Não sei se sou eu, se o tempo (se a desculpa serve para o - TopicsExpress



          

Não sei se sou eu, se o tempo (se a desculpa serve para o ex-ministro Vitor Gaspar, também serve para mim), se a falta de vergonha… mas há pessoas com grandes responsabilidades, civis e políticas, na nossa sociedade que estão completamente desnorteadas. E, sem receio que me venham buscar por incentivar a um qualquer golpe de estado, digo que me parece que estas pessoas estão a precisar de umas estaladas bem aviadas para verem se encontram o “norte”! Com que então agora somos “carrascos” (palavras da Presidente da Assembleia da República perante os legítimos protestos da assistência nas galerias)! Apenas porque as pessoas estão descontentes, apavoradas, tristes e, mais grave, a ficar desesperadas. E isto porque meia dúzia de ineptos resolveu por em prática ideias experimentalistas sem apelo nem agravo arvorados em justiceiros e moralistas (não me parece que no tempo em que houve despesismo disparatado estivessem muito incomodados em receber subsídios e outros rendimentos obscenos). Disse a sr.ª Presidente da AR aos srs. Deputados que não podem ter medo. Ah mas é bom que tenham! Disse ainda que têm de ser respeitados. Mas sempre me ensinaram que o respeito ganha-se, merece-se e não é um dado adquirido pelo cargo que ocupa! Por isso, respeitem as pessoas! Alguém que se descontrola daquela maneira a “berrar” para as pessoas saírem (vá lá, pelos menos pedia o favor de o fazerem) no meio da maior confusão, apelidar de “carrascos” a essas pessoas como se se tratasse de um cambada de provincianos arruaceiros, lançar umas baforadas delirantes para os deputados de forma arrogante e ditatorial no sentido que se deve condicionar a entrada aos que os elegeram, passando pela triste figura que alguns deputados (os da maioria) tiveram ao aplaudir de forma encarneirada perante tamanha idiotice (como se fossem miúdos pequenos assustados cuja professora lhes promete protecção contra miúdos maiores) só pode estar a atravessar uma fase complicada na vida. Mas de certeza que não é por ver reduzido o(s) seu(s) vencimento(s). Ou por não saber o que vai ser o dia de amanhã. Ou por ter de apanhar transportes públicos para ir trabalhar. Ou por não saber como vai pagar os manuais escolares dos filhos, a água, a luz ou o gás. De certeza que também não é por causa do valor ridiculamente baixo que paga pelo almoço na Assembleia da República ou pela variedade do menu. Então o que será que perturbou ou perturba tão distinta senhora que se revelou alguém que, afinal, é… como é que se diz… grunha como muitos outros? Aquele seu esbardalhar, para mim, só pode ter um motivo: vê o seu lugar tremido! Vê a razão da sua “pseudo” importância nacional em risco de desaparecer se se partir para eleições. Para mim só pode! Não acredito na tese do cansaço. Não acredito na tese do stress do momento político que atravessamos. Não acredito na tese da menopausa. Não acredito na sua justificação “foi apenas uma expressão, não quis ofender ninguém”. Então acha que somos todos estúpidos, analfabetos e mal-formados? Só por citar Simone de Beauvoir não faz dela um ser suprassumo e detentora do conhecimento, razão e estatuto próximo de um qualquer deus que pode dizer tudo o que lhe vem à moleirinha e despachar com um “ah mas não quis ofender ninguém!”. Além que revela, mais do que ignorância, uma insensibilidade atroz. A citação de Simone de Beauvoir acerca dos “carrascos” refere-se aos nazis, esses outros seres atrozes e animalescos que dominaram, torturaram e exterminaram seres humanos. Estes os verdadeiros carrascos. Atribuir à população portuguesa o mesmo epíteto, só revela que a senhora quis mostrar que até lê umas coisitas mas que não percebeu patavina do que leu. E quero ser benevolente ao acreditar que não percebeu. Porque se percebeu, não é ignorante. É má, mesquinha, tem mau fundo e não respeita nada nem ninguém! Como disse um amigo meu, por igual disparate houve quem fosse despedido. Mas esta senhora pelos vistos sente-se segura do lugar que ocupa. Segura ou protegida (venha o diabo e escolha!) para dizer o que lhe aflora às meninges!. Estou a ficar cansado de ser tratado como um imbecil. Como um número. Como “gado”. Estou a ficar farto de não ver um sentido em tudo isto que alguns rapazes e raparigas, mais ou menos mal-intencionados, fazem ou não fazem. Estão ou não estão. Ficam ou não ficam. Estou a ficar triste por sentir que os esforços, sacrifícios e perdas que eu (e a minha família, os meus amigos, os meus conhecidos e todos os desconhecidos deste país) sofremos diariamente, sem que haja uma luz de esperança num futuro melhor. Mas num futuro em que ainda faça parte! Gosto muito, mesmo muito das minhas filhas e o meu (nosso) maior desejo é que o futuro delas seja bem melhor mas, que diabo!, gostaria de poder usufruir ainda no meu tempo de alguma felicidade, bem-estar, paz e sossego! Estou a ficar zangado, muito zangado, pelos disparates que alguns imbecis andam a fazer e a dizer em nome de “Portugal” e dos “Portugueses”. E "torce-me o estômago" quando os ouço dizer (em especial quem manda neles) dizer que não se vão embora porque isso seria “perder todos os sacrifícios que os portugueses fizeram até hoje”. Quando dá jeito lá vêm eles arvorar-se em defensores dos portugueses, coitadinhos, que não se sabem governar e tantos sacrifícios têm feito. Mas quando toca a desbaratar tudo e todos, o que importa é “cumprir as metas dos mercados”! E, cúmulo dos cúmulos da barbaridade, não se vão embora porque… “o futuro do País passa por eles, governantes!” e que sem eles “não há futuro”! Ora!!! Como disse há alguns anos um político “bardamerda” para a conversa! Estou furioso pelo facto de não conseguir fazer nada para modificar tudo isto. Furioso por sentir que estamos a ficar demasiado “encarneirados”. Furioso porque estamos a ficar sem forças para colocar estes homens e mulheres, que não fazem a mínima ideia do que andam a fazer ou que andam a fazer disparates e a gozar o “pagode”, no devido sítio: no desemprego, numa ilha isolada ou recambia-los para o Polo Norte (ou Sul, tanto faz!). Sinto-me usado. Pior: atraiçoado! Traíram-nos a todos com promessas, falácias e a ideia de que sabiam o que iam fazer. E afinal revelaram-se ser uns mentirosos! Delineei a minha (nossa) vida sob determinadas premissas. Assumi compromissos e riscos sabendo que os podia cumprir. Obtive uma qualidade de vida que em nada, NADA, tinha de luxuoso ou “estava acima das minhas possibilidades” (idiotas!). E, de um momento para o outro, vieram alguns mal iluminados dizer que “somos uns preguiçosos, que vivemos a crédito e que tínhamos de pagar pelo excesso de despesismo”. Que ganhamos demasiado e produzimos pouco. O que aconteceu? Perderam-se empregos, perderam-se casas, perderam-se vidas. Perdeu-se o sorriso, a luz e a esperança. Para quê? Para nada! Continuamos a ver os mesmos imbecis a ir cada um no seu carro de estado, rodeado de motoristas e seguranças, todos para o mesmo sítio (há algum problema com os autocarros? Alguns dos ministros cheiram mal? Enjoam?) sempre que se reúnem (formal ou informalmente) e os problemas a aumentar. Continuamos a ouvir que há excesso de rendas na EDP e nas PPP mas para estes não impera a “urgência nacional” e aumenta a luz e as portagens, o gás e os combustíveis. Aumenta dolorosamente o desemprego mas aumenta o número de garotos que são contratados para adjuntos de adjuntos de adjuntos e especialistas em qualquer coisa (quando se vai ver são miúdos de 20 e poucos anos acabados de sair da faculdade. Que raio de conhecimentos e experiência têm que os torna especializados e que torna tão urgente e imperativa a sua contratação!?? E com vencimentos que não baixam dos 3500 euros! Que moralidade é esta quando há milhares e milhares de jovens, com tanto ou mais valor, sem emprego e os que conseguem alguma coisa atiram-lhes com vencimentos irrisórios que nem para arrendar um quarto conseguem, só sobrevivendo porque os paris fazem mais um sacrifício e complementam o vencimento com algum dinheiro e comida!). Continuamos a ver excepções sobre excepções e mais excepções na distribuição dos ditos sacrifícios (uns recebem subsídio de verão outros de inverno; uns são abrangidos por cortes, outros não; uns perdem o emprego – mesmo quando são bons trabalhadores e cumpridores, outros [os tais adjuntos de adjuntos de adjuntos] saem para lugares de gestores de empresas públicas – mesmo que só tenham feito disparates). Continuamos a ver serem defendidos os grandes interesses e a serem perdidos os valores mais elementares da vida em sociedade. Continuam as fraudes, as fugas para offshore e ao fisco e quanto maiores são os interesses e os valores em causa, menores são as punições. Se se desviam milhões ao erário público, anda-se anos a investigar, a julgar, a meter recursos até surgir essa lei máxima que é a prescrição. Se se manda trabalhar o Presidente da República, no dia a seguir está julgado e condenado! Quem pouco tem, é forte e rapidamente penalizado! Continuamos a ouvir a mesma lengalenga dos direitos dos mercados, dos deveres dos devedores, do interesse do euro e da Europa e da “necessidade de pensarmos como europeus” (Céus, a ser verdade, pensar que ainda faltam 200 milhões de anos para que o território português se junte fisicamente aos EUA!!!). Sinto que cada vez mais menos me sinto! Menos me sinto português como pertencente a uma sociedade de bem. Menos me sinto nesta sociedade identificada e representada por uma cambada de energúmenos que andam a brincar à política e a fazer experiências com todos nós. Cada vez menos me sinto como profissional e participante no bem comum. E revolta-me este sentir menos. Resta o sentir-me como Pai e Homem. Deixe-me que vos diga uma coisa: no dia em que, nem que seja começar, a perder também estes dois últimos “sentires”, prometo-vos que, aí sim, virarei “carrasco”! E aí alguém vai ter de pagar a factura. Com IVA! Pontes de Monfalim, 13 de Julho de 2013
Posted on: Sat, 13 Jul 2013 04:49:32 +0000

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