Não estou certo quanto à "burrice" de qualquer mudança. A - TopicsExpress



          

Não estou certo quanto à "burrice" de qualquer mudança. A propensão ao engessamento da doutrina da Igreja, que atravessa séculos e séculos tentando ignorar as mudanças do tempo, só rivaliza com a sua imensa necessidade de acompanhar essas mesmas mudanças. A Contra-Reforma, por exemplo, se foi uma reafirmação da doutrina da Igreja, também foi um momento de reflexão e mudanças, assim como os diversos Concílios que o seguiram. Hoje, os cientistas não são mais tratados como bruxos ou hereges, não se executam pessoas em autos de fé, a missa não é só em latim e respeita, relativamente, a diversidade cultural, há uma postura mais clara a favor da juventude, da participação da arte - principalmente da música - na propagação do culto, há uma postura mais "solar", contrastando vivamente com o tradicional culto da morte que sempre caracterizou o catolicismo. Se isto é uma reação necessária à expansão das Igrejas evangélicas, também é um esforço, ainda claramente insuficiente, de adequação às novas demandas trazidas pelos movimentos sociais e por uma sociedade cada vez mais marcada por uma militância a favor da diversidade,o que significa uma nova rodada, a exemplo daquela de fins dos anos 60, pela expansão dos direitos civis às minorias. A postura de Mann me pareceu cínica, tão cínica quanto a escolha de Pacelle do nome pelo qual se tornaria conhecido. Não se concebe mais, nos dias atuais, essa separação entre o ícone e o homem que o encarna. Se espera, acima de tudo, exemplo e coerência, por mais que saibam os mais atentos que há uma diferença importante entre o que o homem - e a mulher - pensa e defende e o cargo que ocupa. São esse exemplo e essa coerência que tiram papas do poder antes da morte e que impedem que a Igreja se engesse indefinidamente em posturas medievais e numa distância das necessidades seculares que acaba por dessignificar a espiritualidade pretendida. Joã XXIII sabia disso, João Paulo II também. Assim como o tempo redime aqueles que um dia foram considerados malditos, a Igreja é obrigada a redimir em parte a Teologia da Libertação, e reconhecer que a opção pela pobreza deve ser entendida como uma opção pelos pobres- e cada vez mais pelos perseguidos e discriminados de todo mundo, vítimas, inclusive da própria Igreja, de um moralismo desagregador e parente próximo do ódio. A Igreja fará, não tenham dúvidas, o que for necessário para que não seja ultrapassada. E, se não o fizer, correrá o risco de ver seus rastros apagados dos caminhos futuros da História.
Posted on: Sun, 28 Jul 2013 18:21:25 +0000

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