Mais um capítulo do Livro CRETINOS Vestido verde Melhor mudar - TopicsExpress



          

Mais um capítulo do Livro CRETINOS Vestido verde Melhor mudar rumo. Fazer o que em casa tão cedo? A revista estava boa, mas vou até Boa Viagem. Aquele doido do Claudio mudou de novo. Talvez seja divertido. “ Esses coletivos nunca ficam vazios”. _ É dois e vinte e cinco... zona sul, sabe como é – explicou um cobrador sorridente que não se furtou a resvalar os olhos pelo decote generoso de Mariana. _ Mas... só tenho dois... – curvando-se sobre a bancada, facilitando aos olhos corrediços do cobrador. Sedução, velha artimanha. _ Senta na frente - velho sorriso otário – Mas se aparecer um idoso ou deficiente, levanta. _ Tá! Pode deixar. “Se eu cruzar as pernas ele não vai me cobrar. Talvez tenha que aguentar alguma piadinha” E a câmera? Quem tem que se preocupar é ele. Como está olhando. Vou me ajeitar pra facilitar. E as ruas estavam cheias. Gente pra todo lado. Quanta gente, meu Deus! E nesse momento mais gente fazendo gente. Hum! Olha, velhos. Ficar velho deve ser duro. _ Oitenta e cinco anos, filha... Eu e Deus. “Deveria voltar pro Derby”. Era oitenta e três mesmo? Oitenta e porrada. “Será que quando eu ficar velha, vou estar daquele jeito, somente com Deus?” Lembre-se de que tudo o que fizeres em terra a um destes pequeninos... Será que com oitenta e cacetada ainda se tem tesão? Como são feios dois velhos nus. Vi no Facebook uma foto idiota de dois velhos na cama. E tem gente que acha aquilo bonito. Quero não! _ Ei, moça? – era o cobrador dos olhos ligeiros – Ei! _ Hum! “ É comigo. Tenho que pagar a passagem.” _ Mora por aqui? “Ele tem um relógio falso e... o óculos também é”. _ Sim... no Holiday. Prédio de putas! Logo se vê. Holiday. Engraçado quantos pescoços miraram agora meu vestido verde e curto. Por que não olham meus cabelos, olhos ou meu sorriso inocente? Perceberam minha coxas grossas e demais... _ Tu até te daria bem... se não fosse esse seu jeito de putinha – Claudio o amigo honesto – pode colocar qualquer roupa, mas sempre vai parecer que é puta. Algo que tá no sangue. _ Nossa... assim! – lisonjeada. _ É você é do tipo que todo homem quer pra amante... não serve pra esposa, sabe! _E isso é bom? _ Hum! – como se tratasse de um negócio – Pode dar alguma grana. _ Ei! _ Tanta gente faz tanta coisa pior... “Este ônibus que não para de sacolejar.” _ Nossa! E como é morar lá? – Perguntou o cobrador já se desinteressando. Tipo que todo homem quer pra amante. Todo mundo tem um cachorrinho hoje em dia. Nem sei o nome de tantas raças. Essas madames não sabem mais o que fazer pra preencherem seu dia-a-dia. Deveriam arranjar uns amantes bem jovens, que sabe daria mais sentido a suas vidinhas luxentas. E esse negócio de cachorro... A Avenida Agamenon Magalhães mantem a tradição do engarrafamento. Vários motoristas tentavam escapar pelas laterais, sobre a calçada. Vendedores de caldo de cana com seus carrinhos velhos interrompiam a passagem dos carros e corriam risco de atropelamento. Se não bastasse, uma carroça puxada por cavalos seguiam no meio da pista, comprometendo a fluidez. Cavalo... Um desses fotógrafos idiotas que estão sempre duros e ganhando prêmio, faria uma foto e tanto aqui. _ Normal. A gente mora, paga condomínio e vai indo – respondeu Mariana, quase ofendida por sua mentira causar tanto efeito – Tem vizinhos bons e ruins. Igual a qualquer lugar. Agora todo mundo escuta. Silêncio no meio do caos. “Estão doidos pra saber como é no prédio, mas tem medo de perguntar”. Fica mal pra empresa olhar este vestidinho verde que insiste em levantar. Que pernas! “Ele vai me cobrar a passagem”. O motorista, um gordo engraçado, espiava pelo retrovisor ao embaraço do colega. _ O que foi, garanhão? - Gargalhou. _ Te liga na rua, pilantra. _ Ele não é pra tanto, moça – Piscou o olho o motorista, sem deixar de dar uma olhadela despretensiosa do tipo “não é pra mim, mas olhar não tira pedaço”. Muitos riram. As senhoras se benziam. O cobrador queria mais. Hum! Como conseguir o telefone? _ Eta! Que sol, né moça? – reclamou o motorista, perdido nas coxas grossas à mostra. Pode dar algum dinheiro. Buzinas. Alguém não reconhecia seu direito a olhar. _ Que pressa. Passem por cima! – gritou o motorista recuperado do passeio. “ Agora tenho certeza que não vão cobrar minha passagem. Mais um sorriso e duzentos metros” _ Vai descer? – Perguntou o cobrador. _ É aqui. _ E... Mariana se levanta e entrega um pedaço de papel. _ Tá aqui. Posso descer pela frente? _ Certamente... – Guardou imediatamente o bilhete – Clóvis. Abre a frente! _ Tchau, Clóvis! – Mariana sorri com sinceridade ao Motorista genteboa. E a passagem? Não cobraram mesmo. Vagabundas tem mais direito que mulher direita mesmo. _ Tchau filé! – responde entre babas Clóvis, pouco afeito aquelas delicadezas. _ E eu, nada? – perguntou o cobrador decepcionado – A passagem. Mariana já estava na rua. Prejuízo. Carnes para meus dentes! _ Como rebola, hem, Clóvis... _ É... Se eu pudesse e meu dinheiro desse... _ Deve ser caro... _ E o que ela escreveu ai. _ Só pra mim, né! O júbilo. _ E tu tem cascalho pra tanto? Otário, em letras grandes. De onde ela teria tirado a caneta pra escrever aquilo? Que descaramento. _ Não esquece de rodar a catraca – gritou Clóvis. Paspalho!
Posted on: Thu, 05 Sep 2013 14:38:41 +0000

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