LEIAM ESTE CONTO. É MUITO BELO E EDIFICANTE. SE GOSTAREM PONHAM - TopicsExpress



          

LEIAM ESTE CONTO. É MUITO BELO E EDIFICANTE. SE GOSTAREM PONHAM LIKE E , SE QUISEREM, COMENTEM. A maior de todas as dádivas CAPÍTULO 1 FURIOSA! U estava furiosa. E quando eu estou mesmo, mesmo, furiosa, a única pessoa com quem consigo conversar é com o meu avô Mike. Portanto, telefonei-lhe. “Olá,” disse eu amuada quando ele atendeu. “Izzy?” perguntou ele. “Sim,” continuei, ainda amuada. Esperei que ele começasse a fazer-me sentir melhor. “Dia difícil?” deitou-se ele a adivinhar. “Difícil! Nem fazes ideia!” berrei. “O verão está quase aí, e TODOS — e mesmo TODOS — vão para o campo de férias de Pine View. E eu, será que vou para o Campo de Pine View? Não! Eu não vou! Os meus pais querem que eu vá para o campo de férias da Comunidade de Hilltown. E NINGUÉM — sublinho, NINGUÉM—vai para esse campo!” Respirei fundo. “Hmmm. Parece que está a ser realmente um dia difícil,” disse o meu avô. “Os teus pais são gente boa. Porque é que tu achas que eles iriam fazer uma sugestão tão horrível?” “Tu sabes porquê!” gritei. “Porque ir para Hilltown não custa dinheiro nenhum. E é só isso que os preocupa. Dinheiro!” O meu avô Mike assobiou baixinho. “Mas Izzy, tu já sabias há semanas que não poderias ir para esse campo tão caro. Porque é que ficaste tão aborrecida hoje?” “Porque a minha melhor amiga, Marisol, não cumpriu a sua promessa! Ela disse que se eu não pudesse ir para Pine View, ela também não iria. E disse que iria dizer aos pais que queria ir para Hilltown comigo. Ela prometeu que iria.” Tive que parar de falar, porque tinha começado a choramingar um pouco. “Então a Marisol decidiu ir para Pine View com todos os outros?” Senti um grande nó na garganta. Acenei que sim com a cabeça, embora soubesse que o meu avô não me poderia ver ao telefone. Nem conseguia falar por causa daquele enorme nó. Era o pior dia da minha vida. CAPÍTULO 2 DOAR TEMPO E Nesse fim de semana, a minha mãe tentou animar-me. “Quando o teu pai começar o seu novo emprego, tudo será melhor,” prometeu-me. “Poderemos fazer muitas mais daquelas coisas que queres fazer.” “Uh-huh,” disse eu. “Talvez até possas ir para Pine View no próximo verão”, acrescentou, escovando-me o cabelo e tirando-mo da frente dos olhos. “Está bem,” disse eu. Nem lhe disse que no próximo verão já não interessava. Apenas interessava este verão. Tudo o que eu mais queria era ir para aquele campo com os meus amigos… “Ouvi dizer que fazem montes de projetos relacionados com artes em Hilltown,” disse a minha mãe. “Parece divertido. Tu adoras fazer artesanato. E vais poder ir de autocarro para lá!” “Sim, ótimo,” disse eu, sem qualquer convicção. Depois disse algo que não devia ter dito. “Odeio que a minha família não tenha tanto dinheiro como as famílias dos meus amigos.” A minha mãe pareceu ficar triste. Quem me dera não o ter dito! Mas foi precisamente isso que lhe deu a ideia. “Izzy,” disse ela, “sabes a quem é que o teu avô dedica o seu tempo livre aos domingos?” O meu avô, desde que eu me lembrava, sempre tinha dedicado tempo a ajudar os outros. Mas eu nunca soube realmente o que fazia. “Sim,” disse eu. “E achas que gostarias de ir com ele amanhã?” perguntou a minha mãe. Eu iria a qualquer lugar com o meu avô Mike. Ele conseguia animar-me mesmo que eu me sentisse muito mal. Ele era mesmo assim! Portanto, no dia seguinte, ele foi-me buscar. “Onde é que vais ajudar os outros?” perguntei. “Oh, podes encontrar formas de ajudar em quase todos os lugares,” disse ele. “Mas agora, há já cerca de dois meses, tenho-o feito na Casa das Famílias.” “O que é isso?” perguntei. E o meu avô explicou “É um lugar onde as mães, os pais e os filhos podem ficar quando não têm dinheiro ou nenhum outro sítio para