MENSALEIROS VIP É de se imaginar que, por coerência, vamos - TopicsExpress



          

MENSALEIROS VIP É de se imaginar que, por coerência, vamos assistir ao chamado da mídia para que as massas voltem às ruas, nos próximos dias. Nada mais legítimo: há mensaleiros à solta! E, como todos sabem, não há nada mais desprezível, fétido e inumano do que um mensaleiro. A missão de todo bom cidadão deve ser eliminá-lo, se não fisicamente, ao menos torná-lo um estorvo social tão terrível que também passa a ser dever de todos menosprezá-lo e agredi-lo em público. Desde que ele seja do PT, é claro. Isso porque os mensaleiros que estão soltos são todos do PSDB. Ao contrário de como tratou o caso do PT, o Supremo Tribunal Federal desmembrou o chamado mensalão tucano de Minas Gerais para que apenas os envolvidos com mandato parlamentar (o deputado Eduardo Azeredo, do PSDB, e o senador Clésio Andrade, do PMDB) fossem julgados em foro privilegiado. Os demais, como manda a lei, tiveram os processos enviados para a Justiça Comum. E, agora, parte deles está começando a se beneficiar pelos prazos de prescrição de crimes. O horror, o horror, seria, se fossem petistas. Mas são tucanos. Então, nada de histeria patriótica no noticiário, nem uma lágrima vertida dos olhos chorosos de apresentadores de tevê mortificados pelo “maior escândalo de corrupção da história do Brasil”. Quiçá do planeta! Onde estão as atrizes em luto? Os Anomymous e suas máscaras de moral, onde estão? Meu Deus, há mensaleiros à solta! Mas não são do PT. Essa situação, curiosamente, também não parece constranger o presidente do STF, ministro Joaquim Barbosa. Duro relator do “mensalão”, ele trabalhou no feriado de 15 de Novembro para garantir a espetacular prisão de petistas e quase decretou a morte de José Genoino por tabela. Os requintes de desumanidade foram tantos, e tão fortes, que até os mais alinhados colunistas de guarda da mídia nacional foram obrigados a se posicionar sobre o assunto – se não por compaixão, ao menos para avisar aos patrões do risco de se gerar o cadáver de um homem bom. Genoino é um homem intrinsecamente ligado à história do Partido dos Trabalhadores e, por várias razões, representa os ideais mais profundos da esquerda brasileira. Não é à toa que tantos querem se ver livre dele, esses tantos que precisam difamá-lo e torná-lo, como antes já haviam feito a José Dirceu, uma aberração política e um monstro social. Essa pretensão, mesmo com o poderoso sistema econômico e político que a impulsiona, jamais irá ter sucesso de fato. Ela é mais representativa do que efetiva, um fenômeno de mídia que se autodesconstrói quando exposto às redes sociais, à blogosfera, aos palcos sociais da opinião pública de fato, à luz do sol. Na verdade, é o julgamento que a mídia e muitos de seus operadores, entre os quais alguns jornalistas, fazem de si mesmos. Veem em Genoino o seu duplo invertido, o que os torna ainda mais escravos dessa vingança. É preciso, portanto, acabar com Genoino e com o modelo de política que ele representa. E esse serviço, triste e indigno, é o preço que se paga por defender interesses odiosos. O cinematográfico traslado dos presos para Brasília em avião da Polícia Federal, o encarceramento brutal de sentenciados em regime semiaberto e o martírio de Genoino foram a apoteose da barbárie jurídica da AP 470, esta que inaugurou o domínio do fato como a nova panaceia universal do golpismo brasileiro, sempre baseada no velho adágio do “aos amigos tudo, aos inimigos, a lei”. Ainda que seja necessário inventar uma pra isso.
Posted on: Sun, 24 Nov 2013 01:45:50 +0000

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