No terceiro parágrafo a seguir, Diego Viana explica “o que tem - TopicsExpress



          

No terceiro parágrafo a seguir, Diego Viana explica “o que tem de tão intocável na violência física corrente do Brasil”: “Pessoalmente, eu diria que, de todos os temas e reivindicações que explodiram no espaço público no mês passado, o mais fértil para realmente produzir mudanças duradouras nos problemas do Brasil seja a questão da violência policial. Arrisco uma afirmação: se conseguirmos, de alguma maneira, romper um ciclo de violência e repressão totalmente fora de escala e desvinculado de qualquer legitimidade que não seja a mais brutal guerra de todos contra todos, em seguida, como numa reação em cadeia, obteremos ganhos no modo de operação de todas as demais áreas aventadas. Espero conseguir argumentar aí abaixo duas coisas. A primeira: que a brutalidade policial é hoje, no Brasil (e cada vez mais no mundo) o óleo lubrificante que mantém “o sistema” funcionando da maneira como funciona: muito mal. Uso aqui “o sistema” no mesmo sentido em que ele aparece no primeiro filme Tropa de Elite. Foi muito interessante ver o sucesso que fez o Capitão Nascimento: com toda sua incorruptibilidade, Nascimento e seu Bope eram a válvula de escape das grandes falhas de um sistema corrompido, capaz de estourar em qualquer canto. E por que não estourava? Porque lá estava a eclusa de farda negra, o chocalho da panela de pressão do Brasil moderno, a garantia de que todos poderão se locupletar ao mesmo tempo, ainda que ao preço de experimentar um medo constante e abstrato. Honesto até a medula, o capitão Nascimento é a alegoria de um deus ex machina que garanta a cada um de nós a certeza de poder ser corrupto indefinidamente. (…) A segunda coisa que quero argumentar é: a violência policial é o ponto de convergência, uma espécie de nexo, ou, para usar um termo caro aos estatísticos, uma “proxy” da violência que é constitutiva do modo de vida brasileiro. Ou seja, a polícia é brutal porque o Brasil é brutal, e para que o Brasil seja brutal sem maiores sobressaltos. A brutalidade, a corrupção, a dominação, o latifúndio, se mantêm graças a diversos fatores, dentre os quais os exageros da polícia têm um papel axial. Resumindo, conquistar uma polícia que não seja brutal é a chave para conquistar um Brasil que não seja brutal, nem corrupto, nem ineficiente.” Não vou copiar e colar o texto todo aqui – clica e lê o resto, que esse é só o começo de uma tremenda reflexão sobre nada menos que o Brasil.
Posted on: Sat, 13 Jul 2013 06:18:32 +0000

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