Muito além de qualquer tipo de obrigação kármica, esse relato - TopicsExpress



          

Muito além de qualquer tipo de obrigação kármica, esse relato é desejo de esquecimento, mas agora aceito que as memórias são caixas pretas de nossas vergonhas íntimas. Hoje, carrego o encontro de palavras com sonhos em madrugadas, noite em liguagem. Revisitei a mata do local de nascimento. Um lugar lindo e sombrio por pequenas mortes internas. Caminhei na solidão da memória imprecisa. A noite comandava um horizonte de falas silenciadas pelos valores das perdas, nunca esquecidas. Uma mulher morta, grávida e morta. Submersa em águas de artifício familiar sem nenhum tipo de tolerância. No ventre, um bebê, resto de vida que a segurava no corpo. O ventre. O sonho. Os valores. Quem disse que família consegue estender algum gesto? A mulher grávida precisava ser sepultada, mas seu peso em memória não realizava casamentos com a vida. Nessa noite, os rituais funerários seguravam o não encaixe daquela morte em seu túmulo. A criança era resto de lucidez atirada ao túmulo. O fim de tudo? Sonho ter vida para um dia contar essa pequena história com mais leveza. As lembranças jamais terminam quando um morto não se encaixa em seu túmulo.
Posted on: Sun, 22 Sep 2013 13:00:19 +0000

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