NOTA DA ASSOCIAÇÃO NACIONAL DE PROFESSORES DE HISTÓRIA- SEÇÃO - TopicsExpress



          

NOTA DA ASSOCIAÇÃO NACIONAL DE PROFESSORES DE HISTÓRIA- SEÇÃO PARAÍBA SOBRE OS MOVIMENTOS QUE TOMARAM AS RUAS DA PARAÍBA E DO BRASIL Acompanhando a nota publicada pela ANPUH-Brasil nós, da seção Paraíba, estamos nas ruas juntos aos estudantes e demais segmentos sociais na luta por um Brasil cada vez melhor. O historiador que levar a sério os ensinamentos de Paul Ricoeur não descola os horizontes de expectativas dos espaços de experiência, de interpretações do passado, mas, também de expectativas de futuros. Sendo assim, cabe ao historiador comprometido com a emancipação e a ética humana, aproximar do presente as “potencialidades irrealizadas, impedidas, massacradas do passado; é preciso resistir ao encolhimento do espaço de experiência; ter expectativas determinadas; meditação crítica do futuro e do passado”. (RICOEUR) Precisamos ser afetados pelo passado do qual não fizemos parte para que haja uma ação ética no presente, pois, na esteira de Paul Ricoeur, o maior dano que a história escrita causa a história efetiva é não estar a serviço da vida. É não cumprir a promessa de continuação entre o passado do horror e o presente em que deve combatê-lo, inclusive, como uma forma de dívida para com as vítimas das gerações passadas. Na esteira dessa beleza filosófica e política, a ANPUH-PB, se junta às lutas e diversas demandas expressas nas ruas paraibanas e brasileiras nos últimos dias. Lutas por uma efetiva cidadania ampliada, pela qualidade dos serviços públicos, por reforma política e garantia da melhoria de vida para as classes trabalhadoras. Com o olho em direção do futuro-presente na construção de uma sociedade mais justa e cada vez melhor, mas também revirando a retina para olhar nosso passado. Notadamente, para um passado dos sujeitos e projetos oprimidos, marginalizados, sufocados e impedidos. Desse modo, ao sairmos às ruas, não podemos esquecer as bandeiras levantadas pelas gerações passadas, pelo contrário, precisamos rememora-las escutando em seus horrores e não na sua monumentalidade. Walter Benjamin, pergunta a respeito do “encontro secreto” entre as gerações precedentes e o presente, sinalizando quanto às ligações entre as vozes que escutamos no agora e os ecos das vozes que emudeceram, e alerta ao historiador materialista histórico ser um messiânico a redimir os apelos do passado. De um passado que foi prometido e não foi cumprido. Sendo assim, lembremo-nos das lutas e dos massacres indígenas cujo sangue lavou as terras paraibanas sobre as quais ergueram canaviais e currais; da crueldade da escravidão articulada ao capitalismo e ao cristianismo europeu, mas que não anulou resistências de sujeitos negros que construíram visões de liberdade e por ela lutaram bastante; dos movimentos populares como o Ronco da Abelha e o Quebra Quilos que questionavam atitudes de centralização política e exploração tributária; das lutas abolicionistas do século XIX e das greves operárias do século XX, sem esquecer o papel importante desempenhado pelo PCB paraibano naquele contexto; das ligas camponesas que demonstraram um potencial importantíssimo no tocante à busca por direitos sociais para as populações do campo; dos que sumiram ou foram presos e torturados nos porões da ditadura militar. Não podemos esquecer esse passado de exploração, exclusão e resistências. Levantemos as bandeiras que outrora estiveram em mãos que tombaram ou foram castigadas na luta, como os índios potiguaras, João Carga D`água, João Pedro Teixeira, Negro Fuba, João Santa Cruz de Oliveira, Margarida Alves e tantos outros. A ANPUH-PB está nas ruas e conclama seus associados a lutarem por: Educação pública de qualidade, incluindo uma carreira única para o magistério e, assim, valorizando o professor da educação básica como professor-pesquisador; Um Serviço Único de Saúde (SUS) de qualidade; Combate aos monopólios e oligopólios que dominam o setor do transporte público e em defesa do passe livre; Uma reforma agrária democratizante; A demarcação dos territórios indígenas e quilombolas; Educação superior para as populações do campo; Uma reforma politica que combata a cultura política clientelista, patrimonialista e corrupta que reina desde os tempos do Império; Desenvolvimento de políticas públicas concretas que valorizem as diversidades culturais e os direitos humanos; Uma política econômica que desvincule direitos sociais da lógica mercadológica do privatismo neoliberal; Por uma política tributária justa, que recaia sobre as grandes fortunas e não sobre o povo trabalhador; Aumento das alíquotas de Imposto de Renda para milionários e alíquota reduzida de Imposto de Rende para Professores em todos os níveis (isso sim, é valorização). Imposto sobre grandes fortunas; Imposto predial e territorial pesado para especuladores imobiliários (latifundiários urbanos) e reduzido para os trabalhadores (isento para os de baixa renda); Por uma democratização da mídia, que está nas mãos de grandes grupos privados; Pela defesa da democracia e contra o golpismo de alguns que estão se infiltrando nas passeatas para se aproveitar dos legítimos reclames do povo brasileiro. João Pessoa, 26 de junho de 1013. ANPUH-PB.
Posted on: Tue, 02 Jul 2013 02:40:16 +0000

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