Nascido e criado em Viçosa, a muito tempo eu venho circulando - TopicsExpress



          

Nascido e criado em Viçosa, a muito tempo eu venho circulando entre os bares e festas desta cidade. Quando aos 14 anos larguei a escola e passei alguns anos me dedicando única e exclusivamente ao Nada pude tentar preencher toda falta de sentido de minha vida com álcool, música, brigas e “amigos”. Não sabia onde isso daria, nem queria saber. Mas sentia que, de alguma maneira, em algum momento encontraria meu lugar ao sol. Posso contar nos dedos as vezes que fui ao famoso Bar Leão. Apesar de andar com colegas que usavam de cocaína à cola de sapateiro, nunca compartilhei com eles de seus hábitos. Sempre me limitava ao álcool. Não queria ficar hiperativo nem alucinar, apenas queria me desligar. Queria desesperadamente me desligar de tudo aquilo que não conseguia lidar. Até então não sabia o que eram essas coisas que não conseguia lidar. Só sabia que fora do meu mundo particular não havia nada para mim. A verdade que hoje percebo é que essa foi uma eterna fuga. Uma fuga que hoje me persegue. Continuo vendo as pessoas com seus hábitos que não me soam razoáveis e ainda não os almejo para minha vida. O problema é que não vejo nenhuma opção a isso tudo. Não vejo nenhum local no horizonte que me atraia nesse mundo. Eu não quero ir para um bar, conhecer mulheres que mal se diferenciam de bonecas infláveis, participar de uma competição de status social/econômico, fingir que considero alguns homo sapiens como amigos verdadeiros, etc. Eu já tentei fingir que não queria participar da vida. Essa fase passou. A chamaram de adolescência e eu a vivi intensamente na crença de que isso me fortaleceria. Isso não aconteceu. Hoje eu não quero fugir. Quero participar intensamente da vida. Entretanto, não vejo vida alguma lá fora! De fato, existem muitas pessoas e muitos lugares lá fora. Mas Vida eu não vejo. Vejo centenas de pessoas altamente “felizes” em suas festas viçosenses e me pergunto em que essa felicidade se difere da felicidade de meus amigos da adolescência ao usar cola de sapateiro. Assim como no passado eu posso andar entre eles em suas festas, mas não compartilho de seus hábitos. Para mim, nada disso é felicidade, isso é entorpecer-se, enganar-se. Eu não sei o que o futuro me reserva. Só sei que é difícil viver nesse mundo. Difícil demais! Se o destino me reserva um lugar ao sol, que eu o encontre rápido, porque não é fácil viver nesse mundo de sombras. O que quero com todas essas linhas é pedir desculpa a todos aqueles que fiz mal em algum momento da vida. A meu pai, minha mãe, minhas irmãs e todos aqueles que não compartilham de meu sangue. Nunca passei nenhuma necessidade nessa vida, mas nunca tive aquilo que me fizesse ser um bom filho, um bom irmão, um bom amigo e um bom cidadão – amor pela vida. Amor pela minha vida. Se um dia eu deixei a desejar a qualquer um, de todo meu coração, me desculpe! Eu não fiz por mal. Apenas não sei lidar com as coisas da ordem do dia como a maioria o faz. Mas não o fiz por arrogância ou indiferença. Somente ignorância.
Posted on: Fri, 02 Aug 2013 03:55:07 +0000

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