Muito provavelmente os manifestantes que formam os Black Blocks - TopicsExpress



          

Muito provavelmente os manifestantes que formam os Black Blocks estão entre os que menos nutrem ilusões em relação à natureza do capitalismo e do Estado, mesmo em sua feição democrática. Seus métodos e práticas exprimem de alguma forma essa percepção, e, coincidentemente ou não, recebem por isso a pecha de violentostanto pela mídia quanto por ONGs, partidos políticos, capitalistas de esquerda e de direita, liberais, sejam eles também manifestantes ou não. Certamente categorias tão carregadas de peso moral como violência e não-violência têm tudo para se tornarem artifício retórico reacionário no contexto de levantes populares. Todas as greves selvagense insurreições populares, dos communards aos zapatistas, sempre foram pelo menos em algum momento - até quando os defensores da ordem estabelecida puderam sustentar seus discursos - descritas como irrupções de violência, na tentativa de isolá-las, criminalizá-las e desqualificá-las moralmente. Se levarmos em conta que as ações dos Black Blocs nessas manifestações-bloqueio feriram sem gravidade no máximo apenas alguns poucos policiais, enquanto milhares de manifestantes saíram feridos pelas investidas policiais, tachá-los de violentos deveria ser algo risível, que só demonstra o quanto aqueles que assim os rotulam ainda se encontram imersos e devedores da moral e da ordem burguesa. (...) A disciplina dos corpos exprime a estabilidade de um sistema. Uma sala de aula só funcionaporque os corpos dos alunos, isto é, os alunos, estão disciplinados a se disporem de uma determinada maneira. E assim é em todos os espaço-tempos na sociedade, de um teatro, passando por um exército, um show de rock ou a locomoção pelas ruas. A indisciplina do corpo em um determinado espaço-tempo, ordenado sob uma disciplina específica, pode levar o sujeito muitas vezes à prisão ou ao hospício. O delitoe a loucura são algumas das criações que a nossa sociedade reservou para os corpos indisciplinados. Manifestantes que transformam seus corpos em catapultas, que atiram pedras em barreiras num espaço que exige uma outra disciplina (ou UMa disciplina), quebrando a rotina e a tranquilidade dos que dirigem e comandam a economia e a política, demonstram (pelo menos um certo período e espaço) a ausência daquilo que mantém as coisas em ordem e o capitalismo em vigor: a disciplina. As ruas não são o local determinado no capitalismo para corpos atirarem pedras e nem serem barricadas, e não são o local para enfrentamentos econômicos e políticos: as mesas de negociações e o parlamento são os espaços na nossa sociedade para isso. O sinal dado aos homens no poder por esta auto-organizada indisciplina em massa, a agitação das massas, é de que as pessoas começam a não se posicionar mais nos lugares estabelecidos e a não se comportar mais do modo necessário para a continuidade do sistema, por motivo de um desejo, aspiração ou reivindicação. O sinal dado pela indisciplina em massa, que enfrenta o delito e a loucura (a marginalidade), assusta e pressiona muito mais os que estão no poder do que outras formas de manifestação, por ser já um rompimento com a disciplina do sistema, antecipando a imagem de um rompimento total. Ned Ludd (org.) Urgência das ruas - Black Blocs, Reclaim the Streets e os dias de ação global. Beatriz Provasi, este livro é da mesma editora que publicou o Hakim Bey. Pensei em ti por conta do vandalismo poético.
Posted on: Sun, 20 Oct 2013 03:51:43 +0000

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