viver.” Juntos caminhámos até à Casa das Famílias. Senti-me um pouco constrangida quando lá chegámos. Algumas das pessoas usavam roupas estranhas e pareciam cansadas. Assustou-me um bocadinho estar à beira de quem me parecia tão diferente. Mas o meu avô sorriu e cumprimentou toda a gente como se todos fossem velhos amigos. “Estamos aqui para ajudar, Izzy,” disse-me ele. “E hoje vamos fazê-lo com a comida.” O meu avô Mike falou com as pessoas encarregadas dos voluntários. Apresentou-me. Disse-lhes que eu queria dar uma ajuda. Eu não me lembrava de o ter dito … Todos pareciam realmente gostar dele. “Será que a Madame gostaria de mais um biscoito?” perguntou ele a uma senhora. Fazia de conta que era empregado num restaurante elegante. Toda a gente se riu. Puxei a manga do meu avô. “O que esperam que eu faça?” sussurrei. Ele levou-me até ao balcão. Uma voluntária estava a encher tigelas com sopa. “Ajuda a Margaret aqui,” disse ele. “Ou então fica só a ver. Repara se há alguém a precisar de alguma coisa.” Olhei em volta. Vi montes de pessoas que pareciam precisar de coisas. Só que eu não via como podia ajudá-las. Havia uma rapariga sentada a um canto. Parecia ter aproximadamente a minha idade. As suas roupas eram velhas e estavam manchadas, o cabelo pendia em duas longas tranças que se desfaziam porque não estavam presas nas pontas. Estava sentada com os joelhos dobrados contra o peito, e baloiçava para trás e para a frente com um olhar triste. O meu avô viu para onde eu estava a olhar. Estendeu-me uma tigela de sopa. “Porque é que não lhe levas esta sopa?” disse ele. “Parece-me que ela bem precisa de algum ânimo.” Peguei na tigela e caminhei devagar. Não sabia o que lhe iria dizer. À medida que me aproximava do sítio onde estava sentada, quase mudei de ideias e voltei para trás. Mas era demasiado tarde. “Olá!” disse ela. “Oh, olá”, respondi. “Podes comer a tua sopa aqui ao meu lado!” ofereceu ela. Oh, não, pensei. Ela pensa que também vivo aqui. “Não! Eu... humm ... trouxe isto para ti,” expliquei. Pousei à frente dela a tigela de sopa. E voltei para perto do meu avô tão depressa quanto pude. Tentei mostrar-me ocupada a servir comida às outras pessoas. Queria que a rapariga visse que eu era uma das voluntárias. Olhei de novo para ela. Estava ainda a baloiçar-se com aquele mesmo ar triste. No caminho para casa, o meu avô disse “Gosto de vir contigo, Izzy. Podes vir sempre que quiseres.” “Porque é que aquelas pessoas são tão pobres?” perguntei-lhe. “Às vezes, as famílias fazem escolhas erradas. E outras vezes apenas têm pouca sorte,” disse ele. “Mas todos somos irmãos.” Agora sabia porque é que a minha mãe tinha querido que eu viesse com ele à Casa das Famílias: queria que eu visse como era afortunada. Eu não tinha podido ir para o Campo de férias de Pine View, mas tinha o bastante para comer, tinha roupas asseadas e limpas para vestir. Tínhamos a nossa própria casa. Suspirei. Sabia que ela tinha razão. Mas quem me dera poder ir na mesma para Pine View! CAPÍTULO 3 PREOCUPAÇÕES Quando cheguei a casa, telefonei à minha amiga Marisol. Queria contar-lhe tudo sobre o meu dia na Casa das Famílias. Mas assim que atendeu o telefone, ela começou a falar do Campo de Pine View. “Os teus pais já se decidiram a deixar-te ir?” perguntou ela. “Não. Disseram que irei divertir-me no Campo Comunitário de Hilltown.” “Oh,” respondeu Marisol. “Que pena, mas sabes uma coisa? Aquela miúda nova, a Nicolette, vai para Pine View. Ela é tão fixe! Espero que fique no meu grupo!” Eu queria realmente mudar de assunto. Perguntei-lhe se ela podia aparecer depois das aulas, na segunda-feira. “Xii, adorava ir,” disse ela. “Mas a Nicolette já me perguntou se eu queria ir ao centro comercial com ela.” “Está bem, então adeus!” disse eu ao desligar