeta Sul. Paisagens como a Antártida, as Ilhas Malvinas e Galápagos, Nova Guiné, Botsuana, Estados Unidos, Canadá, Rússia e Brasil são mostradas. Filme Dois filmes recentes mostram a figura ímpar de Sebastião Salgado, um já pronto, o outro em produção: Betse de Paula acaba de concorrer em Gramado com Revelando Sebastião Salgado – o trailer pode ser visto no site auroracine.net/documentario/se- bastiao.html. E o filho do fotógrafo, Juliano, que cresceu em Paris, onde Sebastião mora desde 1969, se juntou ao cineasta Wim Wenders para criar um longa que acaba de ser finalizado. Juliano acompanhou, a princípio relutante, o pai e a mãe em algumas das viagens pelo mundo que deram origem à série Genesis. Um grande filme deve estar por vir daí, ainda mais contando com um mestre como Wim Wenders para lapidar material tão precioso quanto as fotos de Salgado. Sua estreia mundial estava prevista para acontecer no Festival de Veneza no final do mês passado. Transição Sebastião, ou simplesmente Tião, como o chamam os mais próximos, fez a transição da fotografia analógica para a digital na metade do seu trabalho com Genesis. Disse estar cansado de ter de brigar em aeroportos para que seus filmes não sofressem a radiação dos raios-x. E cansado também do peso que as películas chegavam a ter em sua bagagem, cerca de 30 quilos. Agora pode carregar sua visão de mundo em cartões que pesam só 800 gramas, juntos. Mas, independente de se foi feita digitalmente ou sobre película, a marca de Sebastião está impressa em cada frame, com sua linguagem em que o preto e o branco parecem dizer muito mais sobre o mundo do que se fossem em cores. Livros Duas versões de luxo do livro Genesis estão à disposição dos mais apaixonados: uma que custa 6 mil dólares e outra de 12 mil dólares, com réplicas das fotos em tamanho gigante, como as vistas na exposição. Mas Salgado também conseguiu trazer ao Brasil o prestigiado editor Edward Taschen para que fizessem uma versão acessível ao público: a versão para consumo de Genesis, que está à venda na internet e em diversas livrarias por cerca de R$ 150. Um preço razoável para o padrão de livros de arte. O ativismo ecológico de Salgado vai além de suas fotos. O fotógrafo mantém no interior de Minas Gerais um projeto de recuperação ambiental que já replantou mais de 1 milhão de árvores que haviam sido extirpadas da natureza. E pretende recuperar toda a bacia do Rio Doce com a ampliação futura de seu projeto. Esse é o foco do Instituto Terra, que, além de recuperação de áreas degradadas, também atua fortemente na educação ambiental de alunos da região. Segundo Lélia Wanick, mulher de Salgado e curadora da mostra Genesis, a recuperação de áreas degradadas em Aimorés, região em que nasceu o fotógrafo, que deram origem ao Instituto Terra, foram uma espécie de embrião para o projeto Genesis como um todo. A força da fumaça do gelo em uma aldeia esquimó congelada na imagem e também a fumaça da lava em torno de um cactos capaz de sobreviver a altas temperaturas. A pata de uma iguana em close que parece uma armadura feita de ouro. Imagens que não saem da cabeça, que entorpecem e limpam a consciência. Gênese e êxtase de saber, ali, por meio de todas aquelas imagens, que, apesar de todas as atrocidades cometidas pelo homem contra seu próprio planeta, ainda restam muitos lugares quase que intocados, onde não impera a lógica atroz e ultrapassada do capitalismo e do frenesi das metrópoles. Ali, naquelas sociedades tribais mostradas por Salgado, está exposta talvez a solução para o impasse civilizatório que atualmente vivemos. Seja no homem que flutua sobre samambaias à procura de insetos na Papua, ou no olhar certeiro da onça pantaneira encarando a câmera, estão indícios de que, se não formos estúpidos e agirmos, o planeta ainda pode ter solução. As vistas aéreas são de uma beleza à parte, já que Salgado parece ter optado por voos com balões em todos os lugares que pode, para não assustar os animais e poder se aproximar o máximo deles. O céu e as nuvens espelhados nas águas das Anavilhanas na Amazônia. Uma manada de búfalos em meio ao capim do Wyoming que o olhar segue. A poeira perene do Monument Valley e suas montanhas esculpidas pelo tempo. Lugares que driblam de forma quase milagrosa o desenvolvimento e a incursão da sociedade moderna. A mostra vai ainda para Porto Alegre, Belo Horizonte e Vitória. Tomara que venha também pra Brasília, pelo menos, para poder ver de novo este trabalho tão importante e, quem sabe, imergir novamente na gênese e no êxtase de imagens sem igual! Mostra: Genesis – Fotografias de Sebastião Salgado Quando: Até 1º de dezembro Local: Sesc Belenzinho – Rua Padre Adelino, nº 1.000, Belenzinho, São Paulo (SP) Horário: De terça a sábado, das 10 às 21 horas; domingo, das 10 horas às 19h30 Entrada franca
Posted on: Sun, 15 Sep 2013 08:43:04 +0000

Trending Topics



Recently Viewed Topics




© 2015