No começo dessa semana inscrevi um conto de autoria minha em um concurso realizado pela Fnac. Como prometido fica agora aqui com vocês o mesmo, espero que a sorte esteja comigo! Outono Cinza Eu corri. O mais que rápido que pude, só não sabia se seria tarde demais. Cruzei avenidas carregadas de pessoas que haviam acordado cedo para a tradicional feira da cidade, passei por aqueles velhos hotéis abandonados onde em outra era grandes barões e fidalgos tinham suas importantes reuniões de negócios, por mendigos e homens de ternos finos que se dirigiam ás suas solitárias salas de escritório. Na ponte ao sul um homem chorava por algum amor perdido na longa estrada que a vida traça, e no norte da cidade bem próximo ao parque municipal, jovens casais aproveitavam para se acolher do frio do inverno no colo de seus amores. E eu correndo, correndo e correndo. Havia pouco tempo, meu trem imaginário poderia partir sem mim, mais hoje não, hoje seria um dia diferente. Tinha de ser diferente. Passei na floricultura que ficava logo adiante dos hotéis abandonados, e em um golpe de sorte consegui um ramalhete de rosas por um preço incrível, afinal naquela manhã os gêmeos, filhos do proprietário tinham dito sua primeira palavra que no caso era ‘papai’ o que gerou o dia feliz, apesar do frio, para ele e consequentemente um bom motivo para me vender algo bem abaixo do seu preço habitual. Mais duas ruas e fim. Chegara a seu tão esperado destino. Lá estava ela, cabelos negros ao vento como em comerciais de ‘shampoo’ dando cor á aquela tarde cinza, dando vida á tudo ao seu redor. O sorriso transportando alegria por onde quer que fosse, olhos se cruzando aos meus e me paralisando de uma forma única. Um sobressalto e antes mesmo dela me tocar, saquei o ramalhete de rosas que havia comprado na floricultura ,e quando seu sorriso de surpresa me congelou tentei um eu te amo que de minha boca não mais saiu. - Quer se casar comigo? - foi a única coisa que saiu de dentro de mim. Dentro, aonde o sangue corria com mais ferocidade pelas veias,fazendo o coração pulsar tão forte que me tremia as mãos,pensamentos loucos de histórias de amor,e com meus olhos nos dela eu vi a resposta ser dada junto com uma lágrima de felicidade. Duas cidades adiante, na Usina Nuclear do estado, um operador cansado e deprimido após sua recente separação, deixara de verificar alguns componentes do painel de segurança. Nada que achava ser sério demais. Nada que talvez seu chefe não pudesse resolver caso não estivesse em lua de mel. Em minutos, num raio de dois estados, a única coisa que restaria além de um forte cheiro de destruição seria um grande cogumelo atômico de dor e sofrimento. Sim diziam os olhos de Susan, e Mark teve sua felicidade contida, quando um clarão intenso tomava conta dos céus da cidade. - Willian Teixeira
Posted on: Sun, 03 Nov 2013 12:12:50 +0000