Marcelinha Gil, lembrei de você! "A cirurgia cardíaca é uma técnica que intervém em problemas cardíacos que só podem ser resolvidos cirurgicamente. O princípio da intervenção miocárdio-coronariana deve basear-se, sobretudo, no pressuposto de que esta se trata de uma atividade salvadora-geradora de vida, não de morte ou lesão E é dentro dessa perspectiva ‘biófila’ e não-iatrogênica, que a cirurgia cardíaca deve ser encarada. O cirurgião deve, por consequência, pautar-se pelo princípio de que o paciente - ser único e insubstituível em sua realidade humana individual e constituição genética - deve ter sua vida protegida e preservada durante o ato cirúrgico. O paciente deve, enfim, sobreviver á cirurgia. Assim sendo, deve o cirurgião proceder ao ato cirúrgico sabedor de que este ato trata-se de ato amoroso e de doação ao outro, na perspectiva dialógico-dialética do encontro entre dois seres humanos em distintas situações hierárquicas: um fragilizado, o outro poderoso e detentor do biopoder foucaultiano de vida e morte. O ato cirúrgico deve ser sempre um ato de amor, de doação, de zelo. O ato cruento e violento é convertido, pela disposição amorosa e zelosa, em ato que se sobressai pela sua boniteza. Se os médicos incorporarem essa disposição, teremos muitos mais pacientes vivos, saudáveis e felizes. Não será o médico maior do que o paciente, nem este último menor que o médico. Ambos são parte do processo dialético de cura.” (Paulo Freire, Por Uma Medicina para além do capital).
Posted on: Sun, 04 Aug 2013 16:32:38 +0000
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