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NOTÍCIA SOBRE MYANMAR Depois de décadas de isolamento, Mianmar se abre a multinacionais Por Shibani Mahtani | The Wall Street Journal, de Yangun, Mianmar As maiores empresas mundiais de produtos de consumo estão acorrendo a Mianmar, deixando esse outrora marginalizado país e sua atrasada economia repletos de bens antes inacessíveis aos seus 60 milhões de habitantes. Mas nem todos estão felizes. Alguns dos maiores grupos do país, que lutaram por décadas nesse mercado carente de liquidez, suando para crescer em meio às sanções ocidentais, agora se veem superados por concorrentes estrangeiros, como a americana Coca-Cola e a japonesa Canon. "A situação está muito difícil para nós com a chegada dessas grandes multinacionais", disse Sai Sam Htun, presidente do Loi Hein Group, um grande conglomerados de Mianmar. "Como são muito fortes e poderosos, eles dominaram o mercado em pouco tempo." A Star Cola, antes a marca líder de refrigerantes no país, já perdeu mercado para duas marcas estrangeiras, Coca-Cola e Pepsi, da PepsiCo. A população agora finalmente tem acesso a esses produtos americanos, pois essas marcas estavam praticamente excluídas do mercado devido às sanções, destinadas a punir o governo militar que dominava Mianmar (que antes se chamava Birmânia). Em junho, um ano depois que a grande maioria das sanções dos EUA foi cancelada, a Coca-Cola fez uma entrada triunfal no país por meio de uma sociedade com uma engarrafadora local, a Pinya, comprometendo-se a investir US$ 200 milhões em fábricas nos próximo cinco anos. Os conglomerados locais ainda temem que as múltis aproveitem o seu poderio regional, fazendo valer suas redes de contatos e o grande número de talentos que já possuem em outros países do Sudeste Asiático, em especial na vizinha Tailândia. É este país que serve de base para as operações de muitas empresas estrangeiras na região, o que lhes permite engolir rapidamente os concorrentes locais. "Por melhores que sejam as empresas locais, elas não conseguem ter atuação regional", disse Zaw Moe Khine, dono da farmacêutica AA Medical Products, de Mianmar. "Apesar de tentarmos ser a empresa mais profissional do país, não conseguimos competir." Outras pequenas e médias empresas temem estar sendo expulsas do seu próprio território pelos custos altos, devido, por exemplo, à disparada dos aluguéis na capital comercial do país, Yangun. Segundo a firma de pesquisa imobiliária Scipio, o aluguel dos escritórios aumentou 80% nos últimos dois anos, de US$ 50 por metro quadrado, em meados de 2011, para US$ 90 em maio. Os preços dos espaços comerciais de primeira classe são comparáveis aos da rica Cingapura, devido à escassez da oferta. Um ponto fundamental é que as empresas estrangeiras conseguem, em alguns casos, evitar o atrasado setor financeiro de Mianmar, debilitado por anos de má gestão sob o antigo governo militar. Isso, dizem analistas, lhes dá a maior vantagem em comparação com as pequenas e médias empresas, que lutam com dificuldades de infraestrutura e aluguéis em alta. "Uma grande multinacional tem acesso fácil a capital, mas as empresas locais não conseguem obter financiamento", disse Sean Turnell, especialista na economia de Mianmar da Universidade Macquarie, em Sidney, na Austrália. Ele explica que o capital é crucial para setores como a manufatura, onde os custos são altos devido à infraestrutura deficiente. Nas cinco fábricas de bebidas do Loi Hein Group, por exemplo, só cinco horas de eletricidade são fornecidas diariamente pela rede pública. O grupo precisa complementar esse fornecimento pouco confiável com seus próprios geradores. É verdade que algumas empresas locais já lucraram muito com a chegada das estrangeiras. Rivais de todo o mundo, incluindo japonesas e americanas, estão numa busca desesperada pelo know-how local, e analistas dizem que as parcerias com firmas locais são a melhor maneira de entrar no cenário político e comercial de Mianmar, em rápida transformação. A Coca-Cola, por exemplo, reentrou em Mianmar neste ano por meio da sua joint venture com a Pinya, e o Loi Hein Grupo comunicou que pretende anunciar nos próximos meses uma sociedade com uma parceira estrangeira. "As fusões são a melhor maneira de crescermos rapidamente", disse Sai Sam Htun, presidente do conselho do Loi Hein Group. "Com essa parceria, esperamos poder aumentar cinco ou seis vezes de tamanho nos próximos dez anos e aumentar nossa oferta de produtos. É uma coisa muito positiva." Outras empresas estrangeiras, fora do setor de consumo, também estão adotando o modelo de joint venture. O maior escritório de advocacia do Sudeste Asiático, Rajah & Tann, de Cingapura, abriu uma filial em Mianmar em janeiro com um parceiro local, o NK Legal. Mas algumas empresas estrangeiras estão resistindo ao modelo, em especial no setor bancário, o que pode adiar mudanças econômicas muito necessárias. Atualmente, nenhum banco estrangeiro está autorizado a fornecer financiamento no país, embora sociedades entre essas instituições e bancos locais possam ser autorizadas dentro de alguns meses, disse o vice-ministro da Fazenda, Maung Maung Thein, numa conferência bancária na semana passada. Os bancos estrangeiros, incluindo o britânico Standard Chartered e o Australia & New Zealand Banking Group, abriram escritórios de representação em Mianmar. "Nós não daríamos preferência a esse modelo", disse Takuya Ito, gerente geral do banco japonês Mizuho Bank para Ásia e Oceania. "Para haver uma sociedade, é preciso haver um parceiro, e o número de bancos privados em Mianmar é limitado."
Posted on: Fri, 02 Aug 2013 13:02:34 +0000

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