José António Baço E os cérebros? Li, aqui no “AN”, que Joinville está à espera do anúncio do local da nova montadora da Mercedes-Benz. E fiquei sabendo por declarações do secretário de Desenvolvimento Econômico, Jalmei Duarte, que a cidade está no páreo, apesar de não ser favorita. Eis o tipo de notícia que põe um brilho nos olhos dos “progressistas”. Tudo bem. É óbvio que os investimentos e a geração de empregos só podem trazer crescimento para a economia local. Mas sem querer questionar o mito do progresso (os mitos não admitem questionamentos), fico a perguntar se deve ser essa a vocação da cidade. O prefeito Udo Döhler não se cansa de repetir o discurso da Joinville do futuro. Mas que futuro? Não se tem ouvido falar na atração de um tipo de investimento mais em sintonia com a evolução econômica: empresas de elevados conteúdos tecnológicos. O futuro é feito com mais cérebros e menos braços. O mundo vai na quarta revolução industrial. É o tempo da nanotecnologia, da biotecnologia, das tecnologias da informação, das indústrias limpas, das energias alternativas, da ecologia humana, da internet, dos objetos. Ou seja, uma economia só é moderna se apostar na inovação, no conhecimento e na informação. É óbvio que Joinville não deve rejeitar a indústria de base, até porque está no DNA da sua economia. Mas hoje em dia é imprescindível atrair conhecimento. As razões são óbvias: basta olhar para o fenômeno da deslocalização (é quando as indústrias deixam um lugar e vão para onde há melhores condições para investir). Hoje, o Brasil é atraente, mas o capital só entra em lugares de onde possa sair. Uma indústria pode facilmente deslocalizar equipamentos. Mas no caso da economia do conhecimento, o processo é mais complexo. A retenção de cérebros ajuda a melhorar a inteligência coletiva das cidades, e o processo de deslocalização fica muito mais difícil. Não seria hora de investir forte numa política de atração de cérebros? É para aí que aponta o futuro.
Posted on: Tue, 01 Oct 2013 21:34:34 +0000
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