o telefone. Só faltava mais isto! Tinha que arranjar maneira de ir para Pine View, tinha que recuperar a minha melhor amiga… Mas, em vez de pensar nos meus problemas, estava sempre a pensar noutra coisa. Continuava a pensar na rapariga das tranças. Porque seria que não conseguia simplesmente esquecê-la? Perguntava-me porque é que ela tinha de viver na Casa das Famílias. Teria roupas para vestir? Iria à escola? Será que via televisão? Teria alguma vez ido a um cinema? A um parque de diversões? A um museu? Telefonei ao meu avô Mike. “Quero ir de novo contigo para ajudar,” disse-lhe. “Fico feliz!” disse ele. Depois, ocupei o meu tempo. Abri cada uma das minhas gavetas. Abri o meu roupeiro. Fiz uma pilha com todas as roupas que sabia que já não me serviam. A rapariga das tranças era um pouco mais baixa. Imaginei que as roupas que me estavam pequenas servir-lhe-iam na perfeição. “Mãe, faz algum mal se eu der algumas das minhas roupas a uma rapariga que vi na Casa das Famílias?” perguntei. “Que roupas?” quis saber a minha mãe. “Só aquelas que já não me servem,” disse-lhe eu. “Acho que é uma ideia maravilhosa,” disse ela, abraçando-me. Era difícil desfazer-me de algumas das minhas coisas preferidas, ainda que fossem muito curtas ou apertadas. As minhas sapatilhas roxas, por exemplo: tinham lindos cordões com todas as cores do arco iris. E eu adorava-as! Experimentei-as mais uma vez. Apertavam-me tanto os dedos dos pés que nem conseguia andar. Mas eram as sapatilhas mais fixes que eu já tinha tido. “Ela vai adorá-las,” disse para comigo mesma. CAPÍTULO 4 COISAS No domingo, mostrei ao meu avô o saco de roupas. “É mesmo esse o espírito!” disse ele. Quando chegámos à Casa das Famílias, encontrei a rapariga das tranças encostada a uma mulher. Supus que seria a mãe. Comecei a dirigir-me a elas. Mas parei. Não tinha bem a certeza quanto às roupas: será que lhe iriam agradar? Como se sentiria a mãe dela por eu lhas dar? Quando a rapariga das tranças me viu, sorriu. Correu até mim. “Voltaste!” disse ela. “Eu só queria dar-te estas roupas,” disse eu. Sentia-me nervosa. Estendi--lhe o saco. Ela baixou os olhos e o seu sorriso desapareceu. “Obrigada,” sussurrou. Juntei-me aos outros voluntários. Ajudei o meu avô Mike durante o resto da manhã. Reparei que a rapariga das tranças olhava para mim. Mas, quando via que eu retribuía o olhar, virava-se logo. No caminho para casa, perguntei ao meu avô “Porque é que a rapariga das tranças não gostou das coisas que eu lhe trouxe?” “Oh, tenho a certeza de que gostou, Izzy,” disse ele. “Mas talvez não seja disso que ela mais precisa.” Fiquei a pensar durante alguns dias. O que ela realmente precisa é de algumas coisas para ela mesma, pensei. Passei o resto da semana a tentar decidir: de que coisas conseguiria separar-me? Tinha alguns livros favoritos. Tinha-os lido tantas vezes, que já os sabia de cor. Talvez a pudessem animar. Alguns dos meus peluches tinham-me acompanhado em muitos dias de tristeza. Talvez eles ajudassem a rapariga das tranças a sentir-se mais feliz. Peguei no cachorrinho cor de laranja que Marisol e eu tínhamos ganho na feira do verão passado. Por um segundo, receei que fosse chorar. Enfiei-o à força para dentro do saco. Depois, retirei-o novamente do saco. Empurrei-o bem para dentro da gaveta do fundo da minha cómoda. E depressa enchi um saco de brinquedos e de livros. Esperava que ela gostasse de tudo. Juntei um pente e algumas fitas de cabelo e travessões, para que ela pudesse prender as tranças. O meu avô estava feliz por eu querer continuar a ajudar. Disse que os outros voluntários tinham comentado como ele tinha sorte em ter uma neta tão especial e carinhosa! Que bem me senti... Mas porque é que a rapariga das tranças não me fazia sentir assim? CAPÍTULO 5 SUSAN