“NÃO VOU ME ADAPTAR” Essa música de Nando Reis, - TopicsExpress



          

“NÃO VOU ME ADAPTAR” Essa música de Nando Reis, composta em parceria com Arnaldo Antunes, nos induz a fazer uma reflexão sobre as transformações, tanto físicas quanto mentais, que ocorrem nas nossas vidas. Muitas delas acontecem sem que tivéssemos nos preparado para elas. Outras vezes nos vemos em situação de medo para enfrentar essas mudanças, e daí nascem muitas dúvidas e provocam uma confusão na nossa cabeça. Uma letra inteligente de interessante conteúdo filosófico sobre a vida. “Eu não caibo mais nas roupas que eu cabia/Eu não encho mais a casa de alegria”. À medida que a vida vai passando a gente vai mudando, principalmente, na aparência física: crescemos, engordamos, envelhecemos. E percebemos isso quando, ao nos vestirmos, verificamos que nosso corpo não cabe mais nas roupas que costumávamos usar. Paralelamente às modificações físicas ocorrem as transformações mentais. A cada dia pensamos de forma diferente, sobre tudo, por conta das informações e do conhecimento que vamos adquirindo. Quando o personagem da música, fala que “não enche mais a casa de alegria”, imagino que esteja se referindo às fases da infância e adolescência. Com o passar do tempo vamos ganhando maturidade e a alegria da inocência, da ingenuidade, da ausência de responsabilidades, própria dessa fase da vida vai desaparecendo. Tornamo-nos mais sérios e menos brincalhões. “Os anos se passaram enquanto eu dormia/E quem eu queria bem, me esquecia”. A rotina do cotidiano não nos permite acompanhar de forma reflexiva o passar dos anos. “Enquanto eu dormia” deve ter exatamente esse sentido, de não estarmos atentos ao que acontece conosco no decorrer dos anos que vão passando. E as pessoas da nossa convivência, algumas que faziam parte do nosso relacionamento afetivo, vão nos esquecendo, até porque vão sendo substituídas. “Será que eu falei o que ninguém ouvia?/Será que eu escutei o que ninguém dizia?/Eu não vou me adaptar/ me adaptar”. Vivemos fugindo das mudanças que podem ocorrer nas nossas vidas. Ficamos nos questionando se somos compreendidos por aqueles que compartilham da nossa convivência social. O que falamos é aceito pelos outros? Entendemos o que os outros nos falam? Isso tudo faz com que tenhamos dificuldades em nos adaptar às mudanças que acontecem na caminhada da nossa existência. “Eu não tenho mais a cara que tinha/No espelho essa cara já não é minha”. Novamente a alusão às transformações físicas. O espelho reflete essa metamorfose, nos observamos diferentes na aparência, no visual do que já fomos antes. Não somos os mesmos. “Mas é que quando me toquei, achei tão estranho/A minha barba estava desse tamanho”. A imagem refletida no espelho nos mostra alguém que estranhamos, seja por não aceitarmos as mutações ou por medo da velhice que se aproxima a passos largos. O toque na face não encontra mais um rosto liso, sem pelos. Encontra o rosto de um homem barbado, vendo a infância e a adolescência distantes, na sua história de vida. • Integra a série de crônicas “PENSANDO ATRAVÉS DA MÚSICA”.
Posted on: Sat, 30 Nov 2013 10:44:42 +0000

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