Há quase dez anos – poucos sabem – sofri um dilaceramento de alma. Uma estocada grande e fria, talvez necessária nesse doído processo de crescimento inerente a qualquer ser vivo. A primeira perfuração que verdadeiramente sangrou com dor, num momento em que eu estava bastante fragilizado. O golpe, falemos assim, levou alguns sonhos embora e deixou uma imensa carapaça de espinhos que uso até hoje, me transformando literalmente em um ouriço. Posso permanecer mole por dentro, mas é muito difícil chegar lá. Pois bem. Dez anos. Um tempo muito alto em que as lembranças perdem as tonalidades e se esmaecem como as antigas fotos em papel. Havia uma esperança – sempre tem – de que parte dessa história, que terminou em vírgula, ganhasse ponto final. O destino se encarregou, sozinho, de colocar essa fatídica pontuação de maneira definitiva; pelo menos até onde sabemos. Ficou, talvez, para uma outra vida. Olhando de maneira pessoal, vejo que o destino tem se encarregado de cortar a machadadas muitas das minhas amarras com o passado. Sinal, talvez, que é para entender de vez a urgência em me soltar para seguir em frente. Assim seja então, que venham novas vivências. A gente vai procurar ficar em pé e sorrindo, quando possível. Àqueles do passado, muito obrigado e os meus respeitos. E até o futuro.
Posted on: Mon, 29 Jul 2013 00:58:23 +0000
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