No domingo seguinte a rapariga das tranças escapou-se para junto de mim, antes mesmo de eu a ter procurado. “Queres jogar à macaca?” perguntou ela. Apontou para um jogo da macaca que tinha gravado na terra, mesmo à beirinha da entrada. “Hmm ...não,” disse eu. “Queria dar-te estas coisas. Espero que gostes.” Ela olhou para o saco. Suspirou. “Obrigada,” disse sem um sorriso. Eu não sabia o que dizer. Fui ter de novo com o meu avô. Nada do que eu fazia a punha feliz. “Porquê essa cara sombria, Iz?” perguntou ele. “Não consigo mesmo entender,” disse eu. “Sempre que dou alguma coisa à rapariga das tranças, parece que ela fica ainda mais triste do que antes. Quero fazer as pessoas felizes e fazer isso contigo. O que é que eu estou a fazer de errado?” O meu avô ajoelhou-se ao meu lado. “Bem, primeiro diz-me uma coisa, Izzy. Porque é que chamas àquela menina ‘a rapariga das tranças’?” perguntou. “Porque ela usa o cabelo sempre com aquelas tranças desfeitas,” disse eu. “E também não sei o nome dela.” O meu avô coçou o queixo. “A melhor maneira que conheço de descobrir o nome de alguém é perguntando-lhe,” disse ele. “A ajuda aos outros não tem que ser difícil. Na verdade, quando estamos a fazê-la bem, sabe melhor que qualquer outra coisa.” Apertou ligeiramente a minha mão. Depois voltou para brincar e rir com as pessoas que tinha vindo ajudar. Olhei para a rapariga das tranças. Estava a usar a minha camisola apertada de gola alta amarela. Mas não parecia mais feliz do que com as suas próprias roupas já gastas. Olhei de novo para ela. Pensei no que o meu avô tinha dito. As coisas materiais não pareciam ser as mais importantes…. O que ela precisava não podia ser transportado num saco… Sentia-me assustada. Mas já sabia o que queria fazer. Era o que eu deveria ter feito desde o início. “Olá,” disse eu. “O meu nome é Isabella. Mas toda a gente me chama Izzy.” A rapariga das tranças olhou para cima. Acho que ela não tinha a certeza se desta vez poderia confiar em mim. Depois sorriu com um sorriso super-grande! “Eu sou a Susan,” disse ela. Susan, pensei. Uma pessoa verdadeira com um nome verdadeiro. “Queres jogar à macaca? perguntei-lhe. “Tens a certeza?” perguntou Susan. “Queres mesmo?” “Vamos lá!” disse eu. Depois do jogo, Susan olhou para o novo saco que eu lhe tinha trazido. “Por que motivo continuas a trazer-me coisas?” perguntou. Eu não sabia o que responder. Primeiro, tinha querido ajudá-la porque ela era pobre. Mas agora … “Porque quero ser tua amiga,” deixei escapar. Susan sorriu para mim. “Isso era do que eu estava à espera desde que te vi pela primeira vez,” disse ela. Tirei para fora o pente, as fitas de cabelo e os travessões. “Trouxe isto para o teu cabelo,” disse. Susan percorreu com os dedos as tranças. Apontou para os travessões. “Talvez com esses,” disse ela, “o meu cabelo pudesse ficar como o teu.” “Claro que sim,” disse eu. “Vou mostrar-te.” Desfiz as tranças do cabelo de Susan e penteei-o. Caía solto e exuberante pelas suas costas abaixo. Depois, usei os travessões para puxar um pouquinho de cabelo para trás, de cada lado, tal como o meu. Susan precipitou-se até uma panela brilhante com guisado para ver o seu reflexo. Estava bonita. Sorriu de felicidade. E surpreendeu-me com um abraço meigo. ‘‘Tu és a rapariga mais simpática que conheço,” disse ela. Depois disto, comecei a ir ver Susan todas as semanas. Era realmente fácil conversar com ela. Era divertida. E esperta. E gostávamos muito das mesmas coisas, como cavalos e cachorrinhos! Uma vez perguntei-lhe “Afinal porque é que vives aqui?” “Mudámo-nos para a Casa das Famílias mesmo antes de tu teres começado a vir até cá,” disse ela. “O trabalho da minha mãe é manter as casas das pessoas limpas e bem arranjadas. Também cozinha para elas. E lava a roupa. Nós vivíamos na casa onde ela trabalhava. Mas ela perdeu o emprego e tivemos de vir para aqui. Só vamos ficar até ela encontrar um novo emprego.” Os problemas de Susan pareciam bem maiores do que os meus. Mas ela também sabia ouvir. Contei-lhe tudo sobre Marisol e Nicolette. Contei-lhe acerca do campo de férias. Susan tinha deixado todos os melhores amigos na sua antiga escola. Eu sabia que ela não tinha ainda muitos amigos na escola nova. Mas nunca se queixou. E sempre que a via, ela estava a usar as minhas sapatilhas velhas com os cordões coloridos. E isso fazia-me sentir lindamente! CAPÍTULO 6 AS NOVIDADES A escola estava quase fechada para o verão. Sentia-me contente porque estava praticamente sem ninguém. Marisol por vezes ainda me falava. Mas não tinha muito tempo para mim. Estava sempre com Nicolette. Quem poderia culpá-la? Ela e Nicolette tinham um magnífico verão inteirinho para fazer planos. Mas eu só pensava em ver Susan aos fins de semana! Foi então que esta me contou as novidades. O meu avô e eu tínhamos acabado de entrar na Casa das Famílias. Susan tinha estado à nossa espera. Correu para mim e agarrou-me as mãos. “Adivinha só!” cantarolou ela, dançando. “A minha mãe arranjou outro trabalho como governanta! Vamos embora daqui!” Fiquei um pouco surpresa por Susan estar tão entusiasmada com aquilo. Eu pensava que ela gostava de estar na Casa das Famílias... Eu queria estar feliz pela Susan. E estava feliz por ela. Mas, ao mesmo tempo, sentia-me triste por mim. Será que alguma vez iria ver a minha amiga de novo? “Uau!” consegui dizer. “Quando é que se mudam?” “Amanhã,” disse Susan, saltitando para cima e para baixo. Não sabia o que fazer. Sabia que devia dizer algo como “Isso é maravilhoso!” Mas tudo o que saiu da minha boca foi “Vou ter saudades tuas.” Susan riu-se. “Não, não vais!” disse ela. “Porque nós vamos mudar-nos para uma casa em Hilltown! E mesmo a tempo do verão! Vou conseguir ir para o Campo Comunitário de Hilltown!” Eu nem podia acreditar. Susan no Campo Comunitário de Hilltown? Nunca pensei que poderia vê--la fora da Casa das Famílias. Mas ela era uma miúda normal, exatamente como eu e os meus amigos… “Fantástico!” disse eu. E era realmente o que eu sentia. Susan e eu divertimo-nos como nunca naquele dia. Eu tinha a certeza que o meu verão iria agora ser perfeito, e tudo graças a ela! Quando chegou a altura de partir, despedi-me dela. “Vou guardar-te um lugar no autocarro no primeiro dia,” prometi-lhe. “Espera,” disse ela. “Desta vez tenho eu uma coisa para dar-te.” E tirou do bolso uma linda pulseira da amizade, toda colorida e entrançada. Pegou no meu braço e amarrou a pulseira à volta do pulso. As belas cores dos fios entrançados pareciam-me familiares. Uma prenda! Para mim, ela nunca mais voltaria a ser apenas a rapariga das tranças… “Isto é para que te lembres de mim,” murmurou. De repente, percebi porque é que as cores brilhantes da pulseira me pareciam tão familiares. Olhei para baixo, para os pés dela. De certeza que estava a usar as minhas maravilhosas e apertadas sapatilhas roxas. Só que agora já não eram, nem por sombras, tão maravilhosas. Os cordões do arco-íris tinham desaparecido. As sapatilhas estavam atadas com velhas fitas, cinzentas e brancas. Tudo o que Susan tinha na vida eram as coisas que eu lhe dera. E ela tinha prescindido da mais bonita de todas para fazer uma prenda para mim! Lágrimas de felicidade fizeram-me arder os olhos. “Vou lembrar-me de ti, Susan,” disse eu. “Vou lembrar-me sempre de ti!” Lisa McCourt Jack Canfield, Lisa McCourt, M. Victor Hansen Chicken soup for little soul’s reader: The greatest gift of all Florida, HCI Books, 2004 (Tradução e adaptação
Posted on: Fri, 09 Aug 2013 00:52:30 +0